Pele de tilápia é usada para reconstrução vaginal após cirurgia de redesignação sexual

O procedimento é inédito e representa possibilidades e avanços para a medicina na área da ginecologia. A técnica foi desenvolvida na UFC

A pele de tilápia foi utilizada com sucesso em um processo de reconstrução vaginal após processo cirúrgico de redesignação sexual em uma paciente trans da cidade de Campinas, em São Paulo. Com isso, o material passou a ter um novo uso, além do tratamento de queimaduras.

O uso da pele de tilápia é um método desenvolvido no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac).

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A cirurgia ocorreu na última terça-feira, 23, no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O procedimento é inédito no mundo e representa possibilidades e avanços para a medicina na área da ginecologia.

Responsável pelo procedimento, o médico cirurgião e professor do Departamento de Saúde Materno-Infantil e da Pós-Graduação em Cirurgia da UFC, Leonardo Bezerra, relatou que a paciente está em recuperação. Ela já havia se submetido à cirurgia de redesignação sexual, mas não obteve sucesso. “O canal vaginal não tinha funcionalidade, ela não conseguia ter vida sexual”, disse, durante entrevista ao jornalista Italo Coriolano, do programa Revista O POVO desta quarta, 24. Por isso, foi utilizado o procedimento com a pele da tilápia, considerado mais simples e com um nível invasivo mínimo. 

Bezerra explicou que a pele da tilápia passa por um rigoroso e extenso processo até ser usada em procedimentos como a reconstrução vaginal. “Após a coleta do peixe, ela é transportada e passa por uma esterilização com glicerol e depois radiação. O produto final não tem escamas, gordura e carne. É só a pele rica em colágeno, o principal componente da pele”, detalhou.

A pele de tilápia já apresentou eficácia em tratamentos para queimaduras e na reconstrução vaginal em pacientes com síndrome de Rokitansky e câncer de vagina. O Ceará foi o primeiro estado a inaugurar um banco de pele animal em 2017. Em novembro do ano passado, 2,5 mil unidades haviam sido produzidas para tratamento de queimaduras.

Queimaduras

A pele de tilápia usada no tratamento de queimaduras e em pacientes com síndrome de Rokitansky e câncer de vagina, passa a fazer parte de procedimento de reconstrução vaginal.
A pele de tilápia usada no tratamento de queimaduras e em pacientes com síndrome de Rokitansky e câncer de vagina, passa a fazer parte de procedimento de reconstrução vaginal. (Foto: Viktor Braga/UFC)

Além do tratamento da própria pele de tilápia, antes de ser aplicada cirurgicamente, o material é “transportado e embalado a vácuo”, segundo Leonardo Bezerra. Por isso, ele orienta que não se pode aplicar a pele da tilápia após uma queimadura ou ferimento em casa. “Ela vai ser contaminada. Ela tem que ser esterilizada e recuperada”, frisou.

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