Clima quente e falta de higiene aumentam riscos de Impetigo em crianças
A infecção é marcada pelo surgimento de lesões em volta do nariz e da boca. Adultos também podem contrair a doença
06:28 | Nov. 04, 2021
Os meses de setembro e dezembro representam o período mais quente do ano no Ceará. Com as temperaturas mais elevadas, também aumentam os casos de infecções na pele, sendo o Impetigo uma das dermatites mais comuns. As crianças, por ainda estarem em fase de desenvolvimento e, muitas vezes, não saberem lidar com hábitos de higiene, são as que mais sofrem com a doença.
De acordo com Maura Neves, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e consultora médica da Libbs Farmacêutica, o impetigo é uma infecção causada pelas bactérias Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus. Altamente contagiosa, é geralmente contraída através de um ferimento na pele, como picadas de inseto, arranhões ou corte, que são porta de entrada para microorganismos que já estão na própria pele. Apesar de acometer crianças com maior frequência, principalmente entre dois e seis anos, adultos também podem desenvolver a doença.
Existem três tipos: o Impetigo comum ou não bolhoso, cujos sintomas aparecem em uma semana. Marcado pelo aparecimento de pequenas lesões em volta do nariz e da boca, que podem evoluir para crostas de cor amarelada; O Impetigo bolhoso, que consiste em pequenas feridas vermelhas na pele e lesões que evoluem para bolhas de líquido amarelo. Surgem principalmente nos braços, pernas, peito e barriga; Por fim, o Ectima, a forma mais grave da doença. Atinge as camadas mais profundas da pele, principalmente pernas e pés. Surgem feridas abertas com pus e crostas grandes, amareladas ou avermelhadas ao redor.
Segundo a dermatologista Hercilia Queiroz, casos de Impetigo são mais comuns em meses mais quentes. “Nesse momento de maior calor, nós observamos que os pacientes têm desenvolvido mais casos. Isso se deve principalmente a presença de umidade, pela rotina, dificuldade de secagem, como também, às vezes, das crianças não manterem uma rotina adequada de higiene”, destaca a especialista.
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Segundo a dermatologista, apesar da falta de higiene ser a principal causa, outros fatores também predispõem o surgimento da doença: “A alteração no PH da pele; presença de maceração; presença de umidade, principalmente entre as dobras; desnutrição ou má nutrição do paciente; uso crônico de medicamentos que possam trazer uma redução da imunidade do paciente e obesidade”, destaca Hercilia Queiroz.
Cuidados com as crianças
A maioria das doenças infecciosas é transmitida com mais facilidade em locais com maior aglomeração de pessoas. Com o retorno às aulas presenciais, os cuidados devem ser redobrados. É o que destaca a médica pediatra Virna Costa e Silva, professora da Universidade de Federal do Ceará (UFC):
“O contágio pode ser por contato direto com as feridas ou, até mesmo, pelas vias aéreas. As bactérias também podem ser transmitidas por objetos contaminados, como roupas e brinquedos. Por isso, é importante evitar aglomerações e participar de eventos que tenham muitas crianças. Devemos evitar compartilhar pratos e talheres, é importante tabém lavar sempre as mãos e evitar tocar as feridas'', continua a médica.
Ela também dá conselhos para os que já estão contaminados. “Como as crianças sempre tocam [a pele e as feridas], é importante a criança ficar em casa. Além disso, deve-se passar álcool gel e lavar também as mãos, além de limpar as feridas”, explica Virna Silva.
O tratamento é realizado com pomadas, antibióticos e analgésicos. A docente destaca que, apesar de ser uma infecção tranquila, na maioria dos casos, o Impetigo também está sujeito a complicações. “Alterações renais, por conta da infecção se generalizar. Também infecções mais profundas na pele, que chegam até as camadas mais profundas, às vezes até mesmo no próprio osso. Então tem que tratar adequadamente para poder evitar situações mais graves”, esclarece a professora da UFC.