Caps: o que é o Centro de Atenção Psicossocial e como ter consulta
Saiba os principais requisitos para se qualificar em atendimento no Caps do Ceará e os endereços das unidades especializadas em saúde mental
20:42 | Jan. 19, 2024
Um espaço de referência no tratamento de indivíduos acometidos por transtornos mentais, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em suas diferentes modalidades, é um serviço de saúde gratuito e comunitário no Brasil.
Os centros fazem parte do Sistema Único de Saúde (Sus), criados como uma substituição ao modelo de internações de hospitais psiquiátricos. E esse cuidado também é estendido a dependentes químicos.
De acordo com o manual “Saúde Mental no Sus: Os Centros de Atenção Psicossocial”, do Ministério da Saúde, o Caps deve manter acompanhamento clínico e práticas de reinserção social dos usuários em espaço próprio e adequadamente preparado.
Entenda mais sobre o funcionamento do Caps e como agendar uma consulta gratuita.
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O que é o Caps?
O Caps se destaca como um serviço de saúde para tratamento de pessoas com transtorno ou sofrimento mental, inclusive em causas relacionadas ao abuso de álcool e outras drogas.
Dependendo de sua modalidade, o centro atende brasileiros de todas as idades, com diferentes demandas, e oferece suporte e supervisão na rede básica, entre eles o PSF (Programa de Saúde da Família) e o PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde).
Em orientações do Ministério da Saúde para a elaboração de projetos de construção, reforma e ampliação do Caps, intitulada “Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento como Lugares da Atenção Psicossocial nos Territórios”, as práticas devem ser realizadas em ambientes de “portas abertas”.
“Algumas das ações dos Caps são realizadas em coletivo, em grupos, outras são individuais, outras destinadas às famílias, outras são comunitárias e podem acontecer no espaço do Caps e/ou nos territórios, nos contextos reais de vida das pessoas”, descreve o guia.
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Caps: origem dos centros
Em 6 de abril de 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei de reforma psiquiátrica (Lei 10.216, de 2001), redirecionando o modelo de assistência mental para longe dos hospícios e manicômios.
A mudança no tratamento de pessoas acometidas por transtornos mentais foi inspirada no psiquiatra italiano Franco Basaglia e em suas abordagens de reinserção do paciente em sua comunidade.
Para substituir oficialmente espaços como os manicômios, o Ministério da Saúde instituiu os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) no Brasil.
Caps: quem pode ser atendido?
O manual do Ministério da Saúde destaca que “as pessoas atendidas nos Caps são aquelas que apresentam intenso sofrimento psíquico, que lhes impossibilita de viver e realizar seus projetos de vida”.
Os pacientes podem ter um histórico de internações psiquiátricas ou nenhuma internação. Além disso, já podem ter passado por outros atendimentos em serviços de saúde.
Caps: locais de atendimento no Ceará
Acesse AQUI a listagem completa dos Caps em cada município do estado do Ceará, incluindo a capital, Fortaleza.
A média de atendimentos mensais nos seis Caps gerais de Fortaleza é de 16,5 mil pessoas, com 8,5 mil nos sete CAPS Ad e 6,5 mil nos dois CAPS Infantis. O terceiro equipamento voltado para o público infantojuvenil não teve seus atendimentos contabilizados porque foi inaugurado no segundo semestre de 2023.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza destaca que o usuário pode procurar diretamente o serviço do Caps, ou ser encaminhado por um dos 118 postos de saúde da Capital.
Uma avaliação inicial é realizada por uma equipe multiprofissional e, de acordo com a necessidade do usuário, um encaminhamento é feito aos serviços de cada unidade, que podem envolver: clínica médica e psiquiátrica, assistência farmacêutica, enfermagem, psicoterapia, terapia ocupacional, massoterapia, e nutrição.
Caps: serviços ofertados
Os serviços oferecidos pelo Caps, de acordo com portal da Prefeitura de Fortaleza, incluem:
- acolhimento diurno;
- acolhimento noturno;
- avaliação inicial/anamnese;
- atendimento intensivo, semi intensivo e não intensivo;
- Reavaliação;
- Busca ativa;
- Visita domiciliar e visita institucional;
- Ações intersetoriais;
- Apoio matricial;
- Assembleia de usuários;
- Abordagem de rua;
- Encaminhamento
- Oficina terapêutica e oficina produtiva
- Grupo de arte, grupo de famílias e grupos diversos;
- Terapia comunitária e atividades individuais.
Tipos de Caps
Os Centros de Atenção Psicossocial possuem diferentes modalidades de atendimento ao público. Todas são descritas a seguir, com informações do portal do Ministério da Saúde.
Caps I
Atende pessoas com transtorno mental grave e persistente em todas as faixas etárias, incluindo problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas.
- Indicação: Para municípios ou regiões de saúde com mais de 15 mil habitantes.
Caps II
A prioridade segue para indivíduos com transtornos mentais insistentes ou problemas relacionados ao uso de drogas.
- Indicação: Para municípios ou regiões de saúde com população acima de 70 mil habitantes.
Caps i
O foco do Caps i se desenvolve a partir do atendimento de crianças e adolescentes com intenso sofrimento psíquico, seja por uso de substância psicoativas, seja por outras condições que impossibilitem o estabelecimento de laços sociais.
- Indicação: Para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes.
Caps ad Álcool e Drogas
Disponível para todas as faixas etárias, os centros atendem prioritariamente indivíduos com intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas, além de outras condições clínicas.
Caps III
Com serviços de atenção contínua e funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, o Caps III apresenta acolhimento noturno e serviços relacionados de saúde, como o CAPSad.
- Indicação: Para municípios ou regiões de saúde com população acima de 150 mil habitantes.
Caps ad III Álcool e Drogas
Considerando as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente, atende não apenas adultos, mas crianças e adolescentes que apresentam sofrimento psíquico intenso e necessidades de cuidados clínicos contínuos.
- Indicação: Para municípios ou regiões de saúde com população acima de 150 mil habitantes.