Fila de transplantes: 386 brasileiros esperam um coração; 9 estão no Ceará

O apresentador Fausto Silva foi incluído na fila de transplante de coração, conforme informou o Hospital Israelita Albert Einstein, no domingo, 20

No Brasil, 386 pessoas estão na fila de transplantes à espera de um coração, segundo o Ministério da Saúde. Destas, nove estão no Ceará, de acordo com a última atualização no site do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) feita na quarta-feira, 16.

O apresentador Fausto Silva foi incluído na fila de transplante de coração, conforme informou o Hospital Israelita Albert Einstein, no domingo, 20. Aos 73 anos, Faustão está em tratamento para insuficiência cardíaca desde 2020.

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Transplante de coração: primeiras cirurgias no Ceará foram na década de 1990

Os primeiros transplantes cardíacos no Ceará foram realizados de 1993 a 1997, aponta a Secretaria da Saúde estadual (Sesa).“Isso surgiu dessas ideias nossas com um grupo de cirurgiões junto à comunidade do Hospital de Messejana. Um marco que começou a ser organizado em 1998, do que conhecíamos em outros centros brasileiros e fora do País", diz o o cardiologista João David de Souza Neto.

"Os pacientes com indicação para transplante, isto é, com doença cardíaca em fase quase terminal, sem outro recurso que não fosse terapêutico, tinham de ir para São Paulo.”

No Hospital de Messejana, o primeiro procedimento ocorreu em janeiro de 1999: o do marceneiro Antônio Pereira de Moura, com 37 anos à época e portador de miocardiopatia isquêmica. O paciente também foi o primeiro a passar por retransplante de coração na unidade estadual, em 2005.

“Eu tenho uma satisfação grande por falar sobre o transplante. Acho isso um projeto de vida. Eu sou exemplo para qualquer um quando se fala em cuidar do coração”, brinca. Prestes a completar 60 anos em 2023, ele segue em acompanhamento na Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do hospital.

Em fevereiro deste ano, o Hospital de Messejana chegou à marca de 500 transplantes cardíacos.

Fila de transplantes: quem espera por um coração no Brasil?

Todo paciente que necessita de um transplante de órgãos é inscrito na Lista Única Nacional. Os receptores (pacientes que estão na fila) são separados de acordo com as necessidades e conforme o órgão que necessita, tipos sanguíneos e outras especificações técnicas.

A distribuição de órgãos depende de outros critérios além do tempo na fila. Os critérios são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido. A gravidade é motivo de priorização e crianças têm prioridade quando o doador é criança ou quando estão concorrendo com adultos.

De acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), 386 brasileiros estão na fila de transplantes à espera de um coração. Destes, 252 (65%) são homens e 134 (35%) são mulheres.

A maioria está na faixa etária dos 50 aos 64 anos: são 155 pessoas. Ao todo, 67 crianças e adolescentes também estão na fila por um transplante de coração.

Outros 134 pacientes têm entre 18 e 49 anos de idade e 30 estão acima dos 65 anos. 

São Paulo é o estado com mais pessoas aguardando um coração (208). Em seguida, estão Distrito Federal (41), Paraná (31), Minas Gerais (26) e Rio de Janeiro (23).

O Ceará é o oitavo estado brasileiro no ranking da fila de espera por transplante de coração.

Transplante de coração: quantas cirurgias foram feitas no Brasil?

Em 2022, foram realizados 362 transplantes de coração no Brasil. Destes, 16 se deram no Ceará. 

Já neste ano, até o último dia 16, 244 brasileiros receberam um novo coração. Entre eles, 17 são cearenses. 

Seguindo proporcionalmente a demanda pelo órgão, a maioria dos transplantes no período foi em pacientes do sexo masculino: 67% do total de cirurgias de 2022 e 71% das realizadas até o momento em 2023.

O que é preciso para um transplante de coração?

Um transplante consiste na substituição de um órgão doente, que já não consegue mais realizar suas funções, por um sadio. Segundo o Ministério da Saúde, o transplante de coração é recomendado a pessoas com insuficiência cardíaca e que não respondem a nenhum outro tratamento ou cirurgia.

“Existem algumas situações inerentes ao tecido cardíaco, em que realmente pouco faríamos mesmo modificando o estilo de vida. O paciente que não cuida da hipertensão e não atua sobre a diabete, por exemplo, contribui para a piora da irrigação do coração, que uma hora vai começar a crescer por causa da insuficiência cardíaca avançada. Coração crescido é a fase final de muitas doenças, porque a gente não teve o controle de uma vida organizada, com caminhadas diárias, mantendo o peso e evitando fumar”, exemplifica o cirurgião cardiovascular, Juan Mejia.

Sobre a escolha do perfil do doador de coração para o transplante, Juan Mejia fala das condições necessárias. “No Brasil, escolhemos um doador para transplante de órgãos quando a pessoa está em morte encefálica, com circulação funcionando e coração bombeando. Tem de ter uma idade limite, evitando doador com 50 anos ou mais. É uma série de circunstâncias muito exigentes para poder utilizar esse coração como órgão para transplantes em paciente em fase final de doença cardíaca”, pontua.

Como é feito um transplante de coração?

A autorização dos familiares de um doador de órgãos coloca o coração à disposição do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que é quem gerencia a fila única de candidatos a órgãos.

Os próximos passos são:

  • o coração doado é preparado para transporte;
  • o SNT entra em contato com o primeiro paciente da fila de espera nacional por um coração e o hospital inicia sua preparação;
  • no centro cirúrgico, os médicos desviam o sangue do coração doente para uma máquina de circulação extracorpórea (também conhecida como “coração artificial"), que mantém o fluxo sanguíneo durante toda a cirurgia, possibilitando a retirada do órgão;
  • os médicos colocam o coração novo e restabelecem a circulação do paciente, que permanece em observação por cerca de 15 dias.

Todo o procedimento precisa acontecer em quatro horas, tempo máximo que o coração pode ficar armazenado. 

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