Dia do Autismo: conheça os níveis do espectro, origem da data e mais

No dia mundial de conscientização sobre o espectro autista, conheça a origem da data e os critérios para o diagnóstico de crianças e adultos

“O diagnóstico da minha filha, Helena, veio quando ela tinha um ano e 11 meses. Isso foi há 10 anos”, relembra Mávia Ximenes.

A filha havia começado a frequentar a escola quando o marido de Mávia percebeu que “ela se comportava diferente das outras crianças”. Após conselho da professora e psicóloga do colégio, o casal decidiu procurar um médico especialista.

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Na época do diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), a mãe destaca que não existiam tantos espaços especializados, mas encontraram um local e começaram as terapias indicadas. Esta terça-feira, 2 de abril, é o chamado Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

“Fomos, como pais, estudando e aprendendo como ajudar a nossa filha a se desenvolver. Foi muito desafiador para mim, lidar com o diagnóstico e um bebê de apenas dois meses (meu filho mais novo)”, revela Mávia.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), acredita-se que uma em cada 100 crianças têm autismo, apresentando características que podem ser identificadas na primeira infância. Por outro lado, na maioria dos casos, o transtorno é diagnosticado muito mais tarde.

Distinguido por algum grau de dificuldade de interação social e comunicação, o indivíduo com TEA pode apresentar outros padrões atípicos, segundo a OMS, como foco em detalhes e reações incomuns às sensações.

No caso de Mávia Ximenes, o diagnóstico da filha se provou uma chance de apoiar a pequena Helena. Atualmente, é fundadora e diretora da Clínica Lena (@clinicalenafortaleza), especializada em fornecer cuidados para famílias atípicas.

Entenda mais sobre o espectro e os diferentes níveis que o acompanham.

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Autismo: por que é um espectro?

A adição do termo “transtorno do espectro autista” foi realizada em 2013 pela quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Anteriormente, no DSM-4, publicado em 1994, o autismo era incluído no Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD).

Em seu prefácio, o DSM-5 justifica as alterações, que passaram a englobar o transtorno autista, o transtorno global do desenvolvimento e o transtorno de Asperger no transtorno do espectro autista:

“Essa mudança foi implementada para melhorar a sensibilidade e a especificidade dos critérios para o diagnóstico de transtorno do espectro autista e para identificar alvos mais focados de tratamento para os prejuízos específicos observados”, explica o manual.

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Existem níveis de autismo?

O DSM-5 indica três níveis de gravidade para o transtorno do espectro autista: Nível 1 (“Exigindo apoio”); Nível 2 (“Exigindo apoio substancial”) e Nível 3 (“Exigindo apoio muito substancial”).

Nível 1

Entre as características elencadas pelo manual, encontra-se:

  • Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros;
  • Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais.

Exemplo oferecido pelo DSM-5:

“Uma pessoa que consegue falar frases completas e envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas e comumente malsucedidas”.

Nível 2

As características elencadas pelo manual incluem:

  • Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal;
  • Prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio;
  • Limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem de outros

Exemplo oferecido pelo DSM-5:

“Uma pessoa que fala frases simples, cuja interação se limita a interesses especiais reduzidos e que apresenta comunicação não verbal acentuadamente estranha”.

Nível 3

As características elencadas pelo manual para o Nível 3 incluem:

  • Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal]
  • Grande limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros.

Exemplo oferecido pelo DSM-5:

“Uma pessoa com fala inteligível, de poucas palavras, que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem abordagens incomuns apenas para satisfazer as necessidades e reage somente a abordagens sociais muito diretas”.

Autismo: quais os critérios para diagnóstico?

Confira os critérios elencados para diagnóstico em crianças e adultos.

Autismo em crianças

De acordo com apontamentos do Ministério da Saúde, os sinais do neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, com o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade.

O Manual de Orientação sobre Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Pediatria, destaca sinais sugestivos no primeiro ano de vida da criança:

  • perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto de alcançar
  • não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente;
  • não apresentar sorriso social;
  • baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado;
  • baixa atenção à face humana (preferência por objetos);
  • demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas;
  • não seguir objetos e pessoas próximos em movimento;
  • apresentar pouca ou nenhuma vocalização;
  • não aceitar o toque;
  • não responder ao nome;
  • baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta)
  • interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores;
  • incômodo incomum com sons altos;
  • distúrbio de sono moderado ou grave;
  • irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação;

Autismo em adultos

O Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) que possui um ambulatório focado exclusivamente no atendimento de pessoas adultas com o espectro autista, apresenta características que podem indicar o transtorno, dependendo de avaliação médica:

  • Dificuldade nas relações sociais;
  • Dificuldade de estabelecer comunicação;
  • Comportamentos repetitivos e estereotipados;
  • Dificuldade em manter relações afetivas e amizades;
  • Dificuldades na percepção de ironias, figuras de linguagem e no estabelecimento de vínculos.

Autismo: como identificar uma rede de apoio?

Para a psicopedagoga Dolores Menezes, após o diagnóstico - feito por avaliação médica e considerando os profissionais que acompanham a criança e sua escola -, “o mais importante de tudo é descobrir, valorizar que cada um tem suas habilidades e não somente dificuldades”.

Uma rede de apoio, promovendo suporte em momentos necessários para a família, é uma opção. Por outro lado, Mávia Ximenes destaca que a alternativa também pode ser um desafio.

“A rede de apoio é um desafio para todas as famílias atípicas. Porque muitas famílias, mesmo aquelas que teriam condição financeira de pagar uma pessoa para dar o suporte, ainda assim, nem sempre encontram pessoas capacitadas para lidar com os comportamentos dos nossos filhos”, explica.

“Além disso, os familiares, aqueles que são mais próximos, alguns não aceitam; outros não têm condição física e outros não têm habilidades, nem desejo de aprender”, completa.

Ximenes destaca que, enquanto alguns pais possuem profissionais capacitados e apoio de familiares, essa nem sempre é a realidade da maioria das famílias atípicas. “Um conselho que eu dou é que se estude, dedique tempo”, indica.

2 de abril: origem do Dia Mundial de Conscientização do Autismo

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi instituído pela ONU em 2007 com o objetivo de promover mais conhecimento sobre o transtorno de espectro autista (TEA).

Em 2024, 17 anos depois do estabelecimento da data, em 2 de abril, o foco da organização pretende ir além da sensibilização para promover a valorização das pessoas autistas e suas contribuições para a sociedade.

No Brasil, por meio da Lei 13.652/2018, o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo acontece na mesma data escolhida pela ONU.

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