Névoa cerebral na menopausa pode ser confundida com demência

Médica explica a condição que pode causar falta de atenção e esquecimento em mulheres

Falta de concentração, confusão mental, lentidão de pensamento e esquecimento são sintomas cognitivos que podem ser ocasionados pela névoa cerebral. Como consequência, a pessoa pode ter problemas no seu dia a dia, desde realizar simples tarefas, esquecer compromissos e palavras, bem como tomar decisões. E essas queixas podem atingir mulheres durante a transição para a menopausa e, em alguns casos, também após a menopausa.

Esses sintomas podem ser atribuídos a flutuações hormonais que ocorrem durante a menopausa, especificamente a diminuição dos níveis de estrogênio. Isso porque esse hormônio desempenha um papel importante na função cerebral, afetando áreas relacionadas à memória, atenção e processamento cognitivo.

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Importância do diagnóstico correto

De acordo com pesquisadores na revisão alemã “Névoa cerebral durante a menopausa”, as alterações cognitivas associadas à menopausa não devem ser confundidas com demência. “É comum a pessoa pensar que está com o início de Alzheimer, uma forma específica de demência que causa o declínio cognitivo. Com a avaliação adequada, o especialista pode fazer um diagnóstico correto e orientar o tratamento, por isso a importância do exame de rastreio nas mulheres já na fase perimenopausa, momento em que alguns sintomas podem aparecer”, alerta Juliana Rebechi Zuiani, neurocirurgiã da PUC-Campinas.

Diagnóstico da névoa cerebral

O diagnóstico da névoa cerebral envolve desde uma anamnese na consulta, com histórico médico, a exames (e não só aqueles laboratoriais, mas de rastreio cognitivo). “A avaliação pode ser feita inclusive com exames não invasivos; um deles é o altoida, que usa biomarcadores digitais, inteligência artificial e realidade aumentada imersiva”, diz Juliana Rebechi Zuiani.

A médica explica que, a partir desse exame, é possível identificar precocemente, por meio de inteligência artificial, padrões mentais e comportamentais de risco para desenvolvimento do declínio cognitivo. “Desde a névoa mental até a doença de Alzheimer, e outras síndromes demenciais ou neurodegenerativas, como a Demência por Corpos de Lewy e a Demência Frontotemporal, caso do ator Bruce Willis, também podem ser rastreadas por esse novo exame”, afirma a especialista.

Médica com prancheta na mão atendendo a uma outra pessoa do sexo feminino
O acompanhamento médico é importante para identificar a névoa cerebral (Imagem: Syda Productions | Shutterstock)

Quando o check-up cerebral é indicado?

Geralmente, o check-up cerebral é recomendado a partir dos 40 anos. “Assim como fazemos check-up cardiológico, deveríamos fazer o check-up cerebral. Por meio dele, é possível identificar precocemente alterações e avaliar a necessidade de reabilitação ou tratamento, aumentar as chances de ter um bom resultado e preservar a qualidade de vida do paciente”, observa a especialista. 

Relação entre os hábitos diários e a saúde cognitiva

A partir do momento em que você tem parâmetros, ou seja, que o médico consegue avaliar seu histórico de exames cognitivos, você pode alterar alguns hábitos e comportamentos para melhorar. Alguns fatores influenciam a saúde do cérebro, como aponta Juliana Rebechi Zuiani:

  • Obesidade;
  • Pressão alta;
  • Diabetes;
  • Falta de atividade física;
  • Fumar;
  • Falta de atividade cognitiva;
  • Pouca interação social;
  • Surdez;
  • Depressão.

Essas são algumas características que devem ser modificados. Por isso, ter acompanhamento multidisciplinar é fundamental, inclusive com ginecologista e nutricionista. “Dessa forma, você consegue melhorar a qualidade de vida”, conclui a neurocirurgiã.

Por Gabriela Vasconcelos 

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