Novo remédio mostra potencial para matar câncer sem afetar células saudáveis

O objetivo do uso da molécula AOH1996, que passou por estudo em animais e células, é agir em cima a proteína PCNA, que atua no reparo e replicação do DNA em tumores cancerígenos

21:38 | Ago. 05, 2023

Por: Luíza Vieira
Imagem de Apoio Ilustrativo. A ação iniciou nesta segunda-feira, 26, na Farmácia Santa Branca, em Eusébio (foto: Reprodução/Freepik)

Depois de 20 anos de produção, a molécula AOH1996, que combate ao câncer sem afetar células saudáveis, apresentou resultados positivos em material animal. A informação foi divulgada em estudo publicado nessa terça-feira, 1º, na revista científica Cell Chemical Biology, que é revisada por pares. 

A pesquisadora Linda Malkas foi a responsável por instaurar o remédio no Departamento de Diagnóstico Molecular e Terapêutico Experimental da City of Hope, entidade líder em pesquisa sobre câncer nos Estados Unidos. "A quimioterapia investigativa está atualmente na fase 1 de estudos clínicos em humanos", apontou.

O objetivo do remédio é agir em cima da proteína PCNA, que atua no reparo e replicação do DNA em tumores, fazendo com que cânceres se espalhem.

"PCNA é como um terminal aéreo de grande porte, contendo múltiplas portas de embarque. Dados sugerem que o PCNA é unicamente alterado em células cancerígenas, e esse fato nos permitiu fabricar uma droga que mira apenas a forma do PCNA no câncer. Nossa pílula matadora de câncer é como uma tempestade de neve que fecha um hub de linha aérea, fechando todos os voos que entram e saem apenas de aviões com células cancerígenas", comparou a pesquisadora para a revista.

Segundo ela, o AOH1996 pode inibir o crescimento de tumores como terapia única, bem como poderia funcionar combinada aos demais tratamentos sem resultar em maior toxicidade. 

O teste com animais foi realizado recentemente e a instituição anunciou que a avaliação apresentou bons resultados. Nos ensaios pré-clínicos, os pesquisadores testaram o medicamento em mais de 70 tipos de células cancerígenas e normais.

A partir da pesquisa pré-clínica, foi possível inibir o crescimento e a multiplicação das células cancerígenas.

“Imagine o câncer como a água enchendo uma banheira. Se não forem controlados, os tumores ou a água acabaram transbordando e danificando outras partes da sua casa”, explicou Linda.

A pesquisadora acrescentou que o tratamento funciona como um “vigilante” que desligaria a água da banheira, impedindo a propagação de tumores para outras partes da casa. “Ele esvazia a banheira e elimina o câncer”, completou.