Mutação do coronavírus não é razão para pânico

Uma nova variante do vírus foi identificada no Reino Unido. Porém, o que de fato representa essa descoberta? Confira perguntas e respostas sobre o assunto.
Autor DW Tipo Notícia

Nova variante do Sars-Cov-2 descoberta no Reino Unido parece ser capaz de se espalhar mais rapidamente, mas isso não a torna necessariamente mais perigosa. A mutação do novo coronavírus, recentemente confirmada no sul do Reino Unido, está se espalhando mais rapidamente do que a variante anterior, afirmou o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock. Já há mil casos de pessoas infectadas pelo vírus com a mutação.

"Identificamos uma nova variante do coronavírus, que pode estar associada à disseminação mais rápida no sudeste da Inglaterra", disse ele, numa declaração na Câmara dos Comuns. Segundo Hancock, porém, isso não significa que a nova variante seja necessariamente mais perigosa. Mutações como essa não são raras. Na China, por exemplo, origem da pandemia, uma nova variante do patógeno circulava há seis meses. No verão europeu, outra variante rapidamente se espalhou por metade da Europa a partir da Espanha. Os vírus estão em constante mutação, e essas mutações geralmente têm efeitos adicionais mínimos.

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Confira algumas perguntas respondidas sobre o assunto:

 

Como o corpo reage a mutações?


Normalmente, o corpo humano é capaz de se proteger de vírus. Ele produz anticorpos que o defendem de ataques e o tornam imune aos patógenos. No entanto, caso o vírus já tenha sofrido alguma mutação e os anticorpos formados estejam programados para uma variante mais antiga, esses anticorpos serão menos eficazes.

É por esse motivo que se fica resfriado com tanta frequência. O corpo já produziu os anticorpos contra o resfriado anterior, mas não para a variante que sofreu mutação. Mas não há razão para pânico, porque um vírus não se torna necessariamente mais perigoso devido a uma mutação. Algumas delas podem até mesmo enfraquecer um vírus.

Como ocorrem as mutações?


Quando o corpo humano desenvolveu anticorpos contra um determinado patógeno, sendo assim capaz de evitar o surgimento de uma doença, o vírus precisa mudar seu invólucro para não ser reconhecido pelos anticorpos e células do sistema imunológico. Para sobreviver, portanto, ele tem que alterar suas proteínas externas e desenvolver novas cepas. Para se multiplicar, os vírus usam uma célula hospedeira.

Quando a atacam, eles levam a informação genética de seu próprio núcleo para a célula infectada. É assim que as células do corpo geram milhões de cópias virais. Porém, com essas reproduções ocorrem também pequenos erros de cópia, e cada um desses erros altera o código genético do vírus, ou seja, ele sofre uma mutação.

Por que a nova variante se espalha mais rapidamente?


Como todos os coronavírus, o Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, é um vírus RNA com uma taxa de mutação quase mensal. Essas diferentes variantes também ajudam a explicar por que um patógeno desencadeia ondas de infecções de gravidade diferente em certas regiões do mundo e por que as infecções podem se desenvolver de maneira tão distinta de uma pessoa para outra.

A nova variante registrada no Reino Unido tem várias mutações na proteína spike do coronavírus – devido a uma deleção de gene faltam dois aminoácidos, o que pode facilitar a propagação do patógeno. Uma deleção semelhante já havia sido observada no Leste Asiático. Lá, no entanto, a variante do Sars-Cov-2 causou infecções mais leves, pois aparentemente a mutação enfraqueceu o coronavírus.

As novas vacinas se tornam assim ineficazes?


O Reino Unido foi o primeiro país da Europa Ocidental a iniciar uma campanha de vacinação em grande escala. A mutação recém-registrada não torna as novas vacinas ineficazes. Elas são todas projetadas para codificar a informação da proteína spike do coronavírus de tal forma que nosso sistema imunológico é estimulado a despeito de eventuais mutações. Felizmente, são necessárias mais do que algumas mutações para que um vírus altere suas proteínas de maneira que possam contornar a proteção imunológica. No entanto, sabe-se que os vírus da gripe, por exemplo, sofrem mutações muito rapidamente, e por isso as vacinas precisam ser reajustadas a cada nova temporada para permanecerem eficazes. Consequentemente, as vacinas contra a Covid-19 terão que ser ajustadas em algum momento. Mas as informações coletadas durante a crise e as capacidades de produção recém-desenvolvidas garantirão um fornecimento rápido de vacinas também no futuro.

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