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Após troca de embriões nos EUA, saiba como é a segurança em clínicas de fertilidade em Fortaleza

Após uma troca de embriões em clínica dos Estados Unidos no início de julho preocupar a comunidade médica, saiba como procedimentos de reprodução assistida são feitos em Fortaleza
19:38 | Jul. 24, 2019
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Tipo Notícia

A troca de embriões numa clínica de fertilização nos Estados Unidos lança interrogações sobre métodos para engravidar a exemplo de inseminação e fertilização in vitro. Um casal teve seus embriões perdidos. A fertilização ocorreu com o uso de dois embriões de outros dois casais diferentes. Após o nascimento dos gêmeos, o casal desconfiou da pouca semelhança entre as crianças e, com exames de DNA, foi comprovado que bebês não tem semelhança genética com a mãe nem entre si. O casal, que iniciou o tratamento em 2018, processa a clínica.

Os especialistas em reprodução Daniel Diógenes e Marcelo Cavalcante, ambos médicos em clínicas de Fortaleza, contam que a qualidade dos materiais utilizados no procedimento e atenção redobrada nas etapas de fertilização são fatores essenciais para garantir um resultado positivo. Eles apontam que erros podem acontecer, já que “existe a falha humana”, como afirma Marcelo. Mas, cuidados no procedimento podem evitá-los.

A inseminação e a fertilização in vitro (procedimento escolhido na clínica dos EUA) são formas diferentes de obter a gravidez. Na primeira, só existe manipulação do sêmen, que é melhorado e transferido para o útero. A partir de então, a gestação acontece de forma natural, bastando somente os cuidados gerais com gravidez.

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No caso da fertilização in vitro, todas as etapas acontecem em laboratório, desde a retirada dos óvulos até a transferência. A fertilização exige atenção extra em todas etapas, pois qualquer troca de etiqueta de identificação ou má armazenamento do material colhido, pode significar erros graves, como a troca de embriões.

Confira as etapas do processo de fertilização

Etapa 1 - INDUÇÃO DE OVULAÇÃO:

O procedimento de fertilização só inicia após a menstruação. Quando isso acontece, inicia-se o processo de “indução de ovulação”, quando vários folículos são formados, resultando em vários óvulos, o que facilita o procedimento. Em um determinado momento dessa indução, os óvulos já podem ser retirados, dando início ao processo de aspiração.

Etapa 2 - ASPIRAÇÃO:

É nessa etapa que os óvulos são retirados, em um processo denominado de “aspiração”. A retirada é feita sob anestesia. Ao mesmo tempo que um ultrassom monitora os ovários, uma agulha longa “aspira” o conteúdo, que é transferido por uma mangueira até o tubo de ensaio devidamente identificado. No mesmo momento da retirada, acontece também a coleta de sêmen, através de masturbação. Após a retirada, os óvulos são guardados em laboratório.

Exemplo de uma incubadora com as identificações externas
Exemplo de uma incubadora com as identificações externas (Foto: Divulgação)

Etapa 3 - CULTIVO EMBRIONÁRIO

Aqui, os embriões são formados em laboratório. Esse processo acontece dentro de uma incubadora, uma espécie de “frigobar” onde o material é cultivado. Cada incubadora possui compartimentos individualizados, que variam de 8 à 16, dependendo da configuração. Em cada compartimento são guardados os embriões de pacientes.

Eles estão enumerados dentro de uma placa e mergulhados em um líquido chamado “meio de cultura”, responsável por ceder os nutrientes necessários para que ele se desenvolva. Tanto na tampa quanto no recipiente existe a identificação dos pacientes.

Etapa 4 - TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA

A transferência é feita depois de três/cinco dias. Após passar por todas as outras etapas, a quantidade de embriões escolhidos está pronta para a transferência. É nesse momento em que o embrião chega a cavidade do útero. Ele só pode ser retirado da placa onde ficava na incubadora na hora exata que ele for transferido e no local onde o procedimento será feito, para evitar riscos.

Exemplos de recipientes utilizados em um procedimento de Fertilização In Vitro. Na imagem, estão a placa onde os embriões são guardados e tubos por onde os óvulos são retirados
Exemplos de recipientes utilizados em um procedimento de Fertilização In Vitro. Na imagem, estão a placa onde os embriões são guardados e tubos por onde os óvulos são retirados (Foto: Divulgação)

Em todas as etapas, existem cuidados que devem ser tomados dentro do laboratório, principalmente quando o óvulo já foi retirado. Daniel Diogénes, da clínica Fertibaby, alerta para a importância de cada material ser manipulado separadamente, para não ter risco de trocas. “Tem toda uma sistemática. Não pode ter vários óvulos sendo manipulados juntos. Não pode fazer os dois ao mesmo tempo. Os embriões de cada pessoa são congelados separadamente”, explica.

No caso de congelamento de embriões, o cuidado com a identificação deve ser o mesmo. Esse processo só acontece quando os pacientes querem guardar o material para futuros procedimentos. Assim, eles são guardados em botijões que contêm nitrogênio líquido, para manter temperatura, e etiquetados com os nomes.

Para os dois profissionais, erros como trocas são bastante incomuns. Isso porque além dos cuidados necessários, existem órgãos que regulamentam o funcionamento de clínicas de reprodução, a exemplo da Anvisa. Para Marcelo, da clínica Conceptus, o erro da clínica americana pode ter acontecido em qualquer momento do procedimento, até mesmo uma troca de espermatozóides. “O segredo é esse: a identificação minuciosa no maior número de locais possíveis e sempre uma dupla checagem quando a equipe está trabalhando no laboratório”, complementa.

Esses erros ainda não aconteceram no Brasil, segundo os dois médicos. Um tratamento de reprodução assistida como a fertilização custa em média R$ 20 mil no Norte e Nordeste (preço que pode aumentar na região Sul). O tratamento envolve a compra dos materiais utilizados, que são descartáveis, os medicamentos e todo o processo de assistência. Apesar de existir a “falha humana”, é importante manter todos os pontos de checagens para se ter a maior segurança possível.

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