Pão 100% integral? Entenda mudança nos rótulos de alimentos integrais

Rótulos de alimentos integrais, como pães, agora devem informar a porcentagem de ingredientes integrais presente na sua fabricação; Saiba o que mudou

12:00 | Mai. 25, 2023

Por: Beatriz Teixeira
Alimentos integrais tiveram mudanças no rótulo determinada pela Anvisa (foto: Reprodução/Freepik)

Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os rótulos de alimentos denominados como integrais passaram por uma mudança no Brasil. Agora os fabricantes devem informar a porcentagem de ingredientes integrais presentes nos produtos.

De acordo com a regulamentação técnica RDC nº 712/2022, as embalagens devem trocar o “100% integral” para a porcentagem correta de ingredientes considerados integrais no produto. O pão integral, por exemplo, é um dos que tiveram mudança no rótulo.

Segundo a Anvisa, a decisão é uma forma de tornar mais evidente para o consumidor os ingredientes utilizados na fabricação do alimento.

Mudança nos rótulos: alimentos integrais ou não?

Para um alimento ser considerado integral é preciso possuir uma determinada quantidade de ingredientes à base de cereais integrais em sua fabricação. A Anvisa determina que essa porcentagem deve ser de no mínimo 30%.

A quantidade de ingredientes integrais também também deve superar a quantidade de ingredientes refinados. Os produtos que desejam se classificar como integrais devem seguir a determinação e indicar em seu rótulo a quantidade de cereais presentes na fabricação.

Então, um pacote de pão integral deverá trocar o “100% integral” pela porcentagem correta de ingredientes a base de cereais. Por exemplo: “43% integral” ou “integral 43%”.

A nutricionista clínica Vanessa Pimentel, explica que “nenhum produto pode ser considerado 100% integral se no seu preparo há outros ingredientes”. “Uma pessoa que segue uma dieta com objetivos específicos pode acabar por comprometer seus resultados pela falta de transparência das marcas”, esclarece.

Mudança nos rótulos: informação clara para o consumidor

A nova norma foi criada com esse objetivo: deixar as informações mais claras para os consumidores sobre os ingredientes que compõem os alimentos integrais que desejam consumir.

Isso porque, de acordo com a Agência, a escolha por alimentos desse tipo geralmente acontece para seguir uma dieta mais saudável e com maior quantidade de nutrientes.

Rafael Zambelli, engenheiro de alimentos e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), considera a mudança positiva para o consumidor. “Com essa nova normativa você tem informações mais claras a respeito da lista de ingredientes e de possíveis alergênicos”, afirma.

Outro ponto destacado por Zambelli é que agora também deve ser colocada a quantidade de açúcar e de sódio adicionado na fabricação, por exemplo. “A grande inovação são as lupas, os sinais de alerta, que precisam ser colocados agora nas embalagens”, aponta.

O que são ingredientes integrais e refinados?

Mas quais as diferenças entre os ingredientes integrais e os refinados? São considerados ingredientes integrais pela a Anvisa grãos intactos de alpiste, arroz e arroz selvagem, milho, aveia, cevada, centeio, entre outros.

Seus derivados, como moído ou flocado, podem ser considerados ingredientes integrais se mantiverem os mesmos componentes atômicos nas proporções de um grão intacto.

Já os ingredientes refinados são aqueles derivados de algum grão de cereal integral, mas um de seus componentes atômicos não está nas proporções típicas corretas de um grão intacto.

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A mudança nos rótulos é boa ou ruim?

A nova determinação para as embalagens pretende deixar as informações mais evidentes para os consumidores. Segundo Vanessa, a saúde das pessoas é impactada diretamente pela a alimentação e não se pode deixar ludibriar por embalagens bonitas.

Ela também acredita que com uma maior clareza de informações sobre os produtos, o consumo também pode mudar. “Os consumidores buscarão um alimento mais limpo, isto é, mais saudável, com menos interferência de produtos refinados”, explica a nutricionista.

“Recomendo sempre aos meus pacientes que quanto mais integral for o alimento, mais saudável ele será para o consumo”, afirma Vanessa.

Rafael, que considera a mudança positiva, também acredita que a mudança pode impactar nos ingredientes utilizados pelas indústrias. Segundo o professor, futuramente pode acontecer uma queda na utilização de ingredientes ultraprocessados ou que “carreguem esse alimento com uma maior quantidade de gordura”.

“Acaba sendo uma vantagem competitiva entre as indústrias você não ter esse tipo de alerta ou chamativo na sua embalagem”, expõe o engenheiro de alimentos.