Pesquisa cearense estuda células-tronco adiposas para tratar epilepsia
Em fase pré-clínica, a análise concluiu que esta terapia pode reduzir a intensidade e frequência de crises epilépticasUm estudo desenvolvido em laboratório do Núcleo de Biologia Experimental da Universidade de Fortaleza (Nubex), por meio de indução de epilepsia em ratos, mostrou que o uso de células-tronco provenientes do tecido adiposo é capaz de reduzir a frequência e intensidade de crises epilépticas.
A pesquisa pré-clínica, que durou cerca de dois anos, foi desenvolvida por uma equipe composta de um neurologista, um biólogo molecular e estudantes do curso de Medicina da Universidade, e ainda não foi publicada. Os resultados obtidos demonstraram que a terapia com o uso dessas células pode auxiliar no tratamento da epilepsia, síndrome que afeta cerca de 1% da população mundial.
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As células-tronco mesenquimais adiposas, utilizadas na pesquisa, são aquelas presentes no tecido adiposo, que armazena a gordura no corpo, de pessoas adultas, onde são responsáveis pela geração de novas células em caso de lesões ou para o repovoamento celular.
O uso de células-tronco do tecido adiposo é uma possibilidade que começou a ser estudada nos últimos anos, por ser uma região mais acessível e rica nestas células. “Antigamente, a gente pensava que ela (célula-tronco) só poderia ser retirada das células originárias no cordão umbilical, para depois reproduzir em outros tipos de células. Hoje a gente já sabe que pode pegar essas células-tronco em diversos locais,” explicou o neurocirurgião cearense Rafael Queiroz, que participou do estudo.
O médico explica, no entanto, que apesar dos avanços nesta área, nenhuma pesquisa até então tinha utilizado a célula-tronco adiposa à distância para tratar epilepsia.
O estudo realizado pelo Nubex injetou células como estas nas veias dos animais, possibilitando que elas migrassem para locais no corpo que apresentam inflamações, diminuindo as reações e possibilitando regeneração celular. Um desses locais é o lobo temporal, parte do cérebro na qual lesões específicas causam a epilepsia refratária.
A partir disso, os estudos demonstraram em torno de 60% de melhora na frequência e intensidade das crises epilépticas por meio desta terapia. O resultado é promissor para futuras pesquisas utilizando estas células para o tratamento de epilepsia, inclusive em humanos.
Este é o legado que Rafael Queiroz quer deixar: ajudar pacientes com epilepsia que, como ele mesmo coloca, muitas vezes são desconhecidos e estigmatizados pelas convulsões. “É um número muito frequente de pacientes que não têm um tratamento adequado até hoje. Só 70% respondem (ao tratamento) mas um terço continuam tendo as convulsões,” lembra.
Março Roxo
Março é o Mês Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia, condição neurológica que ocasiona convulsões por conta de descargas elétricas anormais no cérebro. A síndrome que afeta cerca de 1% das pessoas, segundo a OMS, tem tratamento. No entanto, segundo o Rafael Queiroz, atualmente cerca de 30% dos pacientes não respondem aos tratamentos conhecidos pela medicina.
A campanha Março Roxo é conduzida pela Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) e busca conscientizar sobre a condição No dia 26 de março, Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia, a associação vai realizar uma caminhada na Avenida Paulista, em São Paulo.
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