Entenda a diferença entre depressão e ansiedade; saiba a quais sinais estar atento

Psicólogas diferenciam depressão e ansiedade, apontam os sintomas mais comuns dos transtornos e alertam para o perigo da automedicação

Muito tem sido falado em saúde mental na pandemia: a população está mais ansiosa, profissionais criam projetos de atendimento gratuito e pesquisadores desenvolvem estudos focados no impacto da epidemia na saúde mental da população. Mas, para compreender a importância da saúde mental, é preciso saber quais são os transtornos envolvidos nele, como a depressão e a ansiedade.

A psicóloga Jéssica Rosa explica que a depressão e a ansiedade apresentam um grande conjunto de transtornos, com características únicas. Nos depressivos, por exemplo, há prevalência de uma tristeza e apatia quase paralisantes. Perde-se a vontade de fazer as atividades que mais se gosta e, em casos avançados, pode-se perder até a força para se levantar da cama.

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“A depressão é muito marcada pelo desânimo. É uma pessoa que não vê mais sentido na vida, por exemplo. A depressão é um estado mais profundo de tristeza, a pessoa não quer ir trabalhar, não quer tomar banho, não quer comer”, completa a psicóloga Diva Barreto.

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Já nos de ansiedade, destaca-se um medo constante e sufocante de algo que normalmente não causaria essa resposta emocional, além de um certo desespero em fazer as atividades imediatamente. “É algo que foge do controle e apresenta uma série de respostas fisiológicas associadas ao medo, como taquicardia, suor excessivo, pensamentos recorrentes…”, ilustra Jéssica.

Nesse sentido, existem dois tipos de ansiedade. Uma generalizada, que permanece com o sujeito por dias, por exemplo, e as crises de ansiedade. Essas se transformam em crises de pânico, caracterizadas por momentos “específicos em que a pessoa se sente mal”. “A pessoa com ansiedade vive tensa, preocupada, muito nervosa. É uma pessoa irritada, que se preocupa muito com o futuro”, descreve Diva.

Causas

Em 2017, um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo. À época, 18,6 milhões dos brasileiros (9,3% da população total) tinham algum transtorno de ansiedade. Ainda, o País também configurou como o quarto mais depressivo mundialmente: 11,5 milhões (5,8%) tinham algum transtorno depressivo.

As causas para isso são variadas. O contexto socioeconômico do Brasil influência no cenário, analisa Jéssica, mas há outros muitos fatores que provocam o desenvolvimento de transtornos depressivos e de ansiedade. Por isso, boa parte do tratamento envolve consultas com psicólogos ou psiquiatras, capazes de diagnosticar e buscar compreender os gatilhos da doença.

Ainda, afirma a psicóloga Márcia Linhares, a depressão apresenta fatores genéticos e hormonais, podendo se manifestar em qualquer faixa etária. "A literatura diz que é muito mais fácil eu adquirir ansiedade e depois depressão. Existe 20% da chance do contrário, da pessoa ser depressiva e ir pra ansiedade. Mas isso não significa que uma vem da outra", alerta a especialista.

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Sinais

É importante saber diferenciar os sentimentos naturais de tristeza e ansiedade dos transtornos. Afinal, todos têm dias ruins, problemas e eventualmente se sentem para baixo e deprimidos. Da mesma forma, é comum sentir ansiedade antes de grandes eventos, como provas ou apresentações, ou em situações de perigo.

Mas esses sentimentos não deveriam paralisar uma pessoa. A partir do momento em que eles impedem o ser humano de cumprir atividades diárias, é um forte indicativo de que algo está errado e que precisa de uma atenção específica.

Da mesma forma, como menciona a psicóloga Márcia Linhares, não é normal ser incapaz de dormir pelo medo de não responder uma mensagem no celular. Ou então, passar mal de nervoso antes de apresentar uma atividade escolar - a ponto de não conseguir cumprir com a apresentação.

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Alguns sintomas de crises de ansiedade, segundo a psicóloga Diva, são: falta de ar, tremores, calafrios, náuseas e formigamento. “É muito comum pessoas que estão em crise de pânico acharem que estão morrendo, que estão infartando. Conheço algumas pessoas que foram bater na emergência achando que estavam infartando e era crise de pânico”, comenta.

Estar atento às reações e ao quanto elas atrapalham a vida é essencial para entender a necessidade de buscar ajuda psicológica profissional. "É muito difícil. As pessoas acham que ‘vai passar’ ou que se resolvem sozinhas. E nessa história, passam anos sofrendo”, lamenta Diva.

Também por essa dificuldade destaca-se a importância de que familiares e amigos estejam atentos ao comportamento dos outros. A depressão e a ansiedade afetam todas as faixas etárias, e no caso das crianças e adolescentes é imprescindível que os pais saibam reconhecer os sinais sem preconceitos e sem julgamentos: nem sempre é teimosia.

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Perigos da automedicação

Conseguir identificar alguns sinais para ser capaz de procurar atendimento psicológico é completamente diferente de estar apto para diagnosticar depressão ou ansiedade. “É um risco muito grande você se automedicar, seja com que remédio for. Quando a gente fala de medicação psiquiátrica é ainda mais delicado ainda”, alerta a psicóloga Diva Barreto.

Toda medicação precisa ter receita médica e ser acompanhada por algum médico, principalmente os remédios psiquiátricos. Isso porque eles são altamente viciantes e não agem da mesma forma em todas as pessoas. Algumas pessoas podem sentir-se calmas ao ingerir determinado medicamento e em determinada dosagem, enquanto outras podem sentir exatamente o contrário.

Cada medicação funciona de um modo diferente a depender do organismo da pessoa. O médico vai passar o remédio de acordo com o perfil do sujeito. E essas medicações normalmente são ajustáveis. Ou seja, o médico passa e aí ele observa se a pessoa se adaptou àquele tipo de medicação”, explica Diva. Por isso, ao identificar qualquer sintoma de um aparente transtorno depressivo ou de ansiedade, a recomendação é procurar um psicólogo ou psiquiatra e nunca automedicar-se.


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