Perda de olfato ou paladar persiste em 5% dos casos de Covid

Pesquisa analisou dados de 3.699 pacientes que tiveram a doença. Autores alertam que alteração desses sentidos pode levar a "sofrimento intenso" e pedem que sistemas de saúde acolham e apoiem essas pessoas

00:02 | Ago. 02, 2022

Por: DW

Cerca de 5% das pessoas que contraem Covid-19 enfrentam perda ou alteração de olfato ou paladar por pelo menos seis meses após a infecção, concluiu uma pesquisa científica publicada na última quinta-feira, 28. A perda do olfato tem sido uma marca característica da infecção pelo coronavírus desde o início da pandemia, mas não estava claro com qual frequência sintomas como esse ocorrem, ou por quanto tempo podem durar.

Os pesquisadores analisaram os resultados de 18 estudos anteriores, que envolveram 3.699 pacientes. A partir de um modelo matemático, eles estimaram que 5,6% dos pacientes tinham problemas no olfato e 4,4%, alterações no paladar, por pelo menos seis meses após a infecção.

Segundo os autores do estudo, a perda ou a modificação do olfato ou paladar pode levar a "sofrimento intenso", e é necessário que os sistemas de saúde estejam preparados para apoiar essas pessoas, que com frequência sentem-se "isoladas" após serem dispensadas pelos médicos. Mulheres são mais afetadas

A pesquisa, publicada na revista médica BMJ, também descobriu que as mulheres tinham menos probabilidade de recuperar o paladar e o olfato do que os homens após a infecção. O motivo dessa diferença não é conhecido, mas os pesquisadores ponderaram que as mulheres, em geram, tendem a ter o olfato e o paladar mais aguçados do que os homens, o que significa que elas têm mais a perder. Uma mulher relatou que não havia recuperado seu olfato 27 meses após ter contraído a covid.

Os pesquisadores ressaltaram que, apesar de ser esperado que a maioria dos infectados recupere seu olfato e paladar nos primeiros três meses após a infecção, "um grande grupo de pessoas pode desenvolver disfunções duradouras que requerem diagnóstico a tempo, tratamento personalizado e acompanhamento a longo prazo".

Danny Altmann, imunologista do Imperial College de Londres não envolvido na pesquisa, classificou-a como um "estudo consistente e importante". "Estudos como este nos alertam para o tormento silencioso de pessoas que sofrem com sintomas persistentes, mas que talvez não tenham achado que valesse a pena entrar em contato com o médico na suposição de que não haveria muito a ser feito", disse.

Os dados não consideram qual variante do coronavírus os pacientes contraíram. Pesquisas anteriores indicam que a variante ômicron é menos propensa a provocar perda do olfato.