Estudo recente sugere a chave para melhorar a função erétil é... mais ereções. Aumento da frequência melhora o funcionamento dos fibroblastos – e vice-versa. Mas homens também já vêm com programa de treinamento embutido.Durante minha infância, no norte da Inglaterra, eu costumava me sentir triste e melancólico. Nessas ocasiões, amigos me aconselhavam: "Keep your pecker up!", uma fórmula coloquial para manter o ânimo, coragem, bom humor. "Pecker" é uma das muitas gírias para o órgão sexual masculino, portanto uma tradução possível seria: "Mantém seu pau para cima!". Esse conselho revela-se ainda mais valioso do que parecia: um novo estudo, divulgado na revista Science, mostra que ereções regulares são importantes para manter a função erétil. Parece óbvio, mas a relação é menos direta do que pareça. Fibroblastos são um tipo comum de célula no corpo, que contribuem para a formação de tecidos conectivos, sendo particularmente abundantes no pênis humano. Lá, seu número está associado à frequência das ereções. Um maior número de dessas células significa ereções mais frequentes – e vice-versa. O estudo também sugere que os homens podem treinar as ereções aumentando sua frequência, e tudo é uma questão de produzir mais fibroblastos. Como funcionam as ereções? Imagine uma esponja em formato de banana. Agora, despeje um pouco de água nela e observe-a se expandir: é assim que uma ereção funciona. O pênis possui duas colunas de tecido esponjoso, os corpos cavernosos, dentro dos quais estão os vasos sanguíneos que se enchem de sangue, gerando uma ereção. Os músculos no órgão regulam o fluxo sanguíneo nos corpos cavernosos e controlam a firmeza e duração de uma ereção. O estudo descobriu que os fibroblastos são importantes para regular os sinais químicos que fazem os músculos contraírem-se e relaxar, quando o pênis passa de flácido a ereto. Mais fibroblastos proporcionam um melhor controle do fluxo sanguíneo responsável pelas ereções. Apesar de ter sido conduzido em camundongos, os achados do estudo têm relevância para a saúde masculina humana, já que a fisiologia peniana é semelhante em todos os mamíferos. "No entanto, há uma diferença: a maioria dos mamíferos tem um osso no pênis, que os humanos não têm. Assim, tão mais importante é o fluxo sanguíneo para a ereção, porque não temos nenhum suporte ósseo", explica o autor principal do estudo, Christian Göritz, do Karolinska Institutet, Suécia. Treinamento natural de ereção Göritz e sua equipe descobriram que os camundongos mais velhos tinham menos fibroblastos no pênis em comparação com os mais jovens, o que também se refletia num menor fluxo sanguíneo. A capacidade de ter uma ereção diminui com a idade em humanos. Na verdade, 29% dos homens com menos de 40 anos e 46% dos homens com mais de 40 anos experimentam disfunção erétil. Isso pode ser devido à menor quantidade de fibroblastos no pênis quando se é mais velho, tornando-o menos eficiente para iniciar uma ereção, Isso significa que os homens podem treinar suas ereções? Com certeza, afirma Göritz: "Mas não é como um treinamento muscular, porque os fibroblastos não são músculos. É mais como um treino de resistência, assim como correr proporciona melhor capacidade pulmonar e fluxo sanguíneo mais eficiente." Isso não envolve necessariamente atividade sexual, pois os homens já têm um programa de treinamento "nativo", que ocorre todas as noites, como fica evidente para quem acorda com uma ereção matinal. "Um homem saudável tem cerca de cinco ereções enquanto dorme, que duram um total de cerca de três horas", explica Göritz. "Você está executando um programa de treinamento automático para suas ereções, que convenientemente ocorre durante o sono." O que esse treinamento noturno faz, de acordo com o estudo, é fazer com que mais fibroblastos cresçam, fortalecendo a capacidade de ter ereções frequentes. Bons sonhos. Mantenha o pau para cima! Mas se o treinamento automático noturno falhar, há sempre como buscar ajuda para a função erétil. Para a terapeuta psicossexual Miranda Christophers, cofundadora do The Therapy Yard no Reino Unido, a atual pesquisa pode proporcionar a ela e seus colegas uma nova compreensão no tratamento da disfunção erétil. "Na terapia psicossexual, buscamos entender a causa do problema. Abordamos todo tipo de problemas psicológicos não resolvidos, removemos pressões e expectativas, e sugerimos abordagens como exercícios individuais de interrupção/início", explica Christophers. A disfunção erétil afeta quase metade de todos os homens em algum momento da vida. As causas podem ser psicológicas – como estresse ou depressão, pressão sexual, baixa autoestima – ou de natureza física – como doenças cardiovasculares, diabetes ou variações hormonais. Há momentos em que é aconselhável procurar orientação médica, como quando não se obtém ou não mantém uma ereção nem mesmo estando sozinho, ao masturbar-se. Os terapeutas sexuais podem ajudar a compreender essas questões psicológicas e físicas e sugerir exercícios para manter a função erétil. Treinamento noturno natural, terapia sexual, até mesmo medicamentos: são muitos os recursos à disposição quando se trata de "keep your pecker up" E o ânimo e o bom humor também, claro. Autor: Fred Schwaller