Wagner diz que não retira criticas contra André sobre nepotismo: "Que o MP faça a parte dele"
Segundo o ex-candidato, ele apenas expôs denúncias que foram feitas por Cindy Carvalho (Rede), candidata a vice na chapa de Técio Nunes (Psol)Em entrevista ao programa O POVO News na manhã desta quinta-feira, 24, o ex-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (União), disse que as acusações de nepotismo cruzado e de inexperiência ao candidato André Fernandes (PL) foram feitas por serem as armas disponíveis na disputa entre os candidatos de direita que buscavam um lugar no segundo turno.
Segundo Wagner, sua campanha previa que apenas uma candidatura de “centro-direita” e outra de “centro-esquerda” iriam ao segundo turno na Capital. Perguntado pelo apresentador Ítalo Coriolano se retirava as críticas feitas no primeiro turno ao antigo adversário, e agora aliado, ele comparou a disputa eleitoral a um jogo de futebol em que cada candidato quer chegar no segundo turno.
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“A gente tinha o entendimento muito forte que passaria uma candidatura de centro-direita e uma candidatura de centro-esquerda, é natural que a gente tenha um alinhamento com o André Fernandes no segundo turno. Inclusive já dizia na pré-campanha que seria natural que Eduardo Girão, que eu e o André estivéssemos juntos”, disse. .
Apesar do apoio ao candidato do PL, o ex-deputado disse que não retira as críticas, mas "lavou as mãos" ao afirmar que apenas mostrou acusações que foram feitas por outra candidatura.
“Em nenhum momento eu retirei as críticas que eu tenha feito no primeiro turno. Lógico que como eu tenho dito, em uma eleição acirrada como está sendo a de Fortaleza, até faço uma comparação com jogo de futebol, quem quer passar pra fase seguinte tem que usar as armas que tem”, disse o político na entrevista
Wagner se defendeu dizendo que as críticas foram feitas inicialmente por Cindy Carvalho (Rede), que foi candidata a vice na chapa de Técio Nunes (Psol). “Quem fez a acusação foi a vice do candidato Técio, e ele (André) está sendo investigada pelo Ministério Público, eu mostrei o que tinha sido apontado pela candidata Cindy e quem está apurando é o Ministério Público, e que o MP faça a parte dele, assim como há acusações contra o Evandro e cada um é responsável por fazer sua defesa”, se defendeu o ex-candidato.
Apesar do apoio, Wagner disse que esperava que ele próprio estivesse no segundo turno, mas que entre as candidaturas que estão disputando agora, o melhor projeto, segundo ele, é do candidato do PL. “Esperava que fosse eu o candidato, infelizmente não foi. E a gente entende que entre os dois projetos, o melhor projeto é o projeto do André Fernandes”.
Ela ainda criticou o PT por "difamação" contra André Fernandes. Uma situação já prevista pelo ex-candidato do União Brasil. “A gente tem visto o que eu já dizia lá atrás, que o PT iria utilizar todas as ferramentas de difamação, de uso de artifícios, para tentar chegar a vitória” concluiu o candidato.
Perguntado se considerava André um candidato despreparado para comandar Fortaleza, Wagner preferiu classificá-lo com "inexperiente" e que, por isso, o candidato do PL o procurou após o primeiro turno, além de ligar para o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e para o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) em busca de apoio.
"Teve a humildade de nos procurar, teve a humildade de procurar Roberto Cláudio, de ligar pra Tasso Jereissati, e diversas outras lideranças reconhecendo, justamente, a necessidade de ter pessoas mais experientes o acompanhando não só no segundo turno, mas principalmente a partir de janeiro para que ele possa fazer uma gestão exitosa na cidade", disse ele.
Quanto aos próximos passos na sua carreira politica, Wagner disse ser cedo para falar sobre o futuro, mas admitiu que tem o sonho pessoal de ser governador do Estado do Ceará.
Entenda as denúncias
As denúncias contra André Fernandes destacam que, entre 2019 e 2021, o então deputado estadual empregou no seu gabinete o cunhado Edilânio, casado com Cínthia Fernandes, sua irmã, além do tio Bruno, casado com Ruth Fernandes, tia do candidato.
Em março de 2021, ambos os parentes informaram ao MP que não trabalhavam mais no gabinete, e que o prosseguimento da investigação não era necessário. Entretanto, o promotor Ricardo de Lima Rocha, responsável pelo caso, não se convenceu e deu entrada com ação civil pública em 29 de abril de 2021.
Em agosto do mesmo ano, o processo foi encerrado com a homologação de um acordo. Ambos os parentes tiveram que pagar multa referente ao último salário que receberam. Já André Fernandes foi multado em R$ 1.000 e teve a acusação por improbidade administrativa encerrada.
O cunhado e tio de Fernandes ocupavam, em 2020, cargos com salários de R$13.808 e R$ 9.900 respectivamente. Segundo o processo, Edilanio devolveu aos cofres públicos R$ 8 mil reais e o tio Bruno R$ 4.713,97.
Há uma semana, o site Intecept Brasil publicou uma reportagem em que acusa o candidato de burlar a lei e fazer o chamado "nepotismo cruzado", quando parentes são empregados por gabinetes de outros parlamentares na tentativa de driblar as regras impostas pela lei.
Desde 2019, quando foi eleito pela primeira vez, Fernandes empregou cinco parentes em gabinetes. Além dos dois já citados, outros três no gabinete de aliados: Marilene de Moura Fernandes, mãe do político, sua esposa Luana Alves de Carvalho, e irmã Cínthia Fernandes. Foi essa a denúncia que Capitão Wagner trouxe à tona durante a campanha.
A Lei 14.230/2021 diz que o nepotismo é um ato de improbidade administrativa. A Constituição também prevê que seja respeitado o princípio da impessoalidade, moralidade e igualdade. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem jurisprudência sobre a questão. O Executivo federal também tem regras, bem como alguns estados.
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