Eletrodomésticos são grande parte das causas de incêndio em casa; saiba como se proteger

Muitos aparelhos na mesma tomada, cabos descascados e até acúmulo de poeira podem causar curtos circuitos e iniciar um princípio de incêndio

Se tem uma coisa que o cearense usa bastante é o ventilador, especialmente com as altas temperaturas, do fim do ano. O eletrodoméstico, além de outros aparelhos como o celular, configuram grande parte das causas de incêndio em residências. O mau uso e a falta de manutenção são algumas das causas que podem aumentar o risco de ocorrências em casas. Com algumas dicas simples, veja como evitar problemas de curto-circuito.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 80% dos incêndios residenciais no Brasil são provocados por problemas na rede elétrica, em que o curto-circuito é o principal responsável, por isso é preciso ter atenção quanto ao uso de aparelhos elétricos. O tenente Guilherme Veras, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), explica que um dos principais problemas é ligar vários aparelhos na mesma extensão. “O curto pode acontecer por diversos motivos. Geralmente, as pessoas colocam muitos cabeamentos ligados na mesma tomada. Isso gera uma sobrecarga de tensão naquele ponto”, explica ele.

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Segundo o Corpo de Bombeiros é possível identificar o curto por meio de sinais, como:

- Cheiro de queimado em aparelhos;

- Lâmpadas que queimam muito rápido;

- Interrupção da energia em um ou mais cômodos sem motivo aparente;

- Tomadas queimadas (com manchas pretas);

- Disjuntores que desarmam constantemente e fusíveis queimados.

Aparelhos velhos ou em mau estado de conservação também podem ser um perigo quando se fala em curtos. O tenente ressalta um ponto pouco comentado: o acúmulo de poeira ou sujeira pode gerar uma sobrecarga no aparelho. Ventiladores, ar condicionado e geladeiras, segundo ele, são exemplos de eletrodomésticos em que isso é um fator ainda mais importante, especialmente pelo uso. A explicação é que eles aquecem demais durante a utilização dessa forma até causarem um incêndio.

“Tanto a poeira quanto a questão da manutenção adequada dos equipamentos. Quando eles estão muito velhos, não estão funcionando adequadamente. Então, a manutenção é tanto consertar quanto fazer a limpeza”, completa o tenente Guilherme. E quando se fala no ventilador, tão usado no calor, fica o alerta quando o aparelho para de funcionar. Mesmo com a hélice sem funcionar, o aparelho ainda pode estar com energia circulando, o que pode provocar choques e curto-circuito.

Em 2019, um jovem morreu no interior de São Paulo, ao tentar consertar o aparelho. Em mensagens antes de levar o choque, ele afirmava que o equipamento apresentava problemas, mas que estava ligado antes de ir dormir. Ao acordar, notou que o eletrodoméstico havia parado de funcionar e tentou mexer. A explicação segundo o tenente do Corpo de Bombeiros é que por alguma falha o motor não consegue mais fornecer força para as pás, mas continua ligado e puxando energia. “Isso pode gerar um aquecimento que vai gerar uma ignição, um foco. E o incêndio sempre começa pequeno, começa em um ponto em um ventilador que começa a pegar fogo e vai se espalhando para um sofá, uma cama”, comenta o tenente.

Nessa época de fim de ano, em que há o costume de se utilizar mais lâmpadas e instalar piscas, o agente ressalta que é importante olhar as condições dos cabos, se não estão desgastados, bem como não tentar colocar uma "emenda" para aumentar os fios ou deixá-los próximos da água. 

Vale o destaque para aparelhos celulares que também são fontes de choques. A indicação dos Bombeiros é que o telefone não fique a noite inteira ligado na tomada, tanto porque não é necessário como porque, por alguns problemas ou no cabo ou na bateria, o aparelho pode aquecer e gerar uma sobrecarga. Isso vale especialmente, porque esses e outros aparelhos, estão vinculados ao horário de dormir, em que o morador demora mais tempo para se situar sobre a ocorrência.

Como lidar em situações de curtos

O tenente Guilherme dá dicas de como lidar em casos de curtos que geram incêndios. Se as chamas ainda estão pequenas, o morador pode tentar apagar com um extintor de incêndio ou tentando abafar. O ideal é desligar o disjuntor da casa, retirando também a fonte de energia.

Entretanto, quando o fogo se espalha, a indicação é clara: é preciso abandonar o ambiente. A estratégia, segundo o tenente, é fechar as portas ao sair. O ato pode ser feito até sem ocorrências, apenas quando a pessoa for dormir. Segundo ele, estudos mais recentes apontam que fechar as portas ajuda no controle do fogo, porque compatibiliza o incêndio e evita que ele se espalhe, atingindo maiores proporções ou os moradores. A tática vem sendo amplamente divulgada pelos Corpos de Bombeiros nos Estados Unidos com a campanha “Close Before You Dose”, ou “feche antes da soneca”, em tradução.

 

A tag virou até uma plataforma onde se pode ver a diferença que faz fechar a porta em ocorrências de incêndios. A iniciativa de segurança é o resultado de mais de 10 anos de pesquisa do UL Firefighter Safety Research Institute (FSRI), um instituto de pesquisa voltado para bombeiros. O incentivo é tanto aqueles que estão presos em uma sala durante um incêndio quanto aqueles que podem sair de casa com segurança a fechar o máximo de portas possível.

Já para curtos, em que acontece choque elétrico, a indicação é também desligar o disjuntor e cortar a energia da casa. Mas nunca encostar diretamente na pessoa, porque pode propagar o choque. É preciso ligar imediatamente, após retirar a pessoa do contato com a energia, para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).


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