Teste rápido de dengue: como é feita aplicação e quanto tempo resultado demora
Para entender mais sobre os testes, o O POVO conversou com Christianne Takeda, infectologista do Hospital São José e também com empresas que fabricam e realizam a testagem
Os testes rápidos de dengue são utilizados como uma triagem para investigar a condição imunológica (contato recente ou passado com o vírus) dos indivíduos que buscam os serviços de saúde públicos e privados, de acordo com o Ministério da Saúde. O objetivo da aplicação é não prejudicar o fluxo de atendimento nas unidades. É recomendado que o paciente faça o exame apenas a partir do 6º dia da data de início dos sintomas, sendo preferencial após o 10º dia.
Cada vez mais comum em laboratórios particulares, a aplicação e o resultado do exame ainda geram várias dúvidas e discussões. Por exemplo, não existem no mercado autotestes, e, para ser 100% seguro, o teste necessita de um profissional de saúde acompanhando.
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Para entender mais sobre os testes, O POVO conversou com Christianne Takeda, infectologista do Hospital São José, e também com empresas que fabricam e realizam a testagem. Segundo as fontes ouvidas, com o rigor e os padrões técnicos estabelecidos, o resultado, caso positivo, será capaz de detectar o antígeno NS1 presente nos quatro sorotipos da doença.
Christianne Takeda explica que o teste rápido de dengue ou de qualquer outra arbovirose (chikungunya e Zika) não é um resultado definitivo. Ela diz que a existência do exame não desmerece o teste tradicional, mesmo o paciente positivando no exame de detecção instantânea, a recomendação é que se faça uma confirmação pelo método convencional.
“O teste normal pode levar horas sendo realizado. Geralmente a gente manda a amostra para um laboratório que coloca na fila de produção a realização desse teste. O teste rápido ele leva minutos. A pessoa que está sendo investigada faz lá o furo no dedo, insere a amostra na plaquinha e fica esperando igual teste de gravidez. É exatamente igual ao teste de gravidez, com marcas que indicam se deu positivo ou é negativo”, destaca a médica
Tecnologia usada no teste rápido de dengue
Conforme Bernardo Almeida, infectologista e diretor médico do Laboratório Hilab, há diversas metodologias de testes, que interferem tanto no tempo para se divulgar o resultado quanto no tipo de equipamento ou fórmula.
“Uma delas [metodologia] é realizada em tira imunocromatográfica, que é impregnada por moléculas, como antígenos ou anticorpos, que reagem com a amostra. O processamento é realizado pelo Hilab Flow, que digitaliza a reação e envia ao laboratório central, onde é feita a análise e laudo. Outra metodologia é realizada pelo Hilab molecular, que avalia mudanças nas características da solução com amostras que sofreram amplificação de material genético”, detalha.
De acordo com o diretor médico do Hilab, no modelo do laboratório, a aplicação do teste ocorre a partir da coleta da amostra por punção capilar, que é inserida na cápsula, a qual é posta no equipamento com tira imunocromatográfica.
“O equipamento capta a reação e a envia para a nuvem, que a transfere ao laboratório Hilab. A reação é analisada com auxílio de Inteligência Artificial e interpretada por um profissional, que envia o resultado por laudo após cerca de 15 minutos. É um modelo de laboratório descentralizado através da incorporação da tecnologia de conexão e internet das coisas”, explica Bernardo Almeida.
Conforme a Vyttra Diagnósticos, por meio da Próxima, sua divisão de Point of Care, os testes rápidos são um produto que democratiza o acesso a diagnósticos mais precisos, rápidos e com alta assertividade.
Segundo a empresa, o novo teste identifica se um paciente está ou não infectado pela dengue em apenas dez minutos. Intitulado “PROX Dengue NS1”, o exame promete a detecção qualitativa do antígeno NS1 em amostras de sangue das pessoas com a doença.
“Este é um avanço no campo de testes rápidos, já que em apenas dez minutos, com um pequeno volume de amostra, é possível oferecer ao paciente um resultado com sensibilidade de 95,97% e especificidade de 96,3%”, relata Eduardo Silva, biomédico e especialista de produtos na Vyttra Diagnósticos.
A coleta da amostra é realizada por meio da extração de 75 ul/ml (milímetros) de sangue do dedo. A metodologia do teste permite que ele seja feito com sangue total, soro ou plasma.
“Conforme o reagente se move através da membrana, o anticorpo NS1 da dengue se ligará ao complexo antígenoanticorpo formando uma linha colorida na região da membrana. A intensidade da cor variará dependendo da quantidade de antígeno presente na amostra”, explica Eduardo Silva.
Falta de autotestes de dengue
Segundo Bernardo Almeida, ainda não há autotestes de dengue no mercado por questões regulatórias, uma vez que há tecnologia disponível no mercado produção e comercialização. Atualmente, no Brasil, só é permitida a realização de autotestes para algumas situações, como a aferição de glicose, teste para HIV e Covid.
“Há claramente um desalinhamento em relação às demandas do sistema de saúde e possibilidades que surgem com o avanço da tecnologia. Mas a tendência é de que os autotestes para dengue e outros exames relevantes em saúde coletiva sejam incorporados”, diz o infectologista e diretor médico do Laboratório Hilab.