O que se sabe sobre a varíola do Alasca

00:03 | Fev. 16, 2024

Por: DW

Doença descoberta em 2015 fez sua primeira vítima, um homem idoso com câncer. Enfermidade pode ser transmitida de pequenos mamíferos para humanos.Autoridades de saúde do estado americano do Alasca confirmaram recentemente a primeira morte no mundo ocorrida pela chamada "varíola do Alasca" (Alaskapox, em inglês). Trata-se de um homem idoso, que tinha câncer e estava com o sistema imunológico debilitado. Ele foi diagnosticado com Alaskapox em novembro de 2023 e morreu em janeiro de 2024. A doença, descoberta em 2015, é transmitida por uma ortopoxvírus relacionado à varíola, varíola bovina e a mpox (inicialmente conhecida como varíola dos macacos). Até agora, foram registradas oficialmente apenas sete casos em humanos, todos eles no Alasca – por isso a doença vem sendo chamada de varíola do Alasca. Quais são os sintomas? Os pacientes infectados com Alaskapox relataram uma ou mais lesões cutâneas semelhantes a picadas de aranha ou insetos. Outros sintomas incluem gânglios linfáticos inchados e dores articulares ou musculares que geralmente desaparecem em algumas semanas. Antes do paciente que morreu em janeiro, todos os outros infectados haviam sido considerados casos leves, sem a necessidade de hospitalização. Como o vírus é transmitido? A forma de transmissão ainda não está clara, mas os cientistas acreditam que o vírus seja zoonótico, ou seja, transmitido entre animais e seres humanos. As autoridades de saúde do Alasca relataram que os casos da doença prevaleceram em 2020 e 2021 em duas espécies de pequenos mamíferos – Clethrionomys gapperi e musaranhos – no distrito de Fairbanks North Star Borough, onde a maioria dos casos em humanos foi identificada. Como exatamente o vírus passou dos animais para os humanos ainda não está claro. Os pacientes podem ter contraído o vírus de bichos de estimação que entraram em contato com pequenos mamíferos infectados – hipótese também levantada no caso do paciente que morreu. Embora o contágio direto entre humanos não tenha sido observado, especialistas alertam que outros ortopoxvírus podem se espalhar pelo contato direto com lesões cutâneas. Quem era o homem que morreu de Alaskapox Até hoje, a única morte registrada pela doença é do homem em questão, residente no Alasca e descrito apenas como "idoso". Ele morava na remota Península de Quenai, que se estende da costa sul do estado americano até o Golfo do Alasca. A península fica a cerca de 480 quilômetros de Fairbanks North Star Borough, onde ocorreram os outros seis casos da doença. Para autoridades de saúde, isso indica que provavelmente o vírus se espalhou para animais fora da área de Fairbanks North Star Borough. O homem estava tomando medicamentos imunossupressores como parte do seu tratamento contra o câncer. "O estado imunocomprometido do paciente provavelmente contribuiu para a gravidade da doença", afirmou o Departamento de Saúde do Alasca num boletim sobre o caso. Em setembro de 2023, o paciente descobriu uma bola vermelha na axila direita. Em novembro, foi internado com cansaço, dores e dificuldade de mover o braço direito. Os médicos descobriram outras quatro lesões em seu corpo. Os testes revelaram que ele tinha varíola do Alasca e "mais tarde apresentou atraso na cicatrização de feridas, desnutrição, insuficiência renal aguda e insuficiência respiratória", de acordo com o Departamento de Saúde do Alasca. Ele morreu em janeiro de 2024. O homem morava sozinho e não tinha viajado antes de ser infectado. Ele costumava cuidar de um gato de rua que o arranhava com frequência. É possível que o gato tenha entrado em contato com um pequeno mamífero infectado e, depois, transmitido a varíola do Alasca ao homem. Como evitar a transmissão A primeira orientação em casos de suspeita de varíola do Alasca é buscar ajuda médica. Além disso, recomenda-se evitar tocar em qualquer lesão do corpo e cobri-las com curativos para evitar possíveis transmissões. O Departamento de Saúde do Alasca aconselha que as pessoas que possam ter Alaskapox "pratiquem uma boa higiene das mãos, evitem compartilhar panos que possam ter estado em contato com as lesões e lavem roupas e lençóis separadamente". Autor: Carla Bleiker