Alzheimer: café expresso pode ajudar na prevenção da doença, diz pesquisa

Chefiada pela Universidade de Verona, pesquisa explica que três xícaras de café expresso por dia podem "limpar" o acúmulo da proteína no Alzheimer

22:58 | Jul. 28, 2023

Por: Iully Fernandes
Café expresso pode ajudar na prevenção do Alzheimer (foto: AFP)

Você costuma tomar café expresso? Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Verona, na Itália,  duas a três xícaras de café expresso por dia podem se tornar aliadas à prevenção do Alzheimer.

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O novo estudo, que foi publicado na revista Journal of Agricultural and Food Chemistry, explica como a dose ultra concentrada da bebida pode inibir a agregação da proteína tau, uma das proteínas associadas ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Café expresso na prevenção do Alzheimer: como foi feita a pesquisa?

Mariapina D'Onofrio, professora associada da Universidade de Verona, é a responsável pelo estudo. A pesquisadora e sua equipe investigaram se os compostos do café expresso poderiam impedir a agregação de tau in vitro.

Na fase de testagem, os cientistas decidiram usar doses de café expresso (feitas de grãos comprados em lojas) para identificar a composição química da bebida.

Em experimentos posteriores, foram utilizados moléculas de alcalóides, a cafeína e a trigonelina, além das moléculas flavonoides, a genisteína e a teobromina. Tais moléculas, juntamente com o extrato completo de café expresso, foram incubadas ao lado de uma forma abreviada da proteína tau por 40 horas.

Como resultado, foi observado que quando a concentração do café e suas substâncias aumentavam, as proteínas tau não se acumulavam. Além disso, pode-se perceber, em uma segunda fase, que a cafeína se liga às fibrilas (fibra muito pequena) de tau pré-formada, evitando que elas se juntem.

Alzheimer: o que a doença provoca?

De acordo com o Ministério da Saúde, a Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta a partir da deterioração cognitiva e da memória, o que compromete as atividades da vida cotidiana com uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.

A doença instala-se quando o processamento de proteínas do sistema nervoso central começam a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas: a proteína tau, que se concentra dentro dos neurônios, e a beta-amilóide, que se acumula em placas nos espaços existentes entre os neurônios.

Nesse sentido, a consequência de tal toxicidade acarreta a perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.

Alzheimer: quais são suas fases?

De forma lenta e inexorável, o Alzheimer pode avançar em até quatro estágios, e, até os estudos atuais, não há como barrar a evolução da doença. O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:

  • Estágio 1: forma inicial - alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais
  • Estágio 2: forma moderada - dificuldade para falar, para realizar tarefas simples e para coordenar movimentos, além de agitação e insônia
  • Estágio 3: forma grave - resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva
  • Estágio 4: terminal - restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição, infecções intercorrentes