Ministério da Saúde brasileiro considera segundo reforço geral, atualmente reservado a imunossuprimidos. Cidade paulista de Botucatu se antecipa e começa a aplicar quarta dose em maiores de 60 anos.O Ministério da Saúde afirmou que está analisando a possibilidade de recomendar uma quarta dose da vacina contra a covid-19 para a população em geral no Brasil, mas que no momento ainda não há dados suficientes para emitir essa autorização. O ministro da Saúde, Marco Queiroga, disse nesta segunda-feira (07/02) que o tema está em discussão pela área técnica e que a decisão é de ainda não liberar a quarta dose para a população em geral "A área técnica tem discutido isso. A secretária Rosana [Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde] conversou comigo na sexta-feira passada e disse que o grupo técnico ainda não avalia aplicar essa quarta dose neste momento, mas, na prática, seria a dose de 2022. O que nós temos são doses para garantir que as necessárias, recomendadas pelos técnicos, sejam disponibilizadas para a população brasileira", afirmou o ministro em entrevista a jornalistas. Uma nota técnica da pasta sobre o tema foi divulgada na sexta-feira. O documento afirma que o plano de vacinação contra a covid-19 é dinâmico e pode ser alterado de acordo com conclusões científicas, mas que antes de considerar a inclusão da quarta dose "se faz necessário compreender o cenário epidemiológico com maior detalhamento quanto às hospitalizações, óbitos e infecções pela covid-19 entre determinados grupos etários e sua relação com o status de vacinação (vacinados x não vacinados)". Desde dezembro, o Ministério da Saúde recomenda que a quarta dose seja aplicada somente em imunossuprimidos, como portadores de HIV, pacientes em hemodiálise, em tratamento com quimioterapia para câncer e que receberam transplantes de órgãos, entre outras. Nesses casos, a quarta dose pode ser aplicada quatro meses após a terceira. No momento, 77,7% da população brasileira recebeu a primeira dose da vacina e 70,3% completou o esquema vacinal. A dose de reforço foi aplicada em 23,6% da população. Dose específica para ômicron O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo, afirmou ao portal G1 que o governo discute liberar a quarta dose para a população com mais de 60 ou 70 anos, mas ainda aguarda estudos sobre a necessidade ou não de usar uma segunda geração de vacinas, desenvolvida especificamente para as novas variantes do coronavírus. A Pfizer-BioNTech e a Moderna, que produzem vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro, estão realizando ensaios clínicos com uma nova versão de seus imunizantes, desenvolvida especificamente para a variante ômicron. Na última semana de janeiro, um estudo de terceira dose com a vacina da Moderna específica contra a ômicron em macacos indicou que não houve diferença significativa em relação à vacina normal. Os macacos foram divididos em dois grupos: um recebeu a dose de reforço normal e outro o reforço específico para a ômicron. Depois de serem infectados com a covid-19, ambos os grupos tiveram "aumentos comparáveis e significativos na resposta de anticorpos neutralizantes", segundo o estudo. Esse resultado pode indicar que uma vacina específica contra a ômicron não seja necessária, segundo os pesquisadores, mas ainda é necessário aguardar os dados de ensaios clínicos feitos em humanos. Botucatu aplica quarta dose em idosos O município paulista de Botucatu se antecipou às recomendações federal e estadual e iniciou nesta segunda-feira a aplicar a quarta dose em maiores de 60 anos que tomaram a terceira dose há pelo menos quatro meses. É o primeiro município do Brasil a fazer isso. Neste sábado, a coordenadora do Plano Estadual de Imunização de São Paulo, Regiane de Paula, afirmou que o estado também avalia aplicar a quarta dose da vacina contra a covid-19 na população em geral depois de concluir a aplicação da terceira dose. "Estamos avaliando a quarta dose para a população. Mas antes, precisamos terminar a terceira dose de todos os elegíveis." Segundo a secretária, há 10 milhões de habitantes do estado aptos a tomar a terceira dose, que ainda não a receberam, e 2,2 milhões que não tomaram a segunda dose. "Aguardamos também o Ministério da Saúde. Mas quero só frisar que no Plano Estadual de Imunização nós, muitas vezes, vamos além do Ministério da Saúde. Então, trabalhamos para que a população receba a vacina em tempo oportuno", afirmou a coordenadora. Quarta dose em outros países Outras nações já iniciaram a aplicação da quarta dose em parte da população. Em Israel, a quarta dose começou a ser aplicada no fim de dezembro em imunossuprimidos, funcionários de lares de idosos e maiores de 60 anos. Em 25 de janeiro, um painel de especialistas que assessora o governo recomendou liberar a quarta dose para todas os maiores de 18 anos de idade, no mínimo cinco meses depois da terceira dose. O Ministério da Saúde de Israel afirmou em 23 de janeiro que uma quarta da vacina ampliou em três vezes a proteção contra manifestações graves da covid-19 e em duas vezes contra infecção pela variante ômicron, com base num estudo feito com 400 mil israelenses que receberam a quarta dose e 600 mil que receberam três doses. No Chile, a quarta dose foi autorizada em janeiro para imunodeprimidos e, nesta segunda-feira, começou-se a aplicar a quarta dose em maiores de 55 anos ou mais. Nos Estados Unidos, imunossuprimidos podem desde janeiro receber uma quarta dose dose, seis meses após a terceira dose. Na Alemanha, a Comissão Permanente de Vacinação (Stiko) recomendou, na última quinta-feira, a aplicação da quarta dose em imunoderpimidos, moradores de lares de idosos, funcionários do setor de saúde e de lares de idosos e maiores de 70 anos. A Comissão Europeia também instruiu os ministros da Saúde dos 27 países-membros do bloco a se prepararem para aplicar a quarta dose da vacina assim que informações científicas mostrarem que ela seja necessária. bl/av (ots)