Saiba o que é meningite e como fazer para se prevenir

O POVO conversou com especialistas e reuniu as principais duvidas sobre a doença

15:44 | Set. 03, 2021

Por: Marcela Tosi
A meningite pode ser causada por vírus, bactérias e fungos. Vacinas são a principal forma de prevenção à doença. Na foto, criança sendo vacinada (foto: Aurelio Alves)

Com sintomas de uma gripe ou virose fortes e prevenível com vacina, a meningite vem chamando a atenção no Ceará a após a morte de uma criança de dois anos na última quarta-feira, 1º. No Estado, acompanhando o quadro do Brasil, é uma doença endêmica e casos são esperados ao longo de todo o ano. O POVO conversou com especialistas e responde as principais dúvidas sobre a doença.

O que é a meningite?

Trata-se da inflamação das meninges, as membranas de proteção que revestem o cérebro e a medula espinhal. Há diferentes tipos de meningite, de acordo com o fator causador, sendo as mais expressivas aquelas ocasionadas por vírus ou bactérias.

O agente infeccioso ganha a corrente sanguínea e atinge o sistema nervoso central, causando a inflamação das meninges.

E como é transmitida?

"De maneira geral, a meningite é transmitida por secreções respiratórias através de contatos próximos, em ambientes fechados e contato prolongado", explica Roberto da Justa, médico infectologista e professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), chamando a atenção para tosses e espirros. A saliva é outro meio de se transmitir os causadores da inflamação.

Quais os principais sintomas?

Febre, forte dor de cabeça e na nuca, náuseas e vômitos. Com o passar dos dias, se não houver diagnóstico e tratamento, a pessoa começa a apresentar sonolência, fotossensibilidade e desorientação.

Algum grupo da população é mais suscetível à ela?

Qualquer pessoa está sujeita a ter a doença. Porém, as pessoas que não foram vacinadas, crianças menores de um ano de vida, os adolescentes e os idosos apresentam maiores chances de contraírem a doença.

De que forma é possível se prevenir?

Conforme Roberto da Justa, manter bons hábitos de higiene, como lavagem das mãos, e evitar aglomerações são práticas importantes. "Mas a principal forma de prevenção são as vacinas", enfatiza.

"As vacinas são disponibilizadas na infância, mas adultos que não foram vacinados podem receber os imunizantes, a depender da disponibilidade nas unidades de saúde", completa Keny Colares, infectologista da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP).

 

As vacinas disponíveis nos serviços públicos de saúde contra a meningite são: BCG, Pentavalente, Pneumocócica 10 valente, e Meningocócica C conjugada, todas fazendo parte do calendário de imunização dos primeiros anos de vida. Além delas, a vacina Meningocócica ACWY também é aplicada nas unidades públicas de saúde, com indicação para adolescentes na faixa etária de 11 e 12 anos.

É uma doença grave?

"Quando as meninges inflamam, existe o risco de causar danos ao sistema nervoso e trazer problemas neurológicos, por isso a grande preocupação com a meningite", aponta Colares. Convulsões, surdez, perda de memória, falência nos rins, AVC e outros danos cerebrais estão entre os riscos, especialmente se o diagnóstico e tratamento demoram.

Segundo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), mesmo quando a doença é descoberta precocemente e um tratamento adequado é iniciado, de 5% a 10% dos pacientes morrem 24 ou 48 horas após o surgimento dos primeiros sintomas. Sem tratamento, até 50% dos casos podem resultar em óbito.

Em 2020, foram 225 cearenses foram diagnosticados com meningite, e 22 morreram em decorrência da doença. Neste ano, até a última semana de agosto, 108 pessoas foram infectadas e sete morreram, conforme as Planilhas de Notificação Semanal (PNS) da Sesa. 

Como é feito o tratamento?

O tratamento costuma ser feito em ambiente hospitalar, após diagnóstico clínico e exame de punção lombar, que consiste na retirada de uma pequena quantidade de liquor do canal vertebral. "Se for uma meningite viral, a agressividade é menor e tratam-se os sintomas. Já no tipo bacteriano, são itilizadas medicações intravenosas e com dosagens altas", expõe o infectologista Keny Colares. "Dentro de uma a duas semanas, a pessoa já está recuperada."