Dermatite atópica: o que é, sintomas, causas, tratamentos e mais

A DA é uma das doenças mais frequentes na infância. Segundo a Biolab, 85% dos pacientes apresentam sintomas antes dos 5 anos de idade; saiba tudo

A dermatite atópica (DA), também conhecida como eczema atópico, é uma doença inflamatória crônica da pele, cuja marca registrada é o prurido (coceira) intenso. Com frequência, os pacientes podem apresentar histórico pessoal ou familiar de doenças atópicas, como asma, rinite ou a própria DA.

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A doença é caracterizada por surtos recorrentes de inflamação com sintomas como coceira intensa, vermelhidão, ressecamento e descamação da pele.

De acordo com a dermatologista e coordenadora do Ambulatório de Cosmiatria e Acne da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Genucia Cunha Matos, a dermatite atópica é uma doença que apresenta a sua primeira manifestação a partir do terceiro mês de vida e geralmente desaparece por volta dos 12 anos de idade, quando se inicia a adolescência.

A doença pode voltar na idade adulta ou se estender até o início da idade adulta e depois desaparecer. Segundo a Maria Genucia, que também é professora de Medicina da UFC, essa é uma doença genética, ou seja, precisa ter antecedentes de familiares atópicos.

Ela exemplifica: “Então é aquele indivíduo que tem uma mãe ou um pai com rinite ou ticare, tem um avô com alergia picada de inseto, um primo com alergia a algum alimento etc”.

Dermatite atópica: quais são os principais sintomas da doença?

Conforme Maria Genucia, as crianças podem ter dermatite atópica da mesma maneira que os adultos, mas existem diferenças bem evidentes entre essas três fases. Ela explica:

“À medida que o bebê vai crescendo e vai se tornando uma criança maior, essas lesões continuam vermelhas, o prurido já é um pouco maior e essa criança começa a formar escoriações que podem formar crostas e deixar lesões cicatriciais”.

Confira os sintomas em cada fase:

Bebês (3 meses a 2 anos)

Nessa idade pode-se apresentar manchas vermelhas, descamação e coceira intensa, geralmente na área do rosto, couro cabeludo e partes extensoras dos membros (joelhos e cotovelos). Em alguns casos, as lesões podem ser extensas e conter vesículas (pequenas bolhas).

“Na dermatite atópica do lactente, você vai ter um predomínio de lesões vermelhas, que a gente chama de eritema, com lesões mais exultantes, mais molhadas e com um prurido mais discreto”, afirma Genucia.

A médica explica também que o bebê começa a se coçar a partir dos quatro meses, “que é quando ele começa a descobrir a mão, então até lá ele não coça, mas ele incomoda, o sono dele se torna um incômodo, não deixa as pessoas dormir, ele fica agitado e não come direito”.

Crianças (2 a 12 anos)

Nas crianças, as lesões se tornam mais espessas devido ao coçar repetitivo, um fenômeno chamado de liquenificação. Ademais, tendem a aparecer nas dobras da pele: cotovelos, joelhos e pescoço.

Adolescente e adulto (a partir dos 12 anos)

No indivíduo adulto, o prurido é muito mais intenso e as lesões aparecem principalmente na face, poupando essa região do maciço médio e maciço central da face elas; podendo acometer todo o tegumento cutâneo.

Então, conforme Genucia, a lesão é menos vermelha e tende a ser mais localizada, em um local ou outro, mas bem mais localizadas. Apesar de que existam casos de adultos com lesões bem disseminadas por todo o tegumento.

A coceira que o adulto tem leva a um quadro que nós chamamos de liquenificação, que é quando a pele está mais grossa, mais escura e você percebe melhor os sucos naturais.

“Nossa pele é cheia de tracinhos de sucos, de reentrâncias, então com a liquenificação pelo prurido, esses sucos, essas reentrâncias, elas ficam muito mais evidentes”, explica.

Dermatite atópica: confira as principais causas da doença

Além da predisposição genética já citada, outros principais desencadeantes incluem o ar seco, banhos quentes e frequentes, uso de sabões abrasivos, estresse emocional e contato com alérgenos.

A dermatite atópica é uma condição multifatorial, onde fatores genéticos e ambientais desempenham um papel crucial. Estudos sugerem que o defeito em uma proteína da pele, que compromete sua função como barreira, é um dos principais fatores.

Esse defeito facilita a penetração de substâncias irritantes e micróbios, desencadeando a inflamação e os sintomas característicos da doença. Além disso, fatores como o ressecamento da pele, alterações no pH, traumas e infecções podem agravar a condição.

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E o que acontece na fisiopatologia da dermatite atópica?

A pele é o maior órgão do corpo e é responsável pelo isolamento do meio externo com o do meio interno. Ou seja, a sua maior função é a de barreira, que impede as agressões do meio externo que levam ao desequilíbrio interno.

Portanto, segundo Genucia, quando a pele está danificada ela deixa de funcionar como uma barreira protetora. Quando isso ocorre no indivíduo atópico, a pele fica mais seca e mais suscetível às infecções por bactérias, vírus e fungos.

Dermatite atópica: confira dicas e os principais tratamentos recomendados

O tratamento ideal baseia-se no controle da doença a longo prazo, com redução das crises e manutenção da boa qualidade de vida, tendo em vista que o medicamento ideal será escolhido de acordo com a gravidade do quadro, com orientação dos especialistas.

A terapia de base é fundamental. Independentemente do grau de acometimento da doença, portanto, é imprescindível seguir as seguintes recomendações:

  • Hidratar a pele todos os dias com o hidratante adequado;
  • Usar roupas de algodão ou de tecido macio, evitando fibras ásperas que provocam
    coceira;
  • Tomar banhos e duchas com água morna, utilizando um sabonete suave adequado;
  • Conhecer os fatores que provocam seus sintomas para evitá-los (alimentos, tapetes, bichos de pelúcia etc.);
  • Manter as unhas curtas (e as das crianças na casa), para evitar ferir a pele ao se coçar;
  • Se possível, reduzir o estresse de sua vida, pois cuidar do emocional é fundamental;
  • Evitar substâncias irritantes, como detergentes, cosméticos, álcool e perfumes. Busque produtos com menor risco ou que contenham poucas substâncias que possam provocar alergia (hipoalergênicos).
  • Tomar banhos com duração de até 5 minutos, com a utilização de agentes suaves, com propriedades hidratantes;
  • Aplicar 2 vezes ao dia, na pele levemente molhada, agente hidratante adequado, componente principal da terapia de base;
  • Quanto ao vestuário, evitar o contato da pele com fibras irritantes, como a lã, e não utilizar roupas apertadas e muito quentes, para impedir a transpiração excessiva;
  • Evitar a exposição ao tabaco;
  • Manter o quarto ventilado e evitar a utilização de muitas cobertas;
  • Aumentar o uso de emolientes (hidratantes) com o tempo frio;
  • Evitar exposição a feridas de herpes e procurar o médico rapidamente caso as lesões piorem e apresentem um aspecto incomum;
  • Quanto à prática de exercícios físicos, se a transpiração desencadear agudização, fazer adaptação progressiva ao exercício;
  • Tomar banho e hidratar a pele logo após o uso de piscina;
  • Na alimentação, adotar dieta normal, exceto se a investigação adequada demonstrar a necessidade de excluir algum alimento em especial.

Quanto aos ácaros presentes na poeira doméstica:

  • Manter os cômodos sempre bem ventilados, mesmo no inverno;
  • Evitar o uso de tapetes e carpetes;
  • Remover a poeira com esponja ou pano levemente umedecidos;
  • Passar o aspirador de pó em pisos e estofados 1 vez por semana;
  • Evitar brinquedos e acessórios macios no berço ou na cama, com exceção dos laváveis;
  • Lavar os lençóis, se possível em água quente, a cada 10 dias.

A dermatologista Genucia explica que o uso constante de hidratantes recupera a função de barreira da pele danificada na DA e, consequentemente, protege a pele da penetração de alérgenos, da inflamação, melhora o ressecamento e a coceira, diminuindo a necessidade do uso de corticoides.

Segundo a farmacêutica Biolab, a DA é uma das doenças mais frequentes da infância, acometendo cerca de 20% dos lactentes. Cerca de 85% dos pacientes manifestam a enfermidade pela primeira vez antes dos 5 anos de idade.

Além disso, cerca de 1/3 dos pacientes adultos com DA desenvolvem alergias de contato a ingredientes usados na formulação dos produtos emolientes, entre os quais os conservantes e as fragrâncias são os mais comuns.

Por isso, a escolha correta desses produtos é fundamental. A hidratação adequada deve ser feita em todas as fases da DA. Hidratantes à base de ureia e outros emolientes como tratamento preventivo em crianças com predisposição à dermatite atópica.

Seguir a terapia de base, que consiste na hidratação correta da pele e em evitar possíveis gatilhos, é fundamental, assim como fazer o tratamento medicamentoso adequado para a gravidade do quadro.

Os pacientes com DA de moderada a grave também podem se beneficiar da Terapia Proativa, que aumenta o intervalo de tempo entre as crises e reduzir a necessidade do uso de corticoides. Sobre isso, é importante contatar um médico para dialogar a possibilidade.

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