Varíola dos macacos representa emergência global, declara OMS
Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é o nível mais alto de alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS). Decisão foi informada pelo diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, neste sábado, 23A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, neste sábado, 23, o surto global de Monkeypox, doença conhecida como varíola dos macacos, como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, em inglês), ainda que membros do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional não tenham chegado a um consenso. Esse é o nível máximo de alerta da OMS.
Em menos de um mês desde a primeira reunião dos especialistas para avaliar as informações epidemiológicas sobre a doença, em 23 de julho, os casos reportados passaram de 3.040, em 47 países, para mais de 16 mil em 75 países e territórios, com cinco mortes. No primeiro encontro, apesar de haver opiniões divergentes, foi decidido por consenso que o surto não representava uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
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"À luz do surto em evolução, reuni novamente o comitê na quinta-feira desta semana (dia 20 de julho) para revisar os dados mais recentes e me aconselhar adequadamente", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em entrevista coletiva virtual realizada nesta manhã.
A avaliação da OMS é de que o risco da chamada varíola dos macacos é moderado, globalmente e em todas as regiões, com exceção da região europeia, onde é considerado alto. Segundo o diretor-geral, há "um risco claro de maior disseminação internacional", embora o risco de interferência no tráfego internacional, no momento, permaneça baixo.
"Em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo, por meio de novos modos de transmissão, sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional. Por todas essas razões, decidi que o surto global de Monkeypox representa uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional", afirmou.
Recomendações para os países
No pronunciamento, o diretor-geral da OMS informou que há recomendações para quatro grupos de países, de acordo com os estágios em que se encontram em relação aos casos da doença. O primeiro grupo refere-se àqueles que ainda não reportaram casos de Monkeypox ou não reportaram casos nos últimos 21 dias.
No segundo grupo estão os que tiveram casos importados recentemente e onde há transmissão entre humanos. Para eles, há recomendações como:
- Implementar uma resposta coordenada para interromper a transmissão e proteger grupos vulneráveis;
- Engajar e proteger as comunidades afetadas;
- Intensificar a vigilância e as medidas de saúde pública;
- Fortalecer o manejo clínico e a prevenção e o controle de infecções em hospitais e clínicas;
- Acelerar a pesquisa sobre o uso de vacinas, tratamentos e outras estratégias;
- Recomendações sobre viagens internacionais.
Em terceiro estão os países com transmissão de animais para humanos, e no quarto grupo, países com capacidade para diagnósticos, vacinas e tratamentos.
Após a coletiva de imprensa virtual, a Organização publicou o relatório sobre o atual cenário da Monkeypox, no qual constam as recomendações temporárias aos países na íntegra e as opiniões dos membros do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional a favor e contra a declaração do alerta de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.
Varíola dos macacos: combate ao estigma e à discriminação
Detectada pela primeira vez em humanos em 1970, a chamada varíola dos macacos é menos perigosa e contagiosa do que a varíola, erradicada em 1980. Ela é uma doença viral transmitida por contato próximo com uma pessoa infectada e com lesões da pele.
Além do contato por meio de abraço, beijo, relações sexuais ou secreções respiratórias, a transmissão da Monkeypox pode ocorrer por meio de objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies utilizadas pelo infectado.
Durante a coletiva de imprensa virtual, foi destacada a preocupação com o estigma e a discriminação que podem ocorrer devido à doença. Isso porque, segundo explica Ghebreyesus, o surto está concentrado entre homens que relacionam-se sexualmente com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros.
O diretor-geral destacou a importância de os países fornecerem informações e serviços eficazes para proteger a saúde, os direitos humanos e a dignidade das comunidades afetadas. "Em acréscimo às nossas recomendações aos países, também chamo as organizações da sociedade civil, incluindo aquelas com experiência no trabalho com pessoas HIV positivo, para trabalhar conosco na luta contra o estigma e a discriminação", disse.
Rosamund Lewis, líder técnica sobre Monkeypox do Programa de Emergências da OMS, explica que ainda não se sabe o porquê de esse grupo estar concentrando os casos atualmente e que há formas de transmissão que ainda não haviam sido descritas anteriormente e ainda precisam ser estudadas.
De acordo com ela, a doença está manifestando mais transmissão de pessoa para pessoa, mas o que não se sabe ainda é se houve mudança no vírus ou se, à medida que mais pessoas nasceram após a erradicação da varíola, há menos pessoas coletivamente imunes ao Orthopoxvirus, uma vez que ambas as doenças são da mesma família.