Varíola dos macacos: quais os riscos em crianças e como protegê-las
As crianças ainda não estão com o sistema imunológico completamente formado, o que pode causar agravamento dos casos. Veja quando suspeitar da doença em criançasCasos suspeitos e confirmados de varíola dos macacos em crianças alertam para os cuidados contra a doença nessa faixa etária. No Ceará, pelo menos quatro crianças entre seis e 11 anos estão com suspeita de Monkeypox. Grávidas, crianças com menos de oito anos e imunossuprimidos integram o grupo de risco para a varíola dos macacos.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), doença pode ser mais grave em crianças. Entendimento tem como base informações de pacientes de regiões do continente africano, onde o vírus é endêmico. Mas não se sabe ainda se tendência vai se repetir nos países que estão sendo afetados por surtos atualmente.
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Conforme infectologista pediátrico Robério Leite, professor adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor da Regional Ceará da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-CE), não há evidências bem definidas nesse sentido, mas, provavelmente, as crianças são mais vulneráveis ao vírus.
"Casos de Monkeypox na África mostravam maior risco de complicações da doença em crianças menores de 8 anos. Provavelmente, isso deve estar relacionado com uma imaturidade do sistema imunológico", detalha.
No cenário atual, como protegê-las do risco de infecção? Conforme o infectologista pediátrico, a identificação e isolamento precoces de indivíduos com a doença representam uma maneira mais acessível de prevenção em qualquer idade no momento atual.
"A vacina, quando disponível, pode ser uma estratégia de prevenção e de bloqueio após contato com caso confirmado. Existe ainda a possibilidade de uso de imunoglobulina específica e de antiviral", complementa.
Principalmente durante a infância, os sintomas da varíola dos macacos podem ser confundidos com os de outras enfermidades, como catapora ou sarampo. Mas o professor explica que existem algumas peculiaridades do quadro clínico de Monkeypox que podem ajudar a diferenciar dessas doenças.
"Destacaria as lesões bolhosas e vesiculares com maior distribuição nas extremidades e na face, do que no eixo central do corpo, não poupando a palma das mãos e a planta dos pés, são dolorosas e o fato de se encontrarem num mesmo estágio evolutivo numa área próxima da pele", diferencia.
Leite ressalta outro aspecto: na catapora, por exemplo, a distribuição das lesões é o inverso do que ocorre em Monkeypox e as lesões se encontram em diferentes estágios evolutivos numa área de pele próxima. Em caso de aparecimento de lesão parecida com qualquer doença do tipo, deve-se procurar atendimento médico.
Ele acrescenta que a informação de que uma criança que desenvolva lesões compatíveis tenha tido contato recente com indivíduo suspeito pode ser uma pista fundamental para o diagnóstico.
O tratamento das pessoas infectadas envolve o suporte para as manifestações clínicas, como antitérmicos e boa hidratação, e o uso do antiviral específico. Ele aponta que "a questão é a dificuldade global para o acesso ao antiviral e à vacina, em função da rápida escalada global de casos e a ausência de estoques".
Recomendação para gestantes, puérperas e lactantes
As recomendações da pasta alertam que o quadro clínico de gestantes tem características similares ao de outras pessoas. Entretanto, nesse grupo, a gravidade da doença pode ser maior. Nota orienta que gestantes, puérperas e lactantes devem se manter afastadas de pessoas que apresentem febre e lesões cutâneas.
O que sabemos sobre a doença
Como é transmitida?
- Principalmente por meio de grandes gotículas respiratórias. Como as gotículas não podem viajar muito, é necessário um contato pessoal prolongado;
- Fluidos corporais, contato com alguma lesão ou contato indireto com o material da lesão;
- Por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes.
Como se prevenir?
- Evitando contato com pessoas com caso suspeito e objetos que essas pessoas tenha usado, bem como com animais que possam estar doentes;
- Uso de máscara de proteção e distanciamento.
Quais os principais sintomas?
- A doença tem período de incubação pode variar de 5 a 21 dias;
- O estágio febril da doença geralmente dura de 1 a 3 dias (febre, dor de cabeça intensa, inchaço dos gânglios linfáticos, dor nas costas, dor muscular e falta de energia);
- O estágio de erupção cutânea, com duração de 2 a 4 semanas (lesões evoluem de máculas — lesões com base plana — para pápulas — lesões dolorosas firmes elevadas).
Qual a gravidade da varíola dos macacos?
- Além de transmissão menor, a letalidade da varíola dos macacos também é bem menor em comparação à varíola humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade da doença surgida mais recentemente é de 3% a 6%. A mortalidade da varíola humana chegava a 30%, conforme o órgão.
- Em geral, os pacientes tomam remédios apenas para tratar os sintomas como dor de cabeça e febre. Casos mais graves podem ocorrer em gestantes, idosos, crianças e pessoas que têm doenças que diminuem a imunidade.
Existem vacinas disponíveis que protegem contra a doença?
- As vacinas contra varíola comum (humana) protegem também contra a varíola dos macacos. Com a erradicação da doença no mundo, em 1980, a vacina deixou de ser aplicada. Pessoas que foram vacinadas há mais de 40 anos contra a varíola humana ainda podem ter alguma proteção;
- Alguns países da Europa e da América do Norte já começaram a vacinar alguns grupos populacionais. O Ministério da Saúde informou que está contato com entidades ligadas à Organização Mundial da Saúde (OMS) para adquirir o imunizante. (Com agências)
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