Mewing: o que é a técnica da moda nas redes sociais e como funciona
Entenda como a criação polêmica dos ortodontistas britânicos Mike e John Mew acumulou seguidores nas redes sociais e o que diz a opinião profissional
A gravação não passa de oito segundos. É o suficiente para que 25,7 milhões de pessoas assistam ao tiktoker turco “Efewissie” (como se autointitula) esticar a sua língua e, em seguida, apertá-la contra o céu da boca.
Parece estranho? Saiba que o gesto tem nome — mewing — e já se popularizou na rede social, principalmente no TikTok com o dedo nos lábios fazendo o gesto de silêncio e em seguida apontando para mandíbula e contornando até chegar ao queixo.
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A referência faz parte de uma homenagem dos internautas ao criador da técnica de postura oral, John Mew, além de representar seu filho, Mike Mew, que seguiu a tradição paterna.
Em sua criação original, Mew usava outro termo: ortotrópico (ou “orthotropics”, em inglês), para definir sua técnica de melhoria da estrutura facial e da mandíbula. O ortodontista britânico a utilizou na década de 60 para o tratamento de crianças com queixos recuados e dentes tortos.
Mas o que impulsionou a presença do mewing entre os internautas cerca de seis décadas depois? E realmente existem riscos relacionados à prática?
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Mewing: popularidade (e polêmicas) online
Pressionar a língua no céu da boca para definir o maxilar não é uma prática majoritariamente aceita pelos odontologistas. Um de seus divulgadores, Mike Mew, enfrentou em 2022 uma audiência de má-conduta no General Dental Council (GDC), órgão regulador do Reino Unido.
O mewing foi bem recebido na subcultura virtual incel (sigla para “involuntary celibate” ou celibatário involuntário), grupo normalmente composto por homens heterossexuais que se consideram incapazes de manter um relacionamento romântico.
Nos fóruns de debate, os incels compartilham outros termos, como o “looksmaxing”, que objetiva aumentar a atratividade do indivíduo. É nesse contexto que o mewing também é citado, implicando uma possível remodelação do rosto.
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Mewing: funciona ou não?
“Não existem benefícios comprovados na literatura acerca da técnica de mewing”, destaca Marcelo Leite, cirurgião buco-maxilo-facial e doutor em Ciências Odontológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
“A alteração do posicionamento mandibular já ocorre em outras situações clínicas, como nos casos de aparelhos bucais para melhoria da apneia do sono”, completa.
De acordo com o profissional, a experiência e a evidência científica demonstram que, mesmo nas situações em que dentistas prescrevem esses dispositivos, o paciente representa uma alteração na posição da cabeça da mandíbula, o que leva a problemas de ATM (articulação temporomandibular).
O côndilo mandibular, conhecido como cabeça da mandíbula, é uma região que se articula com a base do crânio e é responsável pelos movimentos mandibulares, incluindo a abertura bucal.
Mewing: quais os riscos da prática?
Na prática, os principais riscos relacionados ao mewing estão na potencial disfunção da ATM.
A situação ocorre, explica Leite, porque a cabeça da mandíbula “necessita se assentar de forma confortável em sua posição e realizar os movimentos em harmonia com o disco articular (menisco da ATM)”.
“Ao mudar a posição de descanso da mandíbula, como ocorre no mewing, o paciente também altera a posição natural do côndilo, o que pode levar a distúrbios da ATM, como dor, estalido, ruído, processo inflamatório, limitação da abertura bucal, além de processos degenerativos da ATM”, completa.
Mewing: alternativas à prática
O profissional recomenda que pacientes com alterações esqueléticas e dentárias procurem um cirurgião-dentista para uma avaliação.
Os tratamentos alternativos à prática do mewing podem incluir o uso de aparelhos ortodônticos para a correção da mordida ou o uso de aparelhos ortodônticos em conjunto com procedimentos de cirurgia ortognática para a correção dos dentes e das deformidades dentofaciais.
“Pacientes também podem buscar profissionais responsáveis para a realização de procedimentos visando uma melhor estética facial”, avalia Marcelo Leite.
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