Saúde bucal: saiba quais são as doenças causadas pela falta de higiene
No Brasil, estima-se que apenas 53% da população faz o uso correto dos materiais indicados por dentistasA falta de cuidados com a higiene da boca pode causar diversas doenças graves, sendo a cárie a mais comum. No entanto, a gengivite, a periodontite e as doenças sistêmicas também podem ter origem na falta de saúde bucal, como a endocardite bacteriana, aterosclerose, infecções pulmonares, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e partos prematuros.
De acordo com Iracema Matos de Melo, professora-adjunta do curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral, a prematuridade e o baixo peso ao nascer são explicados, por exemplo, pela presença de bactérias periodontais e inflamação na unidade feto-placentária.
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Ela afirma que esses fatores afetam o crescimento fetal intra-uterino, bem como podem promover parto prematuro pela produção de mediadores que promovem a contração do útero, como a prostaglandina E2.
A periodontite por sua vez consiste em uma doença inflamatória crônica causada pelo acúmulo de bactérias gram-negativas organizadas em biofilme (placa dental).
Escova de dente, fio dental e pasta dentária são os materiais essenciais para manter a saúde bucal cotidiana. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em 2015, 53% da população utiliza os três materiais necessários para a limpeza bucal, a escova de dente, a pasta dentária e o fio dental.
Segundo a dentista Raquel Fiterman, a desinformação é o principal motivo que leva as pessoas a negligenciarem os cuidados com a higiene bucal, pois uma parcela da população não sabe a maneira correta de manusear os instrumentos de higiene.
“Algumas pessoas sabem que é importante usar o fio dental e a escova de dentes, mas não utilizam de forma correta, ou por preguiça ou por não saberem como usar”, afirmou.
A dentista acrescenta que visitas regulares ao dentista são fundamentais para auxiliar no cuidado com a saúde bucal, mas, apesar disso, muitos não frequentam por medo ou falta de tempo.
Raquel aponta ainda que “o Brasil é um país que tem mais dentistas no mundo e é o país que tem mais desdentados também”, e isso se deve à falta de higiene bucal, causada pela dificuldade de se ter acesso aos serviços odontológicos e ausência de políticas efetivas de prevenção.
A dentista acrescenta que dentre as alternativas para reverter o cenário, os atendimentos odontológicos preventivos nas escolas e aumento do acesso aos serviços públicos de odontologia seriam caminhos ideais para a melhoria da saúde bucal no País.
Paulino Fernandes, funcionário público, relata que não tinha o hábito de ir ao dentista, no entanto, o cenário mudou quando uma infecção causada pela falta de cuidado com os dentes o levou a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“A restauração de um dente acabou caindo, começou então a sair uma secreção, estava infeccionado, mas fiquei apenas limpando. Até que três meses depois, tive o AVC”, mencionou.
Paulino relata que antigamente tinha medo de ir ao dentista. “Antes, a relação entre médicos e pacientes era diferente, não tinha o cuidado que existe hoje em dia. Eu adquiri um trauma muito grande, só o barulho do motor já me causava arrepios.”
Após realizar uma consulta com o médico cardiologista, foi constatado que o AVC havia sido causado pela infecção. Paulino iniciou então um acompanhamento para tratar da infecção e outras questões ligadas à saúde bucal.
Saúde bucal: como evitar doenças?
1. Faça visitas regulares ao dentista e mantenha o cuidado cotidiano com a higiene da boca;
2. Escove os dentes com creme dental fluoretado, use fio dental regularmente e limpadores de língua;
3. A utilização de colutórios/enxaguantes bucais também pode melhorar o controle de placa (restos alimentares) pelo paciente e favorecer a manutenção da saúde oral;
4. Em alguns casos, o paciente precisa de recursos adicionais ou creme dentais com agentes químicos ativos além do flúor;
5. O dentista pode trabalhar na técnica de escovação utilizada pelo paciente, a fim de otimizá-la e permitir um melhor controle de placa.
Fonte: Iracema Matos de Melo, professora-adjunta de Odontologia da UFC de Sobral