Alece: eleição é tema, enquanto escolha para TCE e eleição da presidência agitam bastidores

Mesmo com orçamento para votar, indicação de membro do TCE e eleição da Mesa Diretora, disputa em Fortaleza seguiu como tema principal

As eleições municipais já passaram e a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) tem importantes assuntos para tratar nos poucos meses que restam para o final de 2024. A eleição da nova Mesa Diretora- consequentemente do novo presidente - a indicação de um novo membro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a aprovação do Orçamento estadual de 2025 são três assuntos que deverão dominar a pauta legislativa daqui para frente.

No entanto, na primeira sessão plenária realizada na Alece após o pleito do último dia 27, o assunto 'eleição em Fortaleza' ainda foi muito dominante, sendo o centro das atenções nas conversas, seja no púlpito quanto nos corredores.

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Nervos aflorados

Líder do PT na Casa, o deputado De Assis Diniz fez discurso inflamado, exaltando a vitória de Evandro Leitão e mandando recado para colegas derrotados.

Isto porque, no discurso anterior, Antônio Henrique (PDT) desejou boa sorte a Leitão como prefeito e disse que o colega terá o desafio de unir uma cidade dividida. "50% não quis Evandro Leitão", lembrou, afirmando que, após José Sarto (PDT) ter ficado de fora do segundo turno, optou por André Fernandes (PL) não por acreditar ser o melhor projeto, mas por crer não ser o melhor o retorno do PT.

Em sua fala, Diniz concordou que Evandro tem, sim, que unificar a cidade. No entanto, ressaltou que o PT é quem "deve fazer uma reflexão nesse sentido", não cabendo a 'deputados derrotados' cobrarem. O parlamentar subiu o tom de voz e lembrou que, embora a oposição acuse o Partido dos Trabalhadores de ser condizente com corrupção, o partido não teve nenhum prefeito afastado por casos assim.

A fala exaltada de De Assis Diniz repercutiu nos discursos de outros parlamentares. Sargento Reginauro (União Brasil) afirmou que o discurso parecia de alguém derrotado nas urnas, tamanha a raiva. Para ele, agora governando Fortaleza, o Ceará e tendo a Presidência da República, o PT não terá mais desculpas a dar, caso as coisas não melhorem. "Resolvam! Nós estaremos aqui, como oposição responsável, esperando respostas. Mais da população não acredita no PT", afirmou.

Presidente do PL no Ceará, Carmelo Neto disse que o PT fala em pacificação, mas seu líder faz discurso 'cheio de ódio' e com 'arrogância que mostra que não aprenderam nada'. Ele comemorou o resultado do partido nas eleições proporcionais e lamentou a derrota em Fortaleza, afirmando que a esposa Bella Carmelo (PL) seguirá fiscalizando 'os desmandos do futuro governo do PT', já que foi eleita como vereadora. "Falo isso porque não tenho muito esperança, esse grupo já fracassou ao governar o Ceará, já fracassa ao governar a União, então não tenho esperanças que vá dar resultado para Fortaleza", concluiu.

Em aparte, já no fim da sessão, Antônio Henrique disse ter recebido palavras de solidariedade de outros parlamentares e questionou se De Assis Diniz tem algo contra ele. Pediu que conversem para acertar pensamentos, exigindo respeito à postura e aos posicionamentos que toma como parlamentar.

Posicionamentos e cidade dividida

Em discursos outros, parlamentares tratarem do posicionamento do partido após a eleição na Capital, além do fato de a eleição em Fortaleza ter mostrado uma cidade muito dividida ideologicamente.

Claudio Pinho (PDT) cobrou um posicionamento do partido em relação ao futuro governo do Partido dos Trabalhadores, enquanto Osmar Baquit, ainda do PDT mas de saída para o PSB, lembrou que Evandro Leitão precisará de apoios para ter melhor governabilidade, no que fez um apelo para que se recomponha uma aliança entre PDT e PT.

Líder do Governo, Romeu Aldigueri (PDT) lembrou que as eleições mostraram um país indo mais à direita, acreditando que a centro-direita foi a grande vencedora nas urnas.

Felipe Mota (União Brasil) chamou a campanha recém-acabada a Capital de duelo de extremismos, dizendo que seria um reflexo do que se viu em outros lugares. Citou inclusive desavenças na direita, como em Goiânia, que Roberto Caiado (União Brasil) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiveram em lados opostos no segundo turno.

E as outras pautas?

Nos bastidores, alguns parlamentares admitem falar de eleição da mesa diretora, indicação ao TCE e orçamento, mas muitos ainda fogem pela tangente, afirmando que a partir de agora é que a Casa deverá entrar nessas questões com maior afinco.

O deputado Sérgio Aguiar (PDT), presidente da Comissão de Orçamento e Gestão da Alece, afirma que designou nesta terça o deputado Guilherme Sampaio (PT) como relator do Orçamento. "Vamos ter um prazo até o próximo 30 de novembro para apresentar as emendas e, até o dia 15 de dezembro, nos últimos dias do ano legislativo, poderemos votar, no âmbito da Comissão e deixar à disposição do Plenário para ser pautado pela Mesa Diretora", explicou.

O parlamentar não esconde que almeja ser alçado à presidência da Alece. Ele disse ter sido escolhido pela Academia Cearense de Administração, pelo Conselho Regional de Administração e pela Associação dos Administradores do Ceará como o administrador do ano.

"Isso dá uma amostra de estar, entre os que fazem a Alece, gabaritado para pleitear isso daí, muito mais também quando se tem um longo tempo e uma experiência larga na Casa", afirmou o deputado, defendendo ainda a lógica de que o PT já tem a prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, enquanto o MDB tem a vice-governadora e o PSD a vice-prefeita eleita. Ele acredita que a presidência da Alece deva continuar com o grupo representado pelo senador Cid Gomes (PSB), do qual faz parte.

Para Sérgio, no entanto, a vaga do TCE não deve ser usada como moeda de troca nas negociações pela Mesa Diretora da Alece. "Temos que ter pessoas qualificadas para encabeçarem essa escolha, muito embora saibamos que é importantíssimo que a vaga, que é da Assembleia, seja prioridade da Assembleia indicar", concluiu.

O tema da presidência já tinha sido citada por Fernando Santana (PT), 1º vice-presidente que irá assumir após Evandro ser empossado como prefeito de Fortaleza. Ele defendeu diálogo, mas disse não ver no PT ficar com o cargo. O petista citou que a vaga poderia ficar com alguém parte da base governista. 

Orçamento impositivo

Com a aproximação da eleição na Assembleia, alguns deputados aproveitam para trazer à tona novamente a discussão do orçamento impositivo também no âmbito estadual. Para Felipe Mota, todos os deputados terão agora que ir a Brasília tentar garantir recursos para suas bases eleitorais, o que não aconteceria se houvesse imposição na liberação de emendas no orlçamento do Estado.

"Eu não teria nenhum problema de dizer que garanti tantos milhões para uma causa por causa da liberação do governador", afirmou o deputado, sugerindo que a distribuição deva começar menor e ir variando para mais ou menos de acordo com o orçamento.

Para Lucinildo Frota (PDT), não haver a imposição na liberação das emendas parlamentares faz com que essas verbas fiquem muito mais restritas aos deputados da base. "Muitas vezes o deputado, internamente, nem concorda com algum ato do governador, mas acaba aceitando porque sabe que se sair da base não receberá a verba que pleiteia. Então a imposição daria muito mais autonomia a independência à Casa", concluiu.

 

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TSE Evandro Leitão

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