DIU pode causar lesões durante relação sexual? Ginecologista explica
DIU de influenciadora se deslocou e feriu pênis do parceiro. Médico ginecologista explica os verdadeiros riscos do método e alerta para cuidados básicos
11:25 | Out. 02, 2024
A influenciadora australiana Hayley Davies, de 25 anos, compartilhou um momento de tensão que passou junto ao parceiro na hora do sexo. Segundo ela, o DIU (dispositivo intrauterino) acabou se deslocando durante a relação sexual e lesionou seu colo do útero, além de arrancar um pedaço do pênis do seu parceiro.
O ginecologista Leonardo Bezerra, professor da Universidade Federal do Ceará, explica quais os verdadeiros riscos do DIU e outros detalhes sobre o método.
Influenciadora disse ter sentido dor durante a relação
De acordo com Hayley, ela percebeu que havia algo errado ao sentir dor durante a relação sexual. Porém, só notou a lesão na hora do banho, quando viu que um pedaço de pele do pênis do parceiro havia sido ferido.
Após o incidente, segundo ela afirmou em entrevista, teve que procurar atendimento médico para retirar o método contraceptivo.
O DIU pode realmente causar lesões?
Leonardo Bezerra, professor da Universidade Federal do Ceará e ginecologista, explica que a informação é equivocada. O dispositivo intrauterino (DIU) não causa lesões durante o ato sexual.
"O DIU pode se deslocar, principalmente, em mulheres cujo útero é muito grande ou com múltiplos miomas ou deformidades — e, claro, naqueles casos em que ele foi mal inserido. Mas isso não acontece na relação sexual, é um mito", destaca Bezerra. "O incômodo que o companheiro pode sentir é devido ao fio, mas é só uma sensação", completa.
DIU: como funciona o método contraceptivo e quais os tipos
Implantado no útero por um médico, o dispositivo intrauterino é um dos métodos contraceptivos mais confiáveis, com taxa de eficácia superior a 99%. Existem quatro tipos de DIU: um de cobre, um de prata e dois hormonais.
Saiba mais sobre cada um deles abaixo.
DIU de cobre
Com validade de até 10 anos, esse tipo é indicado, principalmente, para mulheres que tem contraindicações para o uso de hormônios, como histórico de trombose, AVC ou que tem ou tiveram câncer de mama.
O método é ofertado no Sistema Básico de Saúde (SUS).
DIU de prata
Semelhante ao DIU de cobre, a principal diferença desse tipo é o revestimento de prata, que reduz a liberação de cobre no organismo feminino.
DIU hormonal
Bezerra explica que o dispositivo intrauterino hormonal age "causando uma atrofia no útero, o que diminui o fluxo menstrual e a dor pélvica". Por isso, pode ser usado como tratamento para sangramentos e dores de cólica em excesso.
Existem dois tipos de DIU hormonal, o Mirena e o Kyleena. A principal diferença entre eles é a taxa hormonal, sendo maior no primeiro.
Ambos podem ser retirados a qualquer momento e têm uma durabilidade de três anos a cinco anos.
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Quais os riscos do DIU?
O médico aponta que os maiores riscos do método estão relacionados ao momento de inserção do dispositivo, além de alguns efeitos colaterais. Caso não seja inserido por um profissional habilitado ou se feito em condições fora do padrão — em mulheres com deformidades anatômicas, por exemplo — o procedimento de inserção pode causar perfuração da cavidade uterina e outras complicações.
"Fora esses riscos associados à inserção inicial, basicamente não existem outros riscos maiores. Tanto o DIU de cobre como o hormonal não tem efeitos sistêmicos, ou seja, não funcionam como aquele hormônio que é ingerido," explica Bezerra.
Existem alguns efeitos colaterais relacionados, principalmente, ao sangramento menstrual. Enquanto o DIU de cobre aumenta o fluxo e as dores, o DIU hormonal reduz o sangramento e pode causar, eventualmente, escapes, além de alterações no ciclo menstrual.
DIU: cuidados básicos
Segundo o ginecologista, para que o dispositivo funcione de maneira efetiva é preciso inseri-lo de adequadamente, checar o posicionamento por meio de ultrassom após o procedimento e evitar a inserção em úteros com más-formações, miomas e "qualquer coisa que distorça a cavidade uterina".
Também é importante acompanhar periodicamente a localização e o funcionamento do DIU com um ginecologista para assegurar a eficácia do método.