O que pensam e querem as candidaturas mais à direita em Fortaleza
A partir dos planos de governo e de discursos é possível projetar seus posicionamento dentro do espectro político e para o pleito que se avizinha
15:24 | Out. 05, 2024
No campo da direita, três candidaturas a prefeito aparecem no horizonte da Capital em 2024. O PL, com o deputado federal André Fernandes; o União Brasil, com o ex-deputado Capitão Wagner; e o Novo, com o senador Eduardo Girão. Em eleições recentes, a direita saiu junta desde o início, em torno de uma candidatura, mas neste ano adotou outra postura e fragmentou-se, colocando à disposição do eleitorado três opções já no primeiro turno.
Embora estejam num campo com ideologia similar, a partir de princípios conservadores, os candidatos têm suas particularidades e apresentam projetos distintos. A partir dos planos de governo e de discursos recentes, é possível projetar seus posicionamento dentro do espectro político e para o pleito que se avizinha.
Sob a ótica da atuação ideológica já é possível cravar certas distinções. André Fernandes é o representante do bolsonarismo, movimento ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem ele atrela sua imagem na busca pela captação de eleitores mais à direita. Prova disso é que o primeiro grande ato de campanha do candidato será com Bolsonaro, em Fortaleza, no próximo dia 17. Fernandes sempre exaltou-se como um bolsonarista “puro-sangue”, ao passo em que faz críticas à relação de outros nomes da direita local com o ex-presidente.
Capitão Wagner, por outro lado, tenta se descolar da imagem de padrinhos políticos. Embora já tenha dividido palanque com Bolsonaro e com lideranças do PL em eleições recentes, Wagner tem deixado a questão em segundo plano e, por isso, é criticado por alas mais radicais da direita como alguém que “não representa” o segmento verdadeiramente. Apesar disso, é o nome com maior recall, indo para a sua quarta eleição para o Executivo, sendo três delas na disputa pela Prefeitura (2016-2020-2024) e uma para o governo (2022).
No meio conservador aparece também o senador Eduardo Girão, que se coloca como um nome com “independência” — como ele próprio gosta de ressaltar. Apesar disso, o candidato teve atuação próxima a pautas da gestão Bolsonaro nos anos em que Jair ocupou a presidência e acabou sendo atrelado à gestão, embora justifique que havia alinhamentos pontuais em pautas de interesse coletivo do segmento que representa.
Os candidatos da direita apresentam propostas e eixos distintos de atuação. André destaca, em seu plano de governo, três eixos programáticos que envolvem questões de desenvolvimento social; desenvolvimento urbano e ambiental e desenvolvimento econômico. O documento não detalha as questões, pois argumenta que será um plano participativo e construído com a população durante o período eleitoral.
Além disso, o candidato destaca a intenção de promover uma reforma administrativa significativa, propondo reduzir de 49 para 27 o que considera “grandes estruturas administradas pela prefeitura”. Na conta estão secretarias, órgãos de administração direta e indireta e regionais. A ideia é diminuir custos para possibilitar investimentos. “Esse processo visa, além da redução de gastos do dinheiro do contribuinte, ao aumento da eficiência pública e transparência com o cidadão que paga seus impostos”, destaca Fernandes.
Wagner, por outro lado, destaca ser mais maduro que os demais nomes que postulam o cargo. “Quero ir além de questões ideológicas, porque chegou o momento de termos uma mudança, para todos, e acima de questões partidárias e sem radicalismos e destemperos”.
Ao O POVO, o candidato argumentou que sua trajetória o cacifa como “único que reúne experiência em gestão” nas áreas de saúde, segurança e educação. “Adquiri uma experiência na área da saúde pública, um dos maiores gargalos de gestão. Também tenho experiência naquele que é o principal problema hoje de Fortaleza, que é a segurança pública. Sou professor e sei as dificuldades que os professores enfrentam dentro da sala”.
Sobre a questão ideológica, Wagner diz não representar uma ideologia, mas sim o desejo de renovação. “Nós temos os nossos princípios e valores e isso nos norteia em tudo na vida, mas na hora de gerir uma cidade, precisamos ter a consciência que, independente de ideologia, Fortaleza precisa ser gerida por alguém que entende de pessoas, e tenha empatia e compromisso. Vou fazer uma gestão para todas as pessoas”, reforça.
O senador Girão traz uma série de compromissos em seu plano de gestão, prometendo enxugar a máquina a partir de ações que proporcionem: “Menos governo, menos impostos e melhores serviços públicos”. Além disso, destaca a pauta da segurança com estratégia de alta tecnologia e inteligência, com propostas de aquisição de helicóptero pela prefeitura e de um programa de ronda ostensiva com drones para auxiliar a atuação da Guarda Municipal.
Além disso, propõe uma redução pela metade do número de secretarias, que contabiliza como em torno de 30 atualmente. Outras propostas envolvem a criação de um cemitério de Pets na Capital e a implementação de escolas cívico-militares e outras ações na educação.
O candidato destaca que a ideia é garantir “professor com disposição para ensinar sem doutrinação política, sendo valorizado e capacitado, e alunos motivados. Pautas de costume como a “defesa da família, da vida, da ética e liberdade” também têm destaque no plano de governo, além de promover parcerias com igrejas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e setor privado.