André x Evandro: quem os ex-prefeitos de Fortaleza apoiam neste 2° turno?
Desde a redemocratização, a capital cearense tem cinco prefeitos ainda vivos. Neste segundo turno, alguns apoiam André, outros Evandro e tem posição até mesmo de não votarFortaleza terá no próximo domingo, 27, a definição do 50° prefeito da capital cearense que administrará a cidade a partir de 2025 até 2028. O pleito promete ser apertado voto a voto e definido nos últimos momentos.
Desde a definição dos postulantes ao segundo turno, em que concorrem André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), declarações de apoios para ambos os candidatos foram momentos marcantes na campanha e podem ter um peso definitivo que embola ainda mais a disputa. Cinco ex-mandários de Fortaleza estão vivos e, alguns deles, tem participado ativamente das campanhas. O placar ficou empatado entre André e Evandro.
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O POVO separou o posicionamento de todos os ex-prefeitos desde a volta das eleições diretas.
Maria Luiza Fontenele
Em 1985, a população de Fortaleza voltou a eleger o seu prefeito, no caso prefeita, após 21 anos sob o regime da Ditadura Militar no país. Na ocasião, foi eleita Maria Luiza Fontenele pelo PT, sendo a primeira mulher a chegar ao cargo em uma capital no Brasil, em uma votação considera como surpreendente.
Mesmo após o fim de seu mandato, Maria se manteve ativa e atuante até os dias atuais com o grupo Crítica Radical que propaga a ruptura com a política e com as práticas de partidos e entidades que querem administrar o sistema.O grupo prega a construção de um novo movimento social com a perspectiva emancipatória. Portanto, os membros não votam.
"O nosso esforço tá em conscientizar, não é que nós não vamos conscientizar, é o nosso esforço junto a professores principalmente, a estudantes, junto de pessoas que conosco participaram das lutas sindicais no sentido de perceber que esse caminho aí não leva a solução nenhuma, a gente tem que criar uma alternativa para a humanidade e o planeta. Se não, o que vem é cada vez mais barbárie, cada vez mais destruição ambiental e humana", contou Maria Luiza ao O POVO.
Ela afirma que o fascismo que se apresenta no mundo seria o "resultado de um sistema no qual a população está sujeitada". Portanto, ela disse ter o desejo de uma sociedade com um novo tipo pois seria igenuidade acreditar que "quem está no poder vai transformar o poder". Embora não vote, Maria criticou André Fernandes e se colocou contra o candidato.
"Lógico que não é desejo que ele (André) ganhe em hipótese alguma. Não tô me manifestando a favor desse ou aquele candidato, tô me expressando que se, em 1995, nós já colocamos essa questão da violência contra a mulher e contra o machismo, então jamais poderia existir em mim qualquer possibilidade de encantamento com esse jovem", afirmou.
Ciro Gomes
Ciro Gomes foi eleito pelo então PMDB, sucedendo Maira Luiza. Em votação apertada, o jovem político passou apenas 15 meses como prefeito de Fortaleza, pois renunciou ao cargo para concorrer a governador do Ceará, e foi eleito.
Hoje no PDT, Ciro é aliado do atual prefeito José Sarto, que ficou em terceiro e se tornou o primeiro a não se reeleger na Capital. Até o momento, o ex-presidenciável não declarou publicamente quem apoia, mas as movimentações de bastidores apontou que ele esteja com André Fernandes.
Segundo fontes confidenciaram ao O POVO, Ciro tem se alinhado ao candidato aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para derrotar o PT, mas sua função tem sido de articulações e atacar o partido adversário. Uma declaração aberta de Ciro é vista com "alta chance" de acontecer, conforma avaliação de aliados.
Ciro chegou, inclusive, a comentar em uma postagem da Juventude Socialista do PDT, que criticou a adesão de membros do partido ao candidato do PL, chegando a dizer que o "pior cenário" em Fortaleza seria que o PT vencer, o que chamou de "premiação do maior esquema de corrupção da história do Ceará".
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Antônio Cambraia
Após a renuncia de Ciro, quem assumiu a Prefeitura de Fortaleza foi Juraci Magalhães, que retornou ao cargo em 1997 sendo reeleito, mas que faleceu em 2009. Sucedendo Juraci em seu primeiro mandato, foi eleito, em 1992, Antônio Cambraia também pelo PMDB.
Distante da política após ocupar cargos em secretarias e de deputado federal, Cambraia manifestou o seu apoio a Evandro Leitão por meio de nota assinada por profissionais da área de Finanças Públicas e Governança Fiscal.
Além do ex-prefeito, a carta é assinada por outros seis secretários de Finanças de Fortaleza, como o deputado federal Mauro Filho (PDT).
“Nesse sentido, nós, ex-secretários de Finanças desta Capital, reconhecemos a importância de um prefeito com a capacidade política e administrativa de Evandro Leitão, e por isso declaramos apoio a sua candidatura. Fortaleza se destaca pela capacidade de governança fiscal interfederativa, e Evandro Leitão, ao articular a aprovação da Lei Complementar 180/2018, denominada “Ceará um Só”, demonstrou habilidade em promover cooperação e integração, fatores essenciais para uma gestão eficiente das cidades”, diz o texto.
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Luizianne Lins
Segunda mulher eleita prefeita de Fortaleza, assumindo após o último mandato de Juraci, a deputada federal Luizianne Lins (PT) esteve ausente durante todo o primeiro turno nas eleições para prefeito de Fortaleza. Ela subiu no palanque de Evandro pela primeira vez em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já na campanha do segundo turno.
"Conversei com o Evandro informando que estaria no segundo turno da campanha e que iria participar hoje do Comício do Lula", disse a ex-prefeita ao O POVO. "Pelo perigo de um fascista despreparado poder governar a nossa cidade”, completou.
"Engolir o trauma que foi a eleição interna do PT e deixar para tratar isto depois das eleições nas instâncias partidárias", declarou.
Tal ausência se deu após críticas por parte dela em relação ao processo interno do PT que definiu Evandro, a preterindo. Apesar da presença no evento mencionado, a petista não apareceu mais com manifestações favoráveis a Leitão e nem pedindo votos.
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Roberto Cláudio
Após oito anos de Luizianne Lins, Roberto Cláudio (PDT) se elegeu também por dois mandatos com uma ampla aliança a nível estadual. Ele foi um dos principais aliados e defensores da gestão do atual prefeito José Sarto (PDT) e manifestou-se declarando "voto útil" em André Fernandes.
Em uma carta divulgada, RC teceu duras críticas ao PT e a gestão de Luizianne, bem como a atual do governador Elmano de Freitas (PT). O ex-prefeito afirmou que a vitória da sigla petista seria a "certeza de uma fórmula que já deu errado".
Roberto Cláudio participou de propagandas eleitorais e atos de campanha com André, destacando a "juventude" e "renovação".
"Conversamos eu e André algumas vezes e senti no André alguns sentimentos importantes. Não é só ser jovem. Encontrei também uma pessoa humilde, interessada em ouvir, interessada em aprender, interessada em construir um projeto para a cidade de Fortaleza", disse.
A manifestação causou grande movimentação com repercussões, uma vez que André apresentou diversas propostas para desfazer marcas das gestões de RC. Ambos também já trocaram duras críticas e ataques um contra o outro.