Qual a sua pesquisa: produto para a prevenção de cárie é criado a partir do óleo de copaíba

A tecnologia tem a proposta de ser até 60% mais barata do que outros produtos similares no mercado. Entenda como funcionará o novo produto

Um novo produto criado para a preveção de cárie a partir do óleo de copaíba foi desenvolvido e patenteado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). A tecnologia poderá ser mais barata e mais fácil de ser aplicada do que outros similares no mercado. O produto consiste em um verniz que é aplicado nos dentes, como se fosse um esmalte.

“Só que ele tem a capacidade de liberar os ativos na cavidade oral, de forma controlada. Ele vai ter atividades anti-inflamatórias, antimicrobiana e cicatrizante. São três atividades farmacológicas que a copaíba já tem”, explica Edilson Martins, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos (PPGDITM/UFC).

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A facilidade na aplicação faz com que o produto seja indicado para crianças de até 6 anos. “O dentista faz a limpeza e aplica com um micro brush, como se fosse um pincelzinho, no dente da criança. Vai secar e formar uma película, que vai liberar os ativos na boca.”

De acordo com o professor, as crianças costumam ser as principais afetadas pelas cáries, muitas vezes, por causa da alimentação. “A criança também vai ter uma limitação para produtos odontológicos. Até [certa] idade ela vai ter dificuldade em cuspir, [em aplicar certos produtos]. Então, esse produto é bacana porque vai liberar um ativo de forma controlada e sustentável na boca. Diferente de enxaguantes bucais ou um gel que a criança corre risco de engolir.”

Vale ressaltar que o produto não serve como uma substituição para a escovação dentária. A ação continua sendo necessária. “Bom deixar claro: nada substiui a escovação. Às vezes o pessoal pensa ‘nossa, esse produto é muito bom, nunca mais vou escovar o dente’”.

Mais barato que outros produtos no mercado

Vernizes de flúor com propriedades de prevenção à cárie existem desde a década de 1960. A nova alternativa, por meio do óleo de copaíba, opera em via distinta do flúor. Ela age contra a proliferação excessiva de bactérias nocivas na boca, denominada disbiose oral.

O que torna a nova tecnologia melhor, no entanto, é o preço e a facilidade na aplicação. “A proposta é que ele chegue ao mercado com um preço mais reduzido e que possa ser utilizado em algumas especialidades odontológicas, como a odontopediatria, ortodontia e até como estratégia de saúde pública”, diz o professor da UFC. “Nosso produto vem com a proposta de ter um custo 60% [menor], segundo calculos preliminares”.

De acordo com o pesquisador, o produto já está finalizado e pronto para a comercialização. Agora, o que falta, são contratos com a indústria farmacêutica.

Como os pesquisadores chegaram até a copaíba?

Os pesquisadores foram atrás do conhecimento popular. Edilson cita que é comum ouvir frases do tipo: “Ah, está com a garganta inflamada? Toma copaíba. Levou um corte? Passa copaíba, é cicatrizante. Levou uma pancada? Passa copaíba que é anti inflamatório”.

“A gente quis pegar o conhecimento popular e transformar em um produto aplicado para a área de odontologia”, diz o professor. “Na academia, muitas pesquisas são feitas a base desse conhecimento.”

O gênero copaíba — chamado cientificamente de Copaifera — engloba cerca de 72 espécies. Dessas, mais de 20 existem no Brasil, distribuídas pelas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte. O verniz utilizou como base a espécie Copaifera langsdorfii, extraindo dela o óleo essencial, obtido no Mato Grosso do Sul.

Pesquisas

As pesquisas que resultaram no produto começaram a ser desenvolvidas ainda em 2013 no curso de Odontologia do campus de Sobral da UFC, a partir de financiamento da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). O suporte foi obtido pela professora professora Patrícia Lobo por meio do programa Jovens Pesquisadores.

Os estudos tiveram continuidade no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos (PPGDITM/UFC), em Fortaleza, na pesquisa de doutorado da professora Lídia Audrey Rocha Valadas Marques.

A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a professora Said Gonçalves, do Laboratório de Farmacotécnica do Departamento de Farmácia da UFC, sob a orientação da professora Mary Anne Bandeira.

Além dos professores Patrícia Lobo, Edilson Martins, Lídia Audrey, Said Gonçalves e Mary Anne Bandeira, também assinam como autores do invento Heraldo Guedes Lobo Filho, Cristiane Sá Roriz Fonteles e José Glauco Lobo Filho.

Com informações da Agência UFC

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