Dia Mundial do Orgasmo: mais da metade das brasileiras não chega lá

Ainda, 60% das mulheres brasileiras fingem chegar ao clímax. Entre várias causas estão: cansaço, insegurança, medo e até para aumentar a excitação do parceiro

Neste dia 31 de Julho é comemorado o Dia Mundial do Orgasmo. A data surgiu na Inglaterra, em 1999, por iniciativa de proprietários de sex shops - lojas de produtos eróticos - com o objetivo de alavancar as vendas e ampliar o debate sobre o prazer feminino. Na época, um estudo inglês mostrou que cerca de 80% das mulheres não conseguiam atingir o orgasmo durante o sexo.

No Brasil, e quase 20 anos após a criação da data, a realidade não é muito diferente. Um estudo do Departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) realizado em 2017, concluiu que 55% das brasileiras não têm orgasmos nas relações sexuais. Entre as várias causas, 67% delas responderam que têm dificuldade para se excitar e 59,7% sentem dor na relação.

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Há ainda uma pesquisa da Archives of Sexual Behaviors, publicada em novembro de 2019, que afirma que 60% das mulheres em relacionamentos heterrosexuais fingem o orgasmo. A prática é frequente para 55% dessas e os motivos são: cansaço, vontade de terminar logo a relação sexual, disfarçar a insegurança, medo de não chegar a um orgasmo e até mesmo para aumentar a excitação dos parceiros.

Além do principal fator, que é a falta de autoconhecimento, já que mulheres não são incentivadas a se tocar e conhecer o próprio corpo, a educação sexual é precária, heteronormativa e “traumatizante”, não ensinam a anatomia feminina e ainda colocam o sexo como algo não só impuro, mas também que mulheres devem temer, explica Myrella Pontes influencer e estudiosa autodidata sobre sexualidade feminina.

Historicamente, a sexualidade feminina tem sido resumida à reprodução e à satisfação masculina, por questões não só culturais, como religiosas. O sexo por prazer ainda é um tabu. Segundo Myrella, o tema é proibido principalmente quando voltado ao prazer de mulheres e pessoas com vulva, já que a mulher “pura” ainda é o ideal para o patriarcado, que a sustenta com o mito da virgindade.


“Recebo inúmeras dúvidas de seguidoras que mesmo tomando todos os cuidados, sentem muito medo, principalmente de gravidez, e considerando que nosso principal órgão sexual está na nossa mente, gatilhos de medo e ansiedade por exemplo são suficientes para impedir alguém de relaxar e gozar”, relata Myrella.

Não existe um “caminho” para o orgasmo. A influencer que fala sobre sexualidade por meio do seu perfil nas redes sociais explica que há um ponto de partida. “Todos temos e vamos descobrir (ou pelo menos, deveríamos) formas de nos dar prazer, de atingir o orgasmo, mas definitivamente ele é diferente para cada um, mas o ponto de partida ainda é o mesmo: autoconhecimento”, afirma Myrella.

Para mulheres que nunca atingiram o orgasmo, ela ressalta que nunca é tarde para começar a se conhecer. “Se tocar, se descobrir, romper com tabus, culpa e vergonha enraizados, além de descobrir o amor próprio. Nós estamos sempre nos conhecendo, então tenha calma e respeite seu processo, seus limites e seu corpo, temos a vida inteira para isso”, disse.

Já para os homens, o principal é pesquisar e parar de usar a pornografia como referência para o que fazer no sexo. “O corpo feminino inteiro é erógeno e com grande potencial orgástico. Por fim, se tiver uma parceira que tenha vulva, converse com ela, ninguém vai conhecer melhor o corpo do que ela própria. A preliminar começa no diálogo”, finaliza Pontes.

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