Qual o peso dos apoios no 2º turno a André e Evandro? Eles fazem diferença? Entenda

Cientistas políticos analisam a influência dos apoios na decisão do voto dos eleitores fortalezenses

Desde que se iniciou o segundo turno em Fortaleza, começou a corrida de André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) por apoios políticos de antigos concorrentes e manter aliados do primeiro turno.

Mas será que esses apoios têm realmente peso na hora de o eleitor definir o voto? Farão a diferença em uma eleição tão concorrida? O POVO ouviu especialistas sobre o assunto em busca de respostas.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Apoios políticos fazem diferença?

Para o cientista político Alexandre Landim, os apoios declarados têm a função de trazer um respaldo simbólico no campo político, mais do que qualquer tipo de tradução de votos. "O eleitor, na verdade, não está preocupado se o candidato está sendo apoiado por esse ou aquele político. No segundo turno, o eleitor é livre para expressar sua opinião e sua decisão nas urnas. Esses apoios têm um simbolismo importante já que mostram a viabilidade política da candidatura, mas não necessariamente se traduzem em votos", argumenta.

Para Landim, a afinidade ideológica pode pesar mais na hora da escolha de quem votar no segundo turno. "O que é mais importante de que os apoios declarados é olharmos para a afinidade ideológica de determinado candidato e os eleitores de Leitão e Fernandes. O que a gente pode perceber, dado o resultado do 1º turno, é que há uma tendência daqueles que votaram no Sarto em escolherem o candidato Leitão, isso por uma afinidade ideológica, não por apoio. Também podemos supor que os eleitores do Capitão Wagner têm uma tendência, por afinidade ideológica, de escolherem o André Fernandes", conclui.

Fala para seus eleitores

A também cientista política Paula Vieira, do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que há importância de candidatos a cargos eletivos apoiando uma candidatura majoritária. "Vereadores tento aderido tem um peso político, porque se tornam parte da campanha. Se pensarmos que um vereador desses teve 10 mil votos, ele está falando para 10 mil que dão apoio a ele para quem ele apoia e em quem confia", argumenta.

Paula acredita ainda que apoios de partidos políticos, como de PSD e PSB, com ótimo desempenho na conquista de prefeituras do Interior, podem ajudar na campanha. "O que a gente vê é um segundo turno muito competitivo, pelos capitais políticos agregados desses apoios e por cada maneira de fazer campanha, comunicação e pelas estratégias de cada candidatura", conclui.

Reflexão do eleitor

Para o cientista político do Lepem e colunista de O POVO, Cleyton Monte, é importante atentarmos para a política de nomes. "O PDT, por exemplo, tem nomes importantes apoiando os dois candidatos, demonstrando que os nomes dizem mais que as instituições. E nesse momento, as pessoas que acompanham as duas campanhas vão analisar o peso de cada nome. É uma disputa de voto difícil, mas que pode ser responsável por elevar o nível da campanha, diferenciando do que ocorreu no primeiro turno, quando não se discutiam programas e propostas de governo", analisa.

Transferência não é imediata

Cleyton acredita que apoio não significa migração de votos. "Se um candidato anuncia um apoio a uma candidatura, isso não quer dizer que os eleitores deles migrarão majoritariamente para um candidato. Porque os eleitores fazem uma reflexão, eles têm ligação com aquele candidato e, ele não indo para um segundo turno, eles fazem uma nova análise, aí serão levados em consideração outros fatores, como a questão do voto útil, ligação com aquele candidato, possibilidade de derrubar um outro, vários fatores entram nessa lógica", argumenta.

Tem como dizer quem sai na frente?

Monte avalia ainda que, até aqui, André conseguiu mais apoios, como maioria da bancada do PDT da Câmara Municipal (CMFor), o apoio do União Brasil e do Capitão Wagner, que tiveram votação significativa. Por sua vez, o Evandro também tem apoios de deputados estaduais, de deputados federais, de vereadores, suplentes. "Não tem como a gente dizer quem sai na frente, porque isso vai depender de uma série de fatores: como é que esses eleitores vão ver", adverte.

O fator Roberto Claudio

Os cientistas políticos tratam especificamente da importância de um apoio como o do ex-prefeito Roberto Claudio (PDT), que recentemente declarou voto e aderiu à campanha de André Fernandes.

"A importância de ter RC como apoiador é porque ele vem de gestões bem avaliadas - e que o André se opôs - mas, nesse momento, tenta angariar esse capital político. Não sei se isso vai de fato se refletir em votos, porque já existe uma contra-campanha, mostrando como o RC sai de uma linha de atuação política do PDT para apoiar um candidato de direita. Isso pode causar uma divergência, um apoio que apareceu até em horário eleitoral, dizendo que vai ajudar com sua experiência de gestão", explica Paula Vieira.

Cleyton Monte lê um cenário que o eleitor do Roberto Claudio ficou dividido. "Pelo que eu acompanhei nas redes sociais, nem todo mundo ficou satisfeito com o voto do Roberto no André Fernandes, até pela trajetória do Roberto, pelas bandeiras, pela relação com o PT cearense. Então será que essa influência do Roberto vai realmente fazer diferença?", questiona.

E segue: "Claro que o apoio é importante, anunciar significa uma ideia de força, porque no segundo turno tem também essa disputa, de quem tem mais força, de quem apresenta mais aliados, o jogo é nesse sentido. Há que se ver, e aí as próximas pesquisas devem começar a mostrar isso, para onde vão principalmente os eleitores de Sarto e Wagner", conclui.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

André Fernandes Evandro Leitão PT PL

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar