O que é herpes e quais os sintomas? Doença vira assunto após beijo entre participantes do BBB 22
Doença acomete mucosas e, principalmente, a pele, causando infecção crônica recorrente. Casos mais graves da patologia podem atingir o sistema nervoso central do corpo humano
19:00 | Fev. 11, 2022
Na última festa do líder do Big Brother Brasil (BBB) 22, nessa quarta-feira, 9, Eliezer e Natália trocaram beijos intensos e deixaram alguns participantes preocupados, já que o empresário está com uma lesão de herpes ativa no lábio. Depois do episódio, a doença passou a ser mais procurada na internet por pessoas que não sabem tanto sobre, como as formas de contágio e se existe cura, por exemplo.
A infectologista do Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, Lisandra Damasceno, explica que o herpes é um vírus que acomete principalmente a pele, causando uma infecção crônica recorrente. Ele também pode atingir as mucosas e, em casos mais graves, o sistema nervoso central do corpo. Ainda, existem dois tipos, sendo o herpes simples vírus um (HSV-1) e o herpes simples vírus dois (HSV-2).
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O tipo um da doença acomete de forma mais frequente a região da face, principalmente os lábios, mas também pode atingir a região do tronco, sendo no tórax e nas costas. Já o tipo dois é mais frequente na região genital. A infectologista explica, no entanto, que pode haver uma inversão dos locais de manifestação da doença, onde o tipo um atinge a região genital e o tipo dois a região da face.
"A transmissão é através do contato direto de pessoas que estejam naquele momento doente. O herpes se manifesta com pequenas bolhas agrupadas e juntas, que têm um líquido dentro. Esse líquido é onde está o vírus. Então, se a pessoa entrar em contato direto com essa lesão, as pequenas bolhas podem se romper e esse líquido pode entrar em contato direto com a pele, aí acaba transmitindo", explica Lisandra.
Ela explica que o herpes também pode ser transmitido através do contato indireto por meio de objetos contaminados. Dessa forma, quando a doença está em sua forma ativa, o recomendado é não compartilhar objetos de uso pessoal nem talheres e copos, além de evitar contato direto com outras pessoas por meio do beijo ou de relações sexuais.
"Outros sintomas ou complicações são mais raros, mas pode acontecer de se desenvolver uma meningite por herpes ou o que a gente chama de meningo encefalite. Por meio de alguma infecção, esse vírus acaba indo para o sistema nervoso central, podendo causar isso. Ou pode também causar lesões maiores e extensas, principalmente em pessoas que têm problemas com a imunidade", pontua a infectologista.
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Região Genital
A dermatologista especialista em Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Ruth Menezes, também explica que a inversão dos locais de manifestação da doença pode acontecer quando uma pessoa que está com uma lesão de herpes ativa na boca, sendo o simples tipo um, pratica sexo oral em outra pessoa, podendo contaminar a região genital desta com o mesmo tipo de herpes.
"O vírus é transmitido quando está em atividade ou em fase de replicação, o que significa que ele está se dividindo e aparecendo em maior quantidade. Isso acontece tanto no tipo um quanto no tipo dois, já que eles se comportam de maneira muito parecida. No entanto, o herpes simples genital é mais comum de se ter recidiva, ou seja, de ficar aparecendo de forma mais frequente", esclarece Ruth.
Manifestação de sintomas
A dermatologista também explica que a maior parte da população entra em contato com o vírus da doença quando criança, podendo passar a vida toda sem manifestar sintomas. Existem fatores, porém, que podem tornar o vírus ativo no corpo humano, como exposição solar intensa, estresse emocional, fadiga física e mental, período menstrual no caso de mulheres e imunidade baixa.
"Geralmente, a gente tem contato com o vírus do herpes simples tipo um na infância, onde normalmente não ocorre a manifestação de sintomas. Quando ocorre, a primeira infecção é mais grave, podendo, em casos raros, se ter até meningite. Depois, o vírus pode ou não ficar tendo recidivas. Há casos de também passar a vida toda com o vírus de forma assintomática", pontua a dermatologista.
O herpes tem cura?
De acordo com as especialistas, o herpes em seus dois tipos não tem cura, mas existem formas de controlar a doença, principalmente em casos de pessoas que costumam ter recidivas constantes. "Pode ser usado um medicamento, que é um antiviral, que não cura a infecção, mas diminui o tempo de doença e os sintomas", explica a infectologista do HSJ.
As crises costumam durar entre cinco a dez dias, onde o uso de medicamento, prescrito por um especialista, diminui o tempo de manifestação. "Isso vai ajudar a pessoa a sair mais rapidamente daquele momento de atividade da doença. A pessoa vai usar, principalmente, se ela tiver muitas crises durante o ano, mas não existe cura para a infecção", completa Lisandra.
A dermatologista especialista em IST também explica que é difícil saber o momento exato de contágio da doença, já que pessoas podem tê-la a vida toda, mas sem manifestar sintomas. "O vírus fica escondido no gânglio nervoso ou sensorial, uma estrutura neural. Ele fica guardado, mas em momentos em que acontece uma baixa da imunidade ou exposição ao sol, por exemplo, ele pode ser reativado", pontua.
Incidência da doença
Segundo o site da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos (67%) tem o HSV-1 do herpes em todo o mundo. A manifestação do tipo dois da doença (HSV-2) acontece em cerca de 491 milhões de pessoas com idade entre 15 e 49 anos (13%). A maioria dos casos de infecções orais e genitais por herpes são assintomáticos.
Ainda de acordo com a OMS, as infecções são mais contagiosas quando há sintomas, mas o herpes também pode ser transmitido por pessoas assintomáticas. Além disso, a infecção por HSV-2 aumenta o risco de contaminação e transmissão de HIV, vírus causador da aids, doença também sexualmente transmissível.
"Pessoas que têm um grau de comprometimento da imunidade maior, como pacientes com HIV, por exemplo, a manifestação da doença acontece de forma mais grave e duradoura. As drogas podem diminuir a replicação viral", explica a dermatologista Ruth. "Ter herpes não condena alguém a nunca se relacionar com ninguém", completa a médica.
A recomendação das especialistas é sempre ter cuidado de forma coletiva, não somente individual. Em caso de surgimento de pequenas bolhas, lesões de pele comuns da doença, é essencial evitar ter contato mais próximo e íntimo com outras pessoas, uma vez que a doença é mais transmitida em sua fase ativa em alguma região do corpo.
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