Doença de Crohn: o que é a doença do jornalista Evaristo Costa

Saiba tudo sobre a doença que fez Evaristo Costa perder 22kg em três semanas; desde como é feito diagnóstico até tratamentos da Doença de Crohn

A Doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica que afeta o trato gastrointestinal, podendo comprometer qualquer parte do sistema digestivo. O jornalista Evaristo Costa é uma das pessoas afetadas pela condição.

Segundo relato do apresentador ao PodCringe, a enfermidade já o fez perder 22 quilos em menos de três semanas.

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“Todos os dias eu me sinto definhando. Perco meio quilo por dia. Posso comer qualquer coisa, mas não para dentro de mim. A alimentação não para dentro de mim. Então não me dá os nutrientes que preciso”, disse Evaristo, após explicar que parou com o uso de corticoides, que causam inchaço, e entrar no processo de emagrecimento não saudável.

Sobre a doença, o médico gastroenterologista, Pedro Alencar, afirma que o diagnóstico da Doença de Crohn é complexo e requer profissional experiente. Além de uma junção de informações, “como se fosse um quebra-cabeça a ser montado”.

Ainda sobre o diagnóstico, Pedro explica que são analisados a história clínica e epidemiológica do paciente. Além de exames de sangue, fezes, colonoscopia, endoscopia, tomografias, ressonâncias e até mesmo ultrassonografia intestinal.

Ou seja, não há um exame específico ou um achado exclusivo que confirme a Doença de Crohn. A combinação dessas diversas características permite montar o quadro e delinear o fenótipo, que é a forma como a doença se manifesta.

Doença de Crohn: quais são as causas da condição de Evaristo Costa?

Atualmente, não existe uma causa única definida para a Doença de Crohn. Contudo, o gastroenterologista espera que, com o avanço da biologia molecular, a compreensão de diversos marcadores genéticos e metabólicos poderá fornecer informações mais detalhadas no futuro.

“Nos próximos anos, muitos marcadores poderão surgir como potencialmente associados à doença. O que se sabe até agora é que o sistema imunológico desregulado desempenha um papel importante, assim como fatores genéticos e, especialmente, o envolvimento do expossoma e do microbioma”, explica.

Ele também fala sobre a exposição crescente a poluentes, alimentos ultraprocessados, estresse físico e emocional, má qualidade do sono e uso excessivo de medicamentos. Fatores esses podem impactar diretamente a composição da microbiota, contribuindo significativamente para a desregulação imunológica.

“Nas últimas décadas, a incidência de doenças imunomediadas aumentou drasticamente. Um exemplo alarmante é o caso da China, onde a população adulta obesa triplicou entre 2002 e 2020, refletindo o caos metabólico que o mundo todo enfrenta atualmente”, exemplificou o profissional.

Doença de Crohn: quais são os sintomas e o que pode agravá-los?

Para detalhar os sintomas da doença de Crohn, o médico Pedro Alencar elencou quais enfermidades podem ser motivos de alarme para procurar um gastroenterologista.

  • Diarreia crônica (mais de 4 semanas): episódios frequentes e persistentes de diarreia, muitas vezes com urgência ou dificuldade para controlar as evacuações.
  • Presença de sangue nas fezes: fezes com sangue visível, o que pode indicar inflamação ou ulcerações no trato intestinal.
  • Dor abdominal persistente: dor que persiste ou é recorrente, muitas vezes associada a cólicas, especialmente após as refeições.
  • Perda de peso inexplicada: emagrecimento sem razão aparente, mesmo mantendo uma dieta normal.
  • Febre sem causa aparente: febre recorrente sem sinais de infecção, frequentemente associada à inflamação intestinal.
  • Cansaço extremo (fadiga): sensação de fadiga que não melhora com descanso e que interfere nas atividades diárias.
  • Alterações na aparência das fezes: fezes amolecidas, pastosas ou aquosas, além de mudanças na cor e no cheiro.
  • Sensação de evacuação incompleta: mesmo após ir ao banheiro, sensação de que o intestino não foi esvaziado por completo.
  • Fístulas ou abscessos perianais: formação de lesões ou infecções ao redor da região anal, comum em pacientes com Doença de Crohn.

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O que pode agravar os quadros da doença?

Segundo o médico, o principal fator é o diagnóstico tardio e tratamento inadequado. A maioria dos pacientes em estado grave tiveram um diagnóstico atrasado, negligenciaram ou foram negligenciados no início do tratamento.

“Por tratar-se de doença complexa, como já citado, o tratamento é bem específico e deve ser baseado na gravidade e fenótipo da doença. Quanto mais precoce, melhor o desfecho e mais tempo o paciente ficará em remissão”.

Outra razão para o agravamento dos quadros de Crohn é o uso de anti-inflamatórios (são praticamente contra-indicados para esses doentes). “Em raros casos usamos alguns mais seletivos”.

Dieta rica em ultraprocessados, infecções, estresse físico e emocional, privação de sono e doenças metabólicas (em especial a obesidade) também são fatores que implicam em maior agravamento da doença.

Doença de Crohn: veja quais são os tratamentos recomendados

O tratamento da Doença de Crohn tem como principal objetivo a cicatrização completa da área afetada e a restauração da qualidade de vida do paciente.

Aproximadamente, 30% dos pacientes alcançam remissão completa, 30-40% atingem remissão parcial, enquanto cerca de 30% apresentam falha na resposta ao tratamento, informa Pedro.

Isso demonstra que o "teto terapêutico" atual ainda é baixo, e as novas terapias visam melhorar a cicatrização e aumentar esse teto.

Portanto, o manejo da doença deve ser necessariamente interdisciplinar, com diversos profissionais atuando em conjunto para controlar a atividade da doença.

Os principais medicamentos utilizados são os imunobiológicos e as pequenas moléculas, que foram recentemente adicionadas ao arsenal terapêutico. Essas drogas bloqueiam e modulam vias específicas do sistema imunológico, reduzindo significativamente a inflamação e o dano aos órgãos.

No entanto, um grande desafio é garantir o acesso amplo a essas terapias avançadas, já que nem todos os pacientes conseguem obtê-las, devido à barreiras impostas pelos planos de saúde.

“A cirurgia hoje em dia é vista com bons olhos e, diferente do passado, chegamos a indicá-las até precocemente ao diagnóstico. A realização desta depende do local acometido e da situação em que se encontra o paciente”, completou o profissional.

Além disso, os corticoides continuam sendo aliados no tratamento, mas seu uso deve ser restrito a terapias de resgate, para controlar surtos de atividade da doença.

Um dos principais objetivos do tratamento é alcançar a remissão sem a necessidade de corticoides, devido aos diversos efeitos colaterais indesejáveis que essas drogas podem causar.

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