Combate à raiva: entenda os cuidados para prevenir o contágio do vírus em animais e humanos

Manter distância e observar o comportamento de animais potencialmente infectados é essencial para a identificação precoce da doença

Letal para humanos e animais, a raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave que acomete mamíferos. A propagação do vírus acende um alerta sobre a importância da imunização de animais silvestres e domésticos. Na semana do Dia Mundial de Combate à Raiva, celebrado nessa quinta-feira, 28, campanhas reforçam os cuidados a serem tomados em caso de suspeitas de contágio.

A data foi escolhida em homenagem póstuma ao cientista francês Louis Pasteur, responsável por desenvolver os primeiros estudos sobre a raiva, em 1880, e por ser pioneiro no desenvolvimento da vacina para a doença em um ser humano, em 1885. A descoberta da vacina antirrábica foi o primeiro resultado de grande repercussão da microbiologia aplicada à medicina.

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O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE), Atualpa Soares, explica que os sintomas causados pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae, evoluem de forma progressiva. No Estado, o vírus é encontrado principalmente em morcegos, raposas e saguis, os quais representam maior risco para a transmissão para o ser humano.

“Um animal que está próximo a nós e que temos convívio direto, é mais fácil para termos um histórico clínico, saber sobre suas vacinas e se ele esteve doente há pouco tempo. Mas um animal silvestre ou até mesmo animais em situação de rua, não temos como saber com facilidade. Por isso, é importante entrar em contato com as autoridades ambientais responsáveis em caso de suspeita”, afirma.

Segundo ele, é importante enfatizar que não se deve sacrificar animais com suspeita de estarem infectados pelo vírus. No entanto, é preciso evitar a interação com eles, levando em conta que diversos casos de óbito por raiva registrados no Brasil nos últimos anos ocorreram em decorrência do contato com animais de rua não imunizados que, por sua vez, tinham interagido com animais silvestres, como morcegos e saguis infectados.

“Quando falamos para ter cuidado, não é para agredir ou matar, mas continuar respeitando o espaço deles. Falamos para as pessoas terem cuidado no momento de interação com eles. Em caso de alguma agressão ao humano, deve-se procurar imediatamente atendimento de saúde”, destaca.

No caso da zona rural, ele afirma que é fundamental levar em consideração que bovinos, equinos e suínos também podem ser contaminados pela doença. “É importante que o produtor tenha essa conscientização de vacinar os animais. Neles, a manifestação dos sintomas não é tão clara. Então, os donos não devem ficar esperando que eles fiquem raivosos ou apresentem algum comportamento incomum para vaciná-los”, pontua.

Sintomas da doença nos animais

É possível identificar sinais de contaminação por raiva em animais a partir da observação do comportamento deles. A presença de agitação, inquietação, atitudes agressivas, como morder objetos, outros animais e seres humanos são aspectos que devem despertar a atenção.

Além do comportamento, sinais fisiológicos também podem ser percebidos, como a salivação abundante, dificuldade de engolir os alimentos, rouquidão e ocorrência de convulsões.

Ao notar a presença desses sintomas, é preciso procurar atendimento médico veterinário.

Como se prevenir e onde procurar tratamento

Para evitar a contaminação pela raiva no ser humano, é preciso que se mantenha uma distância segura de mamíferos possivelmente contaminados, sobretudo dos silvestres. O contato com a saliva do animal é o principal meio pelo qual as pessoas contraem a doença, informa o CRMV-CE.

O principal método preventivo contra a raiva é a vacinação tanto de animais domésticos, como cães e gatos, quanto de animais de produção para o consumo humano, como bovinos, caprinos, equinos e suínos. A realização de exames específicos também auxilia na identificação e prevenção da doença.

A vacinação antirrábica também ocorre nos seres humanos e dispõe de aplicação em dois momentos: pré-exposição e pós-exposição.

A primeira é aplicada em profissionais que têm convívio próximo com mamíferos suscetíveis ao contágio, como médicos veterinários, agrônomos e ecoturistas.

Já a vacina pós-exposição é destinada às pessoas que passaram por situações de risco de contaminação ao entrar em contato com os fluidos corporais de animais potencialmente infectados.

É possível ter acesso à vacinação antirrábica para animais gratuitamente durante o período de campanhas nacionais e estaduais. Além disso, é possível conseguir a vacina de forma particular em clínicas veterinárias. (Colaborou Levi Macêdo/ Especial para O POVO)

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