Especialistas enfatizam a importância de proteção contra o HIV e adesão aos tratamentos

Na última década, detecção do HIV aumentou e casos de aids caíram no Ceará

13:20 | Dez. 09, 2022

Por: Marcela Tosi
Imagem de apoio ilustrativo: Usuário realiza teste de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No Ceará, no período de 1983 a 1º de novembro de 2022, foram notificados 17.627 infecções pelo HIV e 23.872 casos de Aids. Desse total, 89% das infecções foram diagnosticadas na última década. Nesses dez anos, foram 9.806 casos de Aids - o que equivale a 41% do total.

A partir de 2013, observa-se um declínio gradual da taxa de detecção de Aids, que passou de 13,5/100.000 habitantes para 8,6/100.000 habitantes em 2021. Essa redução tem sido
evidente desde que, em dezembro de 2013, o Ministério da Saúde determinou que todas as pessoas diagnosticadas com HIV recebam tratamento gratuito pelo SUS.

No mesmo período, observa-se o aumento dos casos de HIV, o que segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) está relacionado com a ampliação do acesso à testagem. Foram 690 infecções notificadas em 2013 e 2.018 notificadas em 2021 no Estado.

Érico Arruda, infectologista do Hospital São José (HSJ), explica que a ampliação da testagem e o incentivo à adesão ao tratamento são explicações para esse cenário. “Se não tem diagnóstico precoce ou se não inicia e adere à terapia antirretroviral, pode evoluir para um agravamento da saúde em decorrência da diminuição da imunidade. É isso que se quer evitar”, afirma.

“A terapia antirretroviral hoje é mais simples de administrar, tem menos efeitos colaterais e podemos iniciar mais precocemente. Com isso, a adesão é menos complexa. Ainda assim, acaba a levar ao cansaço de alguns pacientes, que tendem a abandonar”, comenta Arruda, apontado especialmente aqueles casos em que não há mais sintomas.

“É preciso que o paciente compreenda a importância e faça uso do medicamento. Outro aspecto é o apoio social e familiar. Ter alguém que está ao seu lado incentivando, alertando e favorecendo buscar o medicamento.”

Christiane Takeda, que também é infectologista no HSJ, enfatiza as diversas formas de prevenir-se contra o HIV. “Os postos de saúde distribuem camisinha, tanto a feminina quanto a masculina, existe a profilaxia pós-exposição e ainda, para alguns grupos populacionais, a profilaxia pós-exposição”, elenca.

“A questão do tratamento contra o HIV está bem enfatizada e as pessoas entendem a importância. Temos ainda um espaço para melhorar na prevenção”, avalia. “Quando você controla o HIV, você se mantém saudável e não transmite; mas o ideal é ter acesso à prevenção e sequer contrair o vírus.”

Como se prevenir contra o HIV

 

A melhor técnica de evitar o HIV/Aids é a prevenção combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes abordagens, aplicadas em diversos níveis, para responder às necessidades específicas de determinados segmentos populacionais e de determinadas formas de transmissão do HIV.


Segundo o Ministério da Saúde, o uso do preservativo, masculino ou feminino, em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), do HIV/Aids e das hepatites virais B e C.

Caso a exposição sexual de risco tenha acontecido há menos de 72 horas, informe-se sobre a profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP).

Há também a profilaxia pré-exposição, receitada para pessoas que tenham uma maior chance de entrar em contato com o HIV.

Objetos cortantes de uso pessoal, como lâminas de barbear ou de depilação, navalhas, cortadores de unha e similares, não devem ser compartilhados com outras pessoas. Caso isso seja necessário, a esterilização completa é recomendada. Agulhas e seringas também não podem ser compartilhadas.

Além disso, as mães soropositivas devem usar antirretrovirais durante a gestação para prevenir a transmissão vertical e evitar amamentar seus filhos.