Cientistas estudam mecanismo que pode evitar metástase após câncer de mama

Surgimento de células cancerígenas secundárias nos pulmões ocorre devido ao crescimento de uma proteína no local

09:12 | Mar. 16, 2023

Por: Taynara Lima
Cientistas divulgaram estudo que pode reduzir o surgimento de células cancerígenas após o tratamento do câncer de mama (foto: Vinícius de Melo/Agência Brasília)

Cientistas descobriram um método para tentar evitar o surgimento de metástase após o tratamento do câncer de mama. Mesmo após ano da ressecção e do tratamento do tumor primário, é comum que as células cancerígenas se espalhem para outros lugares, principalmente para os pulmões.

Segundo o estudo feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido e publicado pela revista científica Nature (acesse aqui), pacientes com receptor de estrogênio (ER) positivo têm risco de metástase em locais secundários.

A proteína PDGF-C, localizada nos pulmões, aumenta em quantidade à medida que os indivíduos envelhecem ou quando o tecido fica danificado ou cicatrizado. A partir disso, a presença da proteína favorece o crescimento das células cancerígenas secundárias, confome informações do O Globo.

A partir de uma pesquisa realizada com ratos com tumores ER+, os pesquisadores conseguiram bloquear o crescimento da proteína a partir do uso do imatinib, um medicamento voltado para pacientes com leucemia mielóide crônica, que reduziu significativamente o crescimento metastático em outras partes do corpo.

Os animais foram tratados com o medicamento antes e depois do desenvolvimento dos tumores, resultando em uma redução significativa do câncer.

A professora Clare Isacke, que leciona Biologia Molecular e Celular no ICR, afirmou que a próxima etapa é entender quando e de que forma essas mudanças relacionadas à idade ocorrem.

“Este é um ótimo passo para a nossa compreensão do câncer de mama avançado - e como e por que as células cancerosas da mama formam tumores secundários nos pulmões. Em seguida, precisamos de identificar quando estas mudanças relacionadas com a idade acontecem e como variam entre as pessoas, de modo a podermos criar estratégias de tratamento que evitem o ‘despertar’ das células cancerígenas”, disse em nota publicada no site do ICR. 

Simon Vincent, diretor de pesquisa, apoio e influência da Breast Cancer Now (financiadora da pesquisa) analisou o impacto do estudo na vida dos pacientes.

“Esta animadora descoberta nos aproxima da compreensão de como podemos abrandar ou parar o desenvolvimento do câncer secundário da mama ER+ no pulmão. No futuro, isso tem o potencial de beneficiar milhares de mulheres que vivem com essa ‘bomba relógio’, assegurando que menos pacientes recebam a notícia devastadora de que a doença se espalhou”, completou, em entrevista ao ICR.