Canetas para emagrecer? Tudo sobre Ozempic e outros medicamentos
Apesar dos resultados motivarem o uso do Ozempic e medicamentos similares, ainda é preciso ficar atento aos riscos que podem ser oferecidos à saúdeA pauta da perda de peso tem ganhado cada vez mais atenção nos últimos anos. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 60% dos adultos têm excesso de peso (sobrepeso) e que um em cada quatro adultos tem obesidade.
Além de afetar a saúde física, diversas vezes, a obesidade e o sobrepeso afetam também a autoestima de inúmeras pessoas. Muitas delas acabam buscando por métodos de emagrecimento mais imediatos, como uso de medicações que prometem rapidez e eficácia durante o tratamento.
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Ozempic e as chamadas “canetas do emagrecimento” estão entre esses métodos. Apesar de estarem direcionados para tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, duas doenças crônicas que precisam ser controladas, o uso desses medicamentos está se popularizando também para fins estéticos.
É importante lembrar que por terem indicações específicas, as canetas só devem ser utilizadas sob supervisão de um profissional de saúde.
Caneta para emagrecer: qual a origem?
A origem desses fármacos foi quase acidental. Enquanto laboratórios buscavam métodos mais eficientes para tratar a diabetes por meio de experimentos com ratos, descobriram que eles perdiam o apetite se o GLP-1 (hormônio que regula o açúcar no sangue) fosse injetado em seus cérebros.
A partir daí, a empresa Novo Nordisk, que hoje detém quase metade do mercado global de insulina, resolveu aprofundar os estudos sobre a liraglutida e a semaglutida. Ambas são drogas GLP-1 usadas tanto para tratamento de diabetes quanto para obesidade.
Foi então que em 2017 a Ozempic passou a ser comercializada para tratar a diabetes tipo 2 e em 2021 foi aprovada para tratar pacientes com obesidade, mas por se tratar de uma dosagem mais alta, foi chamada de Wegovy.
Apesar disso, ambas eram utilizadas para o emagrecimento mesmo antes da aprovação para a perda de peso.
Como funciona o Ozempic
O remédio, fabricado pela dinamarquesa Novo Nordisk, funciona atuando no sistema nervoso central, ativando hormônios que geram saciedade. Como consequência, as canetas reduzem o apetite, resultando em um corpo mais magro ao longo de semanas sem que o paciente tenha de seguir uma dieta ou rotina de exercícios.
O fármaco, que possui formato semelhante a uma caneta, é injetado com uma pequena agulha na barriga ou no braço do paciente e possui 3 tipos de dosagens: 0,25 mg, 0,50 mg e 1 mg.
Ozempic, Wegovy e Mounjaro: entenda qual a diferença
Tanto o Ozempic quanto o Wegovy, são à base de semaglutida, e produzidos pela Novo Nordisk. Mas a principal diferença é que o Ozempic é recomendado oficialmente para pacientes diabéticos, enquanto o Wegovy é destinado à perda de peso.
No caso do Mounjaro, ele tem como princípio ativo a tirzepatida, que age tanto no hormônio GLP-1, quanto no GIP (hormônio intestinal que estimula a secreção de insulina). Além disso, ele é um medicamento da farmacêutica Eli Lilly destinado para diabetes tipo 2.
Tanto a semaglutida, como a tirzepatida, tornam mais lento o esvaziamento do estômago, levando as pessoas a se sentirem saciadas por mais tempo e gerando a perca de apetite. O uso para perda de peso do Mounjaro é considerado off-label (finalidade diferente daquela da bula), assim como o Ozempic.
Todos os três medicamentos são administrados por injeção uma vez por semana. O indicado é iniciar com uma dose baixa e depois aumentar para uma dose de manutenção, sempre por recomendação médica.
Caneta para emagrecer tem feitos colaterais e riscos?
Apesar dos resultados motivarem o uso do Ozempic e medicamentos similares para o emagrecimento, ainda é preciso ficar atento aos riscos que podem ser oferecidos à saúde.
A bula do Ozempic lista diversos efeitos colaterais comuns, tais como:
- Indigestão
- Inflamação do estômago (“gastrite”) — os sinais incluem dor de estômago, sensação de enjoo (náusea) ou Vômito
- Refluxo ou azia — também chamado de “doença do refluxo gastroesofágico” (DRGE)
- Inchaço
- Constipação
- Cálculo biliar
- Sensação de tontura
- Sensação de cansaço
- Perda de peso
- Perda de apetite
- Gases (flatulência)
- Aumento de enzimas pancreáticas
A bula alerta também que grávidas e lactantes não devem fazer o uso do Ozempic.
Em seu site, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), faz o alerta: “A melhor forma de minimizar os efeitos colaterais é conversando e planejando o tratamento com o médico. A aplicação gradativa do medicamento, comer porções menores, evitar determinados alimentos, beber bastante água podem amenizar os sintomas.”
Em testes realizados em roedores, a Agência Reguladora de Medicamentos dos EUA (FDA) alerta também que o remédio pode gerar tumores na tireoide, incluindo câncer. O uso prolongado também pode ocasionar obstruções intestinais.
Além disso, é comum que pacientes ganhem peso após suspenderem o uso do medicamento, pois é necessário usá-lo acompanhado de mudanças no estilo de vida (alimentação adequada, exercício físico e sono de qualidade).
“Como toda medicação para tratar obesidade, e não é passe de mágica, deve-se associar dieta balanceada e atividades físicas regulares. A medicação facilita a adesão a uma dieta mais equilibrada e restrita, eliminando a sensação de fome”, esclarece Priscila Sobral, cardiologista metabólica, do centro especializado em obesidade e diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz em entrevista ao g1.
Caneta para emagrecer está no SUS? Veja preços
Atualmente apenas o Ozempic está a venda no Brasil. Apesar dos medicamentos Wegovy e Mounjaro terem sido aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) neste ano, eles ainda não têm data para chegarem às farmácias.
O valor de uma embalagem do Ozempic pode variar entre R $700,00 e R$ 1200,00 nas farmácias. Já o valor dos outros fármacos devem chegar até R$ 2500,00 quando estiverem à venda no Brasil.
Devido ao seu alto custo, diversos pacientes têm buscado alternativas judiciais para obter o Ozempic que não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) nem é ofertado pelos planos de saúde. Em alguns casos, os tribunais podem reconhecer que o remédio é o tratamento mais adequado e exigir que o SUS e os planos de saúde ofereçam o remédio.
Atualmente, nenhum laboratório nacional produz medicamentos similares ao Ozempic, mas algumas empresas possuem interesse em estudar alternativas em 2024. A patente do Ozempic finaliza em 2026, e até lá o objetivo é conseguir produzir um medicamento genérico e mais acessível no Brasil.