Perineum sunning: tomar sol nas partes íntimas aumenta risco de câncer de pele
A prática de tomar sol no períneo, entre a genitália e o ânus, tem se difundido nas redes sociais. Ela não tem embasamento científico e pode acarretar riscos à saúde
14:30 | Jan. 21, 2023
Celebridades e personalidades influentes tem aderido, e exibido em redes sociais, a práticas que prometem saúde e bem-estar sem embasamento científico. O perineum sunning, ou a exposição de partes íntimas ao sol, não é exceção, mesmo apresentando riscos à saúde.
Segundo defensores do perineum sunning, a prática, que alegadamente teria origem no taoísmo, estaria associada ao recebimento de energias, melhora do sono e da criatividade.
Entretanto, a professora Luciana de Carvalho, da Sociedade Taoísta Brasileira, afirma que a prática não é mencionada em nenhuma das linhagens taoístas que conhece. Além disso, ela também coloca que “pelos princípios taoístas e da medicina tradicional chinesa, há aspectos que podem tornar esta prática questionável.”
Mesmo assim, com a justificativa de que teria uma origem espiritual, o perineum sunning tem se tornado hábito para alguns influenciadores e personalidades das redes sociais. Entretanto, como alerta o dermatologista Emmanuel Magalhães, a exposição da região ao sol pode apresentar riscos à saúde a curto e longo prazo.
O médico explica que o períneo é o espaço entre a bolsa escrotal e o ânus nos homens ou entre a vulva e o ânus nas mulheres. Para ele, a prática não parece ser segura, uma vez que a pele dessa região é uma das mais finas e sensíveis do corpo.
Segundo o dermatologista, não há pesquisas científicas formais que deem suporte à exposição do períneo ao sol e a prática, que tem se visibilizado por influência de alguns influenciadores, já é alvo de críticas há anos em outros países.
“A exposição de outras partes é suficiente para produzir toda a vitamina D de que necessitamos. Sabe-se que a melhora de energia, sono e bem-estar acontecem com a exposição solar de qualquer parte do corpo. Assim, não parece haver nenhum benefício em expor essa parte do corpo ao sol,” afirma.
Emmanuel também coloca que expor o períneo ao sol pode ocasionar queimaduras e, a longo prazo, cânceres, principalmente do tipo melanoma e do tipo carcinoma espinocelular. Por isso, ele aconselha, especialmente a pessoas com histórico familiar ou pessoal de câncer de pele, que evitem esse tipo de hábito.
O médico alerta, ainda, que o risco é ainda maior para pessoas que apresentam contaminação na pele da região pelo Papilomavírus Humano, ou HPV. Nestes casos, ele coloca que o perineum sunning pode ocasionar a “tempestade perfeita” para o surgimento de carcinomas espinocelulares.
“Não recomendo, portanto, a ninguém que realize essa prática,” ressalta Emmanuel. Se mesmo diante dos riscos a pessoa escolher tentar o perineum sunning, o médico recomenda a aplicação de filtro solar na região com pelo menos vinte minutos de antecedência e que evite exposição nos horários entre 10 horas e 16 horas.
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