Melatonina: para que serve? Como tomar? É bom para dormir? Veja

O suplemento da melatonina pode ajudar tanto no sono quanto nas funções de memória. Mas pode causar vários efeitos negativos se mal administrado; entenda

A melatonina é um dos hormônios produzidos pelas glândulas do sistema nervoso e do sistema endócrino que regulam as necessidades do corpo humano.

Sendo sua principal função equilibrar o ritmo biológico, muitas pessoas buscam a suplementação para dormir bem e outros motivos. Contudo, a automedicação pode ser perigosa.

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Danilo Avelar, especialista em Farmacologia e professor de Biomedicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica que essa substância usada para estimular o sono requer responsabilidade e prescrição médica para o uso.

“O uso suplementar de melatonina pjet-lagmir só deve ser indicado por um médico e como auxílio para estímulo do sono – não como tratamento para insônia, por exemplo. Ela pode ser indicada em casos de jet-lag, para idosos com baixa produção do hormônio, ou em crianças com TDAH ou TEA”.

Além disso, ele afirma que o hormônio pode ser recomendado em circunstâncias diversas que podem “atrapalhar” o processo do sono: estresse moderado, barulho, uso de medicamentos, estímulos luminosos no ambiente e até a idade, pois com o envelhecimento, a produção desse hormônio tende a cair.

Melatonina: para que serve? É bom para dormir?

De acordo com o professor, a melatonina é produzida pela glândula pineal, localizada no diencéfalo, perto do sistema límbico, responsável por funções como memória e emoções.

Segundo ele, a principal função da melatonina é regular o ciclo circadiano, que coordena hábitos como sono, fome e percepção do dia e da noite.

“As funções da melatonina incluem regular a fome e o sono em horários fixos, a percepção do dia e da noite, induzindo o sono à noite com ajuda dos fotorreceptores, que captam a luminosidade”, explica Avelar.

Ele acrescenta que a melatonina é liberada quando o corpo detecta a ausência de luz, normalmente no início da noite. Os fotorreceptores na retina enviam sinais à glândula pineal, que libera o hormônio, preparando o corpo para dormir.

Pela manhã, com a luz, a produção é interrompida. O pico de produção de melatonina ocorre entre 2h e 3h da madrugada, variando de acordo com a individualidade biológica.

Melatonina: onde encontrar?

De acordo com o farmacologista, a melatonina natural pode ser encontrada em alimentos ricos em triptofano, como carnes e laticínios, e em alimentos que contêm melatonina, como vinho e frutas, porém não há evidências científicas sólidas de que consumir esses alimentos aumente os níveis sanguíneos de melatonina ou ajude no tratamento da insônia.

Já a melatonina sintética, produzida em laboratório, pode ter concentrações manipuladas e é absorvida mais rapidamente pelo corpo em comparação com a melatonina natural.

Além de auxiliar no sono, Danilo destaca que a melatonina possui funções antioxidantes que ajudam a proteger o sistema nervoso e a prevenir a neurodegeneração.

“O uso da substância pode fortalecer o sistema imunológico e pode ajudar a combater doenças como Alzheimer, influenciando positivamente o humor e reduzindo o risco de estresse, depressão e ansiedade.”

Melanina: como tomar e quem não pode tomar?

Sobre a dosagem adequada, o professor menciona a regulamentação da Anvisa, que a melatonina pode ser usada como suplemento alimentar em adultos com dose máxima de 0,21 mg por dia. Já em crianças, o uso deve ser supervisionado por um médico, com dosagens individualizadas.

O tempo de uso, geralmente limitado a três meses, também deve ser determinado por um médico após avaliação clínica e, se necessário, laboratorial. O suplemento não é recomendado para lactantes e gestantes.

Melatonina: quais são os efeitos colaterais? 

O farmacologista do CEUB alerta que, como todo medicamento, o uso excessivo de melatonina pode trazer efeitos adversos, especialmente em doses altas. Entre os possíveis efeitos, estão dor de cabeça, náuseas, sonolência diurna, tonturas, cólicas abdominais e tremores.

“Em alguns casos, também pode causar ansiedade leve, piorar quadros de depressão, aumentar a pressão arterial, além de provocar sonhos excessivos, sudorese noturna e prurido.”

Segundo Danilo Avelar, a melatonina pode afetar a eficácia de alguns grupos de medicamentos; confira quais:

  • Anticoagulantes e Antiagregantes Plaquetários: o uso conjunto de melatonina com anticoagulantes e antiagregantes pode aumentar o risco de sangramento;
  • Anticonvulsivantes: a melatonina pode inibir os efeitos dos anticonvulsivantes e aumentar a frequência de convulsões, particularmente em crianças com deficiências neurológicas;
  • Anti-hipertensivos: a melatonina pode piorar a pressão arterial em pessoas que tomam medicamentos para hipertensão;
  • Depressores do Sistema Nervoso Central (SNC): a combinação de melatonina com medicamentos que agem no SNC pode causar um efeito sedativo aditivo;
  • Hipoglicemiantes (medicamentos para tratar o diabetes): a melatonina pode afetar os níveis de glicose no sangue, portanto, pacientes diabéticos devem consultar um médico antes de usar melatonina;
  • Contraceptivos Orais: o uso de contraceptivos orais com melatonina pode causar um efeito sedativo aditivo e aumentar os possíveis efeitos colaterais da melatonina;
  • Substratos do Citocromo P450 1A2 (CYP1A2) e Citocromo P450 2C19 (CPY2C19): pacientes que tomam medicamentos afetados por estas enzimas, como o diazepam, por exemplo, devem usar melatonina com cautela;
  • Fluvoxamina (Luvox): usado para tratar transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), pode aumentar os níveis de melatonina, causando sonolência excessiva;
  • Medicamentos que diminuem o limiar de convulsão: tomar melatonina com esses medicamentos pode aumentar o risco de convulsões.

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