Já ouviu falar em rizartrose? Conheça riscos de passar muito tempo no celular

Dores nas mãos acontecem por causa do uso errado do aparelho – tanto pela forma de segurá-lo, quanto pelo número de horas gastas digitando. Entenda o que fazer

É difícil imaginar a vida sem smartphones — e o uso excessivo deles vem afetando a saúde física das pessoas. As queixas de dor nos polegares ou nos punhos dispararam nos últimos anos nos consultórios de ortopedia e, segundo especialistas, são alavancadas pelo uso excessivo e incorreto do celular.

A cena é típica: a pessoa segura o smartphone e usa um ou os dois polegares para digitar, numa velocidade que eles não estão preparados para acompanhar, e fazendo movimentos curtíssimos de um lado para o outro.

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O resultado são dores inofensivas num primeiro momento, mas que podem evoluir para sobrecarga muscular, tendinite e até mesmo uma rizartrose – um tipo de artrose que afeta a articulação da base do polegar, podendo causar dor, desgaste, rigidez e limitações de movimento.

"O polegar não nasceu para fazer muitos movimentos por segundo "

Antônio Carlos da Costa, ortopedista

“E os jovens fazem milhares de movimentos durante horas para digitar no celular usando os dois polegares. Quando usam um polegar só é pior ainda, porque sobrecarregam uma das mãos”, alerta o cirurgião Antônio Carlos da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

As dores nos polegares e nos punhos acontecem justamente devido ao uso errado do aparelho. De acordo com os especialistas ouvidos pela Agência Einstein isso acontece tanto pela forma de segurá-lo quanto pelo número de horas digitando.

Outro fator que interfere é o tamanho dos smartphones – com os avanços tecnológicos e a maior qualidade de conexão com a internet, as telas ficaram maiores. Isso pode até ser mais confortável para ver vídeos, por exemplo, mas quando se trata do impacto nas mãos o resultado é o contrário: o aparelho ficou maior, mais pesado e muito mais difícil de segurar com uma mão só.

"Quase ninguém digita usando o dedo indicador ou com o aparelho apoiado em uma mesa. A gente nota um aumento considerável de queixas de dores nas mãos, mas com padrões diferentes, muitas vezes ligadas à idade do paciente", observa o ortopedista e cirurgião da mão Henrique Bufáiçal, do Serviço de Ortopedia do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

Segundo Bufáiçal, são observados picos na população mais jovem, que usa o aparelho o dia todo para jogos, entretenimento, troca de mensagens. Há também grande volume de cass em adultos que dependem do aparelho para trabalhar, como vendedores, e na população mais idosa, "que aprendeu a usar o celular e entrou na onda das redes sociais". 

"Temos notado um aumento de casos de rizartose [causada pelo desgaste da articulação da mão] em populações cada vez mais jovens "

Henrique Bufáiçal, ortopedista

Rizartrose: a importância do dedão

O polegar é o principal dedo das mãos – sem ele, esses membros perdem praticamente 50% da sua função. Dependendo da atividade laboral da pessoa, se ela perder o polegar, perde também 100% da função da mão.

Porém, a articulação da base do dedão é mais instável em relação aos demais dedos da mão e tem uma tendência maior de se desgastar e desencaixar com facilidade. Justamente por isso, essa articulação não está preparada para fazer tantos movimentos curtinhos por segundo, como acontece na digitação rápida.

“Se o paciente joga muita carga sobre essa articulação, sobrecarrega a função e isso vai causar dores mais adiante. As pessoas falam o dia inteiro usando o aplicativo de mensagens no celular e já há estudos falando de 'whatsappite' [como uma tendinite causada pelo uso de WhatsApp]”, destaca o ortopedista Costa.

Rizartrose: como evitar dores nos polegares pelo uso de smartphone?

Segundo os médicos entrevistados, os sinais de desgaste começam com um leve desconforto e, com o passar dos dias, um cansaço nas mãos. Depois, surgem as dores no dedão, que podem irradiar para o braço por causa da sobrecarga no tendão e na musculatura. Também há casos de pessoas que sentem dormência ou queimação nos dedos.

E qual a solução para o problema? “A gente sempre explica para o paciente que não tem outra solução a não ser se adaptar ao uso correto do celular para que a mão trabalhe numa posição menos ruim”, orienta Bufáiçal.

Antônio Carlos da Costa vai além e recomenda voltar aos velhos tempos: usar o aparelho para telefonar. “É muito mais gostoso, muito mais íntimo”, opina.

Mas, como nem sempre isso é possível, o especialista indica reduzir o número de horas usando o aparelho e, sempre que possível, enviar mensagens de voz ou usar o recurso de áudio transcrição (falar e o próprio telefone digitar a mensagem).

“Só quando isso não for possível, use os dedos, variando entre os polegares e o uso do indicador. Mas a melhor posição, sem dúvida, é apoiar o celular em uma mesa e usar o indicador para digitar as palavras”, ensina Costa. (Com Fernanda Bassette, da Agência Einstein)

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