Transmitida por carrapato infectado, doença causou mais de 700 mortes no Brasil nos últimos dez anos. Diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e óbito.Após São Paulo confirmar três mortos por febre maculosa e um terceiro óbito suspeito, Campinas passou nesta terça-feira (13/06) a tratar da situação como um surto da doença. As quatro vítimas estiveram num evento numa fazenda da região no fim de maio, onde se suspeita que elas tenham sido infectadas. Entre 2012 e 2022, a febre maculosa causou 753 mortes no país, segundo dados do Ministério da Saúde. Neste período, foram registrados 2.157 casos. O estado de São Paulo registra a maioria dos casos (796) e óbitos (467) desses dez anos. Em número de mortes pela doença, Minas Gerais fica em segundo lugar (109), seguida pelo Rio de Janeiro (60) e Espírito Santo (37). Ainda de acordo com os dados, nenhum óbito por febre maculosa foi registrado na região Norte entre 2012 e 2022. A doença foi confirmada em todas as regiões do país, mas os estados do Amazonas, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe não tiveram nenhum caso confirmado nesse período. Como ocorre a transmissão? A febre maculosa é uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii ou Rickettsia parkeri e transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). Essa espécie de carrapato pode ser encontrada em animais de grande porte, como bois e cavalos, mas também em cães, aves domésticas, gambás, coelhos e, principalmente, capivaras. Para haver a transmissão, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele do hospedeiro. A doença não é transmitida diretamente entre humanos. Após a picada, as bactérias se multiplicam nas células próximas e entram na corrente sanguínea. O período de incubação varia de dois a 14 dias, sendo que os primeiros sintomas aparecem em média sete dias depois da picada. Quais são os sintomas e tratamento? A febre maculosa aparece de forma repentina e tem sintomas semelhantes aos de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite, desânimo, náuseas, vômito, diarreia e manchas na pele. As lesões na pele se parecem com picadas de pulga e aparecem em todo o corpo, inclusive na palma da mão e planta dos pés. A infecção atinge vários órgãos e pode causar diminuição da produção de urina e do volume de sangue circulante; acúmulo de substâncias prejudiciais no sangue; anemia; pressão alta; e redução dos níveis de sódio e cloro no corpo. A demora para o início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulmões e lesões vasculares. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença e o óbito. O tratamento deve ser iniciado dentro de no máximo cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas. A febre maculosa é tratada com antibióticos, como a doxiciclina. O ideal é que a medicação comece a ser introduzida nos primeiros dois ou três dias após os sintomas. A medicação deve ser mantida por dez ou 14 dias. Como se prevenir? A melhor maneira de se prevenir é evitar o contato com o carrapato. Para isso, ao entrar em áreas de mata, recomenda-se o uso de calça, camisas de manga comprida e sapato fechado, de preferência bota. Sempre que possível, evitar caminhar por áreas infestadas. Também é recomendado o uso de repelentes com o composto químico DEET. Se levar o cão de estimação para passear em áreas rurais, ao voltar para a casa verificar se o animal está livre de carrapatos. Após passeios, verificar se há algum carrapato preso ao corpo. Se sim, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente. Não o esmague com as unhas, pois pode haver liberação das bactérias que têm capacidade de penetrar em pequenas lesões na pele. Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário. Limpe a área da picada com antisséptico e lave bem as mãos. A febre maculosa é mais comum entre os meses de junho e novembro. O diagnóstico é confirmado com exame de sangue. cn/ek (ots)