Mosquito: repelente natural e caseiro funciona contra pernilongo?
Mosquito pode ser transmissor de doença grave, por isso muitas pessoas recorrem ao repelente natural e/ou caseiro contra o pernilongo. Veja se funciona realmente
20:23 | Fev. 10, 2022
A quadra chuvosa do Ceará ocorre entre fevereiro e maio, quando cerca de 75% da chuva do ano diminui. O período é marcado, também, pela maior presença de mosquito, pois há mais umidade e acúmulo de água parada - ambiente propício para a reprodução desses insetos. Algumas espécies, como Aedes aegypti e Anopheles, transmitem doenças graves, como dengue e malária.
Além disso, o pernilongo torna diversos momentos em um incômodo com seus zumbidos e picadas incessantes. Por isso, muitas pessoas recorrem a repelente natural e caseiro, que não prejudique a saúde humana, para combater esses insetos. Porém, vale questionar: até que ponto essas soluções são realmente eficazes? O POVO conversou com especialistas para entender como funciona. Confira:
Repelente natural e caseiro contra mosquito: estratégias de combate
Há uma relação diretamente proporcional entre a quadra chuvosa e a incidência de mosquitos, conforme Selene Maia, professora titular do curso de Química da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Em estudo epidemiológico, a pesquisadora constatou que "a precipitação e a umidade [características do período chuvoso] influenciam no número dos casos de dengue".
Nesse contexto, o uso de repelente é comum por não existir vacinas contra algumas das doenças transmitidas pelos mosquitos. Segundo Pedro Matheus, mestre e doutorando em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o combate aos pernilongos precisa estar aliado à conscientização das pessoas e à limpeza urbana.
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“Uma das maiores estratégias é a combinação entre políticas públicas envolvendo saneamento básico e a educação ambiental, sensibilizando a população a estar sempre atenta para eliminar qualquer criadouro de mosquitos”, explica Pedro, que integra o Laboratório de Bioprospecção de Recursos Regionais (Bioprospec) e pesquisa proteínas de sementes de plantas da Caatinga com potencial inseticida contra o Aedes aegypti.
Selene Maia acrescenta outras formas de enfrentamento, dando importância ao ato de conversar com vizinhos e conhecidos sobre a eliminação de objetos que possam acumular água, como pneus e pratos de vasos de plantas. "Colocar telas e fechar as janelas no fim da tarde também são medidas que ajudam bastante, assim como também ventiladores e ar-condicionado", diz ela.
Repelente natural e caseiro contra mosquito: como escolher
Para quem escolhe os repelentes naturais como forma de lidar com esses insetos, Pedro cita vantagens desses produtos, como a baixa toxicidade (em comparação a repelentes industriais/sintéticos) e a menor probabilidade de resistência por parte dos mosquitos. “Contudo, apesar de receberem o nome de naturais, eles podem causar reações adversas, como irritação da pele”, lembra ele.
Outros benefícios dos repelentes naturais, para Selene, estão na ausência de ação residual no ambiente doméstico, o fato de serem renováveis e o menor custo de produção. “Por se degradarem mais rápido”, esses produtos podem ter um prazo de atuação menor, o que pode ser negativo quanto à necessidade de realizar trocas periódicas, e também positivo ao pensar na renovação do efeito contra os mosquitos.
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Por esses motivos, a escolha de um repelente “é muito individual”, aponta Pedro. De cheiro a formato, há diversas opções de produtos. Um dos cuidados no momento de aquisição ou feitura desses repelentes é realizar um teste na pele ou no ambiente selecionado, para acompanhar possíveis reações negativas. Para pessoas alérgicas, os compostos mais recomendados são a icaridina (para repelentes industriais) e capim-limão ou capim-citronela (para naturais).
E ainda tem quem recorra a um método alternativo: usar plantas. “Ao longo da evolução, as plantas foram capazes de produzir substâncias com poder de eliminar ou repelir seus predadores. Plantas que estão no nosso alcance, como citronela, lavanda, eucalipto e manjericão, entre tantas outras, têm potencial como repelentes”, finaliza Pedro Matheus.