Entenda por que Bolsonaro pouco aparece na campanha de André Fernandes
Se Lula está constantemente na campanha de Evandro, Bolsonaro aparece menos na campanha de AndréO segundo turno das eleições em Fortaleza coloca candidaturas dos partidos das duas maiores forças políticas brasileiras da atualidade. De um lado, André Fernandes do Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro. Do outro, Evandro Leitão do Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Se Lula está quase que diariamente no programa eleitoral e nas inserções de Evandro ao longo da programação de rádio e TV, a presença de Bolsonaro na campanha de André é bem mais discreta. Leitão tem batido muito na tecla que André é igual a Bolsonaro, na tentativa de atrelar o adversário à rejeição do ex-presidente em Fortaleza. Mas estaria André escondendo o grande aliado político?
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Para Cleyton Monte, cientista politico do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e colunista de O POVO, Bolsonaro está menos presente na campanha do candidato do PL por não ser necessário. "O André Fernandes surge na política dentro do bolsonarismo e faz a carreira dele ligada ao bolsonarismo. Quem vota nele, sabe que ele é bolsonarista, essa relação já é direta e interligada", explica.
Segundo a cientista política Paula Vieira, também do Lepem, para contrapor às críticas que faz ao adversário, de que Leitão só fala dos padrinhos políticos, cabe a Fernandes não ficar falando tanto da presença de Bolsonaro. "Quando o André quer se apresentar como antissistema, o modo de ele fazer isso é atacando todo o grupo do PT, e para ele poder se destacar em relação a essa argumento, ele não traz tanto a presença do Bolsonaro. Veja, ele não nega ser apoiador do Bolsonaro, ele só não traz para a campanha, pelo menos ainda", explica.
Rejeição atrapalha
Para Cleyton, porém, a rejeição do ex-presidente pode, sim, ser um fator para a diminuição de exposição na campanha. "Talvez ele não explore mais porque em um segundo turno, principalmente em uma eleição com esse formato, disputada por duas forças políticas antagônicas, um duelo de rejeições, e o André Fernandes sabe que a rejeição do ex-presidente Bolsonaro é elevada em Fortaleza, o que dificultaria uma aproximação de um centro político, nesse sentido", conclui.
Para Adriana Alcântara, doutora em Politicas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e especialista em Direito e Processo Eleitoral pela Unifor, o desgaste da imagem de Bolsonaro em Fortaleza não necessariamente será vinculado a Fernandes. "Eu tenho visto muitos adesivos em carros com as fotos de André Fernandes e Bolsonaro. O candidato do PL recebeu o apoio de Bolsonaro de modo induvidoso, mas é importante lembrar que há um desgaste na figura do ex-presidente que não pode ser vinculada à figura de André", explica.
Ela afirma que a campanha de André deverá buscar um equilíbrio no uso da imagem do ex-presidente. "O apoio deve ser, imageticamente falando, na medida certa, para que ele consiga manter esta propaganda de independência e de marcação de diferença. Foi assim no primeiro turno e deverá ser dosada na campanha para o segundo turno", conclui.