Abstinência de café: por que ocorre e quais são as consequências
O pretinho amado por muitos tem alguns benefícios para a saúde, mas assim como qualquer excesso por causa dos vícios, a abstinência de cafeína tem suas consequênciasToda hora é uma boa hora para tomar um café. Doce, amarga, com leite, pura ou gourmetizada, a bebida à base de um grão moído e torrado está presente no dia a dia dos brasileiros, e há quem diga que o dia só começa depois de uma xícara generosa de café.
Mas ao passo que o pretinho amado por muitos tem seus benefícios para a saúde, o seu consumo em excesso pode fazer mal ao ser humano, principalmente quando ele entra em abstinência da cafeína.
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“O desenvolvimento do vício em café é impulsionado, principalmente, pelo seu teor de cafeína – que atua como um estimulante do sistema nervoso central – e seu consumo habitual pode levar à dependência”, é o que explica o cardiologista do Complexo de Saúde Emílio Ribas, José Carlos Pompeu.
Ele comenta ainda que fatores genéticos também desempenham papel significativo no consumo de cafeína e no potencial de dependência.“Estudos de associação em todo o genoma identificaram associações entre certos polimorfismos genéticos e o comportamento de beber café”, conta.
O clínico geral Geyson Florêncio aponta que a cafeína funciona como um bloqueio dos receptores de adenosina, substância que promove relaxamento e sonolência, no cérebro. “Quando os receptores de adenosina são bloqueados pela cafeína, ocorre um aumento na liberação de neurotransmissores como a dopamina e a norepinefrina, que são associados à sensação de alerta e bem-estar”, ensina.
“Com o tempo, o cérebro pode se adaptar a esse aumento artificial de neurotransmissores, tornando-se menos sensível a eles. Isso pode levar à necessidade de consumir mais cafeína para alcançar os mesmos efeitos”, aponta o clínico.
Florêncio complementa que a cafeína promove alerta e concentração por ser um estimulante. Além disso, pode aumentar o metabolismo e melhorar o desempenho físico. “No entanto, pode elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de ter efeitos diuréticos. O consumo excessivo pode levar à ansiedade, insônia e dependência. É importante moderar o consumo para evitar efeitos colaterais indesejados”, complementa.
E se você já se perguntou se é possível tornar-se dependente de cafeína, a resposta é SIM! Conforme o clínico geral, por mais que seja um tema controverso, existem estudos que demonstram a dependência física produzida pela substância.
“Dentre estes, podemos citar o estudo "Caffeine as a model drug of dependence”, onde demonstram claramente que alguns indivíduos preenchem os critérios diagnósticos para uma síndrome de dependência de substância à cafeína, incluindo sentirem-se compelidos a continuar a consumir cafeína apesar dos desejos e recomendações em contrário”, explica.
A abstinência e uma constelação de sintomas e consequências
A abstinência de café é um conjunto de sintomas físicos e psíquicos que algumas pessoas experimentam quando cessam o consumo de cafeína subitamente. O cardiologista do Complexo de Saúde Emílio Ribas, José Carlos Pompeu, afirma que isso ocorre porque a cafeína atua como estimulante do sistema nervoso central e aumenta os níveis de dopamina e adrenalina.
“Quando alguém para de consumir cafeína, o corpo pode levar um tempo para se ajustar, resultando em sintomas como dores de cabeça e irritabilidade”, comenta.
Assim como existe o processo de se tornar dependente da substância, também há o processo de abstinência da cafeína no corpo humano.
“É possível sentir abstinência de café, sobretudo para aqueles indivíduos que ingerem a cafeína com regularidade e em quantidades superiores a 3 xícaras por dia. A intensidade dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa, dependendo da quantidade de cafeína consumida e da suscetibilidade genética do indivíduo”, aponta.
O cardiologista exemplifica ainda que abstinência de café em indivíduos viciados pode levar a uma constelação de sintomas de natureza fisiológica e psicológica.
“A síndrome de abstinência geralmente inclui dor de cabeça, fadiga, diminuição da energia, sonolência, humor deprimido, dificuldade de concentração, irritabilidade e sintomas semelhantes aos da gripe, como náuseas, vômitos e dor muscular. Esses sintomas podem começar dentro de 12-24 horas após a última dose de cafeína, atingir o pico de 20 a 51 horas e podem durar de 2 a 9 dias”, explica.
Um quadro severo de abstinência tem influência da quantidade usual da quantidade usual da ingestão de cafeína, com o maior consumo associado a efeitos de abstinência mais pontuais e a prevalência dos sintomas pode variar.
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Os sintomas da abstinência
Ao entrar em abstinência, é comum que alguns sintomas apareçam. Dores de cabeça e irritabilidade após a cessação do consumo habitual de café são sintomas comuns de abstinência de cafeína. A abstinência apresenta também sintomas de irritabilidade, que pode ser devida à reversão do efeito estimulante promovido pela cafeína.
“Isso ocorre devido a alterações nos neurotransmissores, vasodilatação após a remoção da cafeína e mudanças nos hábitos alimentares e de hidratação. Os sintomas geralmente diminuem à medida que o corpo se ajusta à falta de cafeína”, explica o clínico geral, Geyson Florêncio.
Além disso, a abstinência pode causar também mudanças de humor e sensibilidade à dor.
Vício ou Dependência?
O vício se caracteriza por um padrão de comportamento repetitivo, podendo ser físico, psicológico ou ambos e acarreta, por vezes, problemas de saúde, problemas financeiros, etc. É algo que possui um tratamento mais tranquilo
A dependência é uma necessidade física, química ou psicológica para que a pessoa se sinta bem ou para que tenha a sensação de normalidade. A pessoa pode ter o vício de tomar café todo dia, mas a partir do momento que ela tem sintomas relacionados a interrupção do consumo, como na abstinência, ou necessita do café para ter “um dia normal” isso já passou a ser dependência.
A dependência, por vezes, necessita de intervenções mais agressivas para o tratamento.
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