Pobreza Menstrual: entenda a importância do absorvente gratuito

Considerada uma questão de saúde pública desde 2014, a realidade da Pobreza Menstrual ainda é outra; após Bolsonaro vetar a distribuição gratuita de absorventes, confira a importância da dignidade menstrual

Apesar da Organização das Nações Unidas (ONU) considerar o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública desde 2014, a realidade ainda é outra. Mulheres, meninas, homens trans e demais pessoas com útero recorrem ao uso de jornais, pedaços de pano e até folhas de árvores para controlar o fluxo menstrual de cada mês. As consequências da pobreza menstrual vão desde a evasão escolar até a problemas de saúde que podem levar à morte. 

A falta de dignidade menstrual também pode ocasionar problemas de saúde emocional. Com a falta de recursos, ocorrem vazamentos do fluxo menstrual, dores mais intensas e noites mal dormidas que geram estresse, ansiedade e desconforto. Nessas condições, o período menstrual interrompe a produtividade e concentração de pessoas que menstruam nessa realidade. 

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No Brasil, 4 milhões de meninas não têm acesso a absorventes nas escolas. 900 mil meninas não têm acesso a água canalizada em suas casas. 713 mil meninas vivem sem banheiro ou chuveiro em casa. Os dados são do levantamento “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, publicado em maio de 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).


Ainda considerado um tabu, o tema caminha a passos lentos e ganhou maior visibilidade no Brasil após Jair Bolsonaro vetar a distribuição gratuita de absorventes para mulheres pobres. 

Pobreza Menstrual: o que Bolsonaro vetou?

Depois de Bolsonaro afirmar que o projeto "não indica a fonte de custeio ou medida compensatória", o art. 3, que previa as beneficiárias, foi vetado na íntegra. Se não tivesse sido negado, o programa iria garantir absorventes gratuitos para pessoas nas seguintes situações:

  • estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino
  • mulheres em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema
  • mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal
  • mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa

Pobreza Menstrual: quanto custa menstruar?

Em uma realidade de vulnerabilidade social, um processo natural como o período menstrual é considerado artigo de luxo quando existem necessidades mais urgentes como a fome.

Em média, dos 13 até os 50 anos, as mulheres precisam lidar com uma despesa a mais do que os homens: os absorventes. Quando calculado o uso do absorvente mais comum, o descartável, é utilizado cerca de 20 unidades do item por ciclo e o custo pode chegar a R$ 12 por mês. 

Os números são ainda mais alarmantes quando analisados a longo prazo. Com cerca de 450 ciclos menstruais durante toda a vida, estima-se que sejam utilizados 10.000 absorventes durante a idade fértil de uma pessoa com útero, logo, os gastos terminam em R$ 6.000,00.

Em vista disso, é fácil refletir o que as mulheres poderiam fazer com esse valor se não tivessem que gastar com a menstruação, e o que acontece com pessoas menstruantes que não podem cobrir esse custo. 

Dados: Korui - empresa de higiene menstrual

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