Mulher com 'pior dor do mundo' poderá controlar sintomas via bluetooth

Após uma série de tratamentos sem sucesso, mulher com 'pior dor do mundo' encontra procedimento que controla sintoma por aplicativo via bluetooth

21:33 | Jul. 30, 2024

Por: Danielle Christine
Carolina já está internada para realizar o novo tratamento (foto: Reprodução/instagram/@caarrudar)

Carolina Arruda Leite, 27 anos, sofre de neuralgia do trigêmeo bilateral desde os 16 anos. Após dez anos lidando com a 'pior dor do mundo', a jovem encontrou um procedimento que controla os sintomas crônicos por aplicativo via bluetooth.

Ela viralizou nas redes sociais após compartilhar seu desejo de buscar a eutanásia na Suíça. Carolina é estudante de medicina veterinária, casada e mãe de uma menina de 10 anos.

Durante esse período de dez anos lidando com a doença, Carolina buscou por várias maneiras de tratamentos, inclusive cirúrgicos, mas não houve sucesso. Ela também organizou uma vaquinha para custear a eutanásia fora do país.

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Quando o médico especialista em dor Carlos Marcelo de Barros, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) soube do caso, decidiu procurá-la para auxiliar com novas opções de tratamento, como o uso de neuroestimuladores na medula espinhal que podem ser controlados por meio de um aplicativo via bluetooth.

O resultado positivo dos tratamentos pode fazer com que a estudante repense sobre a morte assistida. “Se esse procedimento minimizar a minha dor em um grau suportável, eu posso reconsiderar fazer a eutanásia, mas não é nada certo”, disse Carolina em suas redes sociais.

Mulher com 'pior dor do mundo': como funciona o tratamento de controle de dor via bluetooth?

Segundo Carolina, em suas redes sociais, os estimuladores são controlados via bluetooth por meio de um aplicativo instalado em um iPod. Ela explicou que a função desses dispositivos é estimular o nervo e impedir a transmissão da dor ao cérebro.

Carlos Marcelo, o especialista responsável pelo caso de Carolina, afirmou que a jovem poderá emitir impulsos elétricos para estimular o nervo e "reprogramar" sua atividade anormal. Os eletrodos são conectados por fios implantados no rosto e ligados a um gerador, que fica dentro da paciente.

A neuroestimulação que chega ao eletrodo é determinada pelo gerador, controlado por Carolina. Ela mesma realiza a estimulação, que funciona 24 horas por dia. No entanto, a equipe médica está ajustando o gerador neste momento.

A expectativa é que a cirurgia traga resultados em três semanas. Porém, segundo Carolina, as dores não cessaram desde a cirurgia e, de fato, se somaram à dor do pós-operatório, agravando sua condição.

Mulher com 'pior dor do mundo': entenda sobre a neuralgia do trigêmeo

A neuralgia do trigêmeo, também conhecida como tic douloureux, é uma condição crônica que afeta o nervo trigêmeo, um dos nervos mais longos da cabeça. Esse nervo é responsável por transmitir sensações do rosto para o cérebro.

Além disso, essa doença é caracterizada por episódios de dor intensa e aguda no rosto, geralmente em apenas um lado. Essa dor pode ser desencadeada por atividades cotidianas como mastigar, falar, escovar os dentes ou até mesmo por uma leve brisa no rosto.

As causas exatas dessa condição ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que possa ser causada por compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo ou por outras condições como esclerose múltipla ou um tumor.

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