Dengue: especialistas indicam o melhor repelente contra o mosquito
De acordo com a Anvisa, a melhor opção é o uso de repelente para afastar o Aedes Aegypti. Veja recomendações de uso e outras informações sobre o produto
06:00 | Fev. 17, 2024
O Ministério da Saúde divulgou nesta semana que mais de meio milhão de casos prováveis de dengue foram registrados no Brasil em 2024. O número é quase quatro vezes maior do que o observado no mesmo período do ano passado.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os produtos indicados para afastar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, são os repelentes. Entram no rol tanto os cosméticos para aplicação na pele quanto aqueles para uso no ambiente.
Confira a seguir recomendações de uso, valores e outras informações importantes sobre os repelentes.
Dengue: qual a melhor forma de evitar a picada do mosquito?
O uso do repelente é uma barreira importante de proteção contra a picada do mosquito. De acordo com Keny Colares, consultor de infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), é necessário tanto evitar o mosquito de se reproduzir em água parada, quanto tomar cuidado com a picada dele.
"A chance de um inseto picar utilizando o repelente é bem menor se usar de forma adequada", afirma o infectologista.
Não existem remédios de uso oral, como comprimidos e vitaminas, com indicação aprovada para repelir o mosquito de acordo com a Anvisa.
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Dengue: quais repelentes mais adequados para uso
Há três substâncias presentes em repelentes que são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e liberadas pela Anvisa que podem prevenir a picada do mosquito da dengue:
- Icaridina: duração de dez horas
- IR3535: duração de duas horas
- DEET: duração de duas horas
Para adultos, a concentração ideal é de 20% de Icaridina ou 30% de DEET, para uma maior eficácia. Os produtos à base de DEET não devem ser usados em crianças menores de dois anos.
Entre 2 anos e 12 anos de idade, a concentração máxima do produto deve ser de 10% e a aplicação deve se restringir a três vezes por dia, de acordo com o Ministério da Saúde.
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Rui de Gouveia, gerente de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza, alerta que crianças menores de seis meses não devem usar repelentes.
“Não pode usar devido à superfície da pele do bebê só começar a amadurecer a partir dos seis meses”, explica o motivo. “A partir dos seis meses, sob orientação do médico, não há problema”, completa.
Dengue: quanto custa um repelente hoje?
Com o aumento de casos de dengue, a busca por repelentes também cresceu. Apenas no Distrito Federal, a procura subiu em torno de 40%, de acordo com o Sindicato de Comércio de Produtos Farmacêuticos.
Os valores dos produtos podem variar de acordo com a marca, especificações e quantidade. É possível encontrar repelentes a partir de R$ 15 em algumas farmácias de Fortaleza. Os preços dos itens podem chegar a até R$ 70.
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Dengue: como aplicar e precauções do uso do repelente
As recomendações de uso descritas no rótulo de cada produto devem ser seguidas e alguns cuidados devem ser observados no uso:
- Repelentes devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo e por cima da roupa;
- A reaplicação deve ser realizada de acordo com indicação de cada fabricante;
- Para aplicação da forma spray no rosto ou em crianças, o ideal é aplicar primeiro na mão e depois espalhar no corpo, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão depois da aplicação.
- Em caso de contato com os olhos, é importante lavar imediatamente a área com água corrente.
A recomendação da Anvisa reforça que não há qualquer impedimento para a utilização desses produtos por mulheres grávidas, desde que os repelentes estejam devidamente registrados na Agência.
Rui de Gouveia ainda sugere que gestantes utilizem repelentes periodicamente para evitar transmissão de outras doenças. “A indicação do repelente para as gestantes já existe mesmo sem ameaça de dengue por conta de outros vírus, como o zika vírus, transmitido pelo mesmo mosquito”, reforça.
Dengue: pode usar repelente durante a noite?
Em crianças, não é recomendável dormir com o repelente no corpo. Durante a noite, a movimentação pode fazer com que o produto passe para as roupas de cama, oferecendo o risco de atingir a boca e os olhos. O ideal é usar mosquiteiros.
Para adultos, existe a opção de repelentes elétricos. Eles devem ficar há uma distância de 2 metros da cama e o cômodo deve ter espaço para ventilação, como uma porta entreaberta.
A Anvisa alerta que os repelentes elétricos ou espirais não devem ser utilizados em locais com pouca ventilação nem na presença de pessoas asmáticas ou com alergias respiratórias.
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Dengue: repelentes caseiros são eficazes?
Os inseticidas “naturais” à base de citronela, andiroba e óleo de cravo, entre outros, não possuem comprovação de eficácia nem aprovação pela Anvisa, até o momento.
Produtos anunciados como “naturais”, comumente comercializados como velas, odorizantes de ambientes, limpadores e incensos e que indicam propriedades repelentes de insetos não possuem eficácia comprovada.
O mesmo se aplica para algumas plantas caseiras com forte odor, como jasmim, arruda, alecrim e manjericão.
Repelentes ambientais, usados para afastar os mosquitos, são encontrados na forma de espirais, líquidos e pastilhas de aparelhos elétricos e também podem ser adotados no combate ao mosquito Aedes aegypti.
É importante que estejam registrados na Anvisa e que todos os cuidados e precauções descritos nos rótulos dos produtos sejam obedecidos.
Não se pode esquecer que uma das melhores alternativas é combater os mosquitos no nascedouro, ainda enquanto são larvas, evitando que cheguem à fase adulta, quando se tornam transmissores de doenças.