O que se sabe sobre a variante XBB.1.5 da Covid-19

Nova subvariante da ômicron foi detectada em vários países e responde por quase metade dos casos nos EUA. Pode ser a versão mais transmissível do coronavírus até agora, mas não há indícios de que seja mais grave

00:04 | Jan. 10, 2023

Por: DW
Nova variante já foi identificada no Brasil (foto: NIAID)

Uma nova subvariante da ômicron que já responde por mais de 40% das infecções por covid-19 nos Estados Unidos tem deixado em alerta as autoridades sanitárias do mundo todo. Apontada como a possível versão mais contagiosa do coronavírus até agora, a chamada XBB.1.5 também foi detectada em outros 28 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a mais recente atualização do monitoramento realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), 40,5% dos casos de covid-19 no país atualmente são provocados pela XBB.1.5.

A nova variante se espalha sobretudo no nordeste do país, com um número de infectados que tem praticamente dobrado a cada duas semanas. No início de dezembro, a sublinhagem representava apenas 1,3% das infecções.

O que é a subvariante XBB.1.5?

A XBB.1.5 é mais uma descendente da ômicron, a variante globalmente dominante do coronavírus. Trata-se de uma ramificação da XBB, detectada pela primeira vez em outubro do ano passado, e que, por sua vez, é resultado de uma recombinação de outras duas subvariantes da ômicron.

"Trata-se da subvariante mais transmissível já detectada", disse nesta quarta-feira (04/01) a epidemiologista sênior da OMS, Maria Van Kerkhove, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

"Isso se deve a mutações encontradas dentro dessa subvariante da ômicron, que permitem que o vírus adira à célula e se reproduza facilmente."

Quão perigosa ela é?

A OMS disse que ainda não dispõe de dados sobre a gravidade ou o possível impacto da XBB 1.5 nos doentes. Até o momento, não há nenhum indício de que a nova variante seja mais perigosa, embora o aumento da transmissibilidade seja sempre uma preocupação.

"Esperamos novas ondas de infecção no mundo todo, mas isso não precisa se traduzir em novas ondas de morte porque nossas contramedidas continuam surtindo efeito", disse Van Kerkhove, em alusão a vacinas e tratamentos.

Virologistas concordam que o surgimento da nova subvariante não representa necessariamente uma nova crise na pandemia de coronavírus. Trata-se apenas de algo esperado à medida que o vírus continua a se espalhar pelo mundo, afirmam.

É provável que a XBB.1.5 se espalhe globalmente, mas ainda não está claro se ela causará sua própria onda de infecções. Segundo especialistas, as vacinas atuais continuam a proteger contra sintomas graves, hospitalização e morte.

Como a OMS está lidando com a questão?

Segundo Van Kerkhove, o Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução de Vírus da OMS está fazendo uma avaliação de risco sobre a subvariante. Os resultados deverão ser divulgados nos próximos dias.

A OMS também afirmou estar acompanhando de perto quaisquer eventuais mudanças na severidade da subvariante com base em estatísticas e estudos de laboratório.

Aumento de casos de Covid na China

À medida que a XBB.1.5 se espalha rapidamente nos EUA, a China enfrenta uma onda de novos casos e hospitalizações logo após abandonar sua política de covid zero no final do ano passado, em resposta a uma série de protestos da população.

Autoridades de saúde mundiais criticaram Pequim por não compartilhar dados suficientes sobre o aumento com a comunidade internacional.

"Continuamos pedindo à China que forneça dados confiáveis regulares e com mais agilidade sobre hospitalizações e mortes, bem como sequenciamento viral mais abrangente em tempo real", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a repórteres em Genebra na quarta-feira.

Enquanto isso, cada vez mais países estão exigindo que passageiros de companhias aéreas vindas da China testem negativo para covid-19 antes de embarcar em seus voos.

O Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu às medidas dizendo que elas carecem de base científica e acusando os governos de manipularem a pandemia para fins políticos.

"Com a circulação tão alta na China e a falta de dados abrangentes, é compreensível que alguns países estejam tomando medidas que acreditem proteger seus próprios cidadãos", disse Tedros na quarta-feira.

Falta de transparência na China

Ao longo de dezembro, a China registrou oficialmente apenas 13 mortes por covid-19, apesar dos milhares de casos de infecção noticiados diariamente, além de hospitais lotados e crematórios sobrecarregados.

Na quarta-feira, um grupo de especialistas da OMS afirmou que nenhuma nova variante preocupante da covid-19 foi identificada na China com base nas informações que as autoridades chinesas compartilharam.

Segundo a OMS, cientistas chineses compartilharam mais de 770 sequenciamentos, com as subvariantes ômicron BA.5 e suas descendentes respondendo por mais de 97% de todas as infecções locais.

O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças disse não ver risco de o surto de covid-19 na China afetar o desenrolar da pandemia na Europa, dadas as altas taxas de vacinação em todo o continente.

O órgão também observou que as variantes que atualmente se espalham na China já estavam presentes na Europa, sugerindo que qualquer transmissão vinda da China teria um impacto insignificante.